Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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VIOLÊNCIA CONTRA AUTONOMIA DO IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR: UM RELADO DE EXPERIÊNCIA VINCULADO AO PET-SAÚDE
Gracielle Pampolim, Vanezia Gonçalves da Silva, Luciana Carrupt Machado Sogame

Última alteração: 2015-10-22

Resumo


INTRODUÇÃO: Torna-se cada vez mais evidente que idosos que apresentam convívio social e familiar efetivo, não apenas integrando, mas participando ativamente destes, conseguem aperfeiçoar sua longevidade, recuperar-se de agravos à saúde e manter por mais tempo sua capacidade funcional e autonomia frente à própria vida. Porém, mesmo nas situações em que o idoso não é o mentor desse suporte, é importante que se fortaleça neste a consciência de sua própria autonomia. OBJETIVO: Descrever a experiência da pesquisadora em situações de violência contra a autonomia do idoso vivenciadas a partir de visitas domiciliares vinculadas ao PET-Saúde. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: O PET-Saúde EMESCAM, teve como foco de estudo a população idosa, em especial os idosos restritos ao lar. Em paralelo com a prática da integração ensino-serviço-comunidade, foi realizado uma pesquisa com idosos restritos através de questionários e escalas com o objetivo de identificar o perfil sócio demográfico e de saúde dessa população. Dentre os questionários, haviam os que avaliavam a funcionalidade do idoso na realização das atividades básicas de vida diária, e através da aplicação destes, foi observado que 52% dos idosos, considerados restritos ao lar, apresentavam, na realidade, capacidade funcional preservada. E dentre os classificados com algum grau de dependência, 45% apresentavam pequeno grau de dependência, o que nos levou a conjecturar sobre a razão da restrição ao domicilio, visto que funcionalmente a maioria dos idosos estão aptos para o convívio em sociedade. Coincidindo com a realidade apresentada pelos dados quantitativos, em diversos momentos durante a realização da pesquisa, quando questionados sobre a realização de tarefas como vestir-se, tomar banho, transferir-se, e outras, os relatos dos idosos foram similares a: “eu até consigo fazer, mas meu ‘familiar/cuidador’ não permite, por isso eu não faço”. Ao serem questionados sobre a razão desse impedimento, os  relatos dos familiares/cuidadores, por vezes, confirmaram a queixa do idoso, e variaram entre “ele demora demais e eu prefiro fazer” e “eu prefiro fazer do que correr o risco de que ele faça e sofra algum acidente”. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As experiências vividas retratam a destituição da autonomia do idoso por parte da família, que ao tentar proteger e cuidar, acabam por infantilizar aquele indivíduo, que neste momento de transformações tão significativas em sua vida, necessita ser e sentir-se ator de seus próprios cuidados, e responsável por suas próprias escolhas e ações.  Logicamente, o envelhecimento não representa uma transição fácil também para o cuidador, especialmente aquele familiar que observa o lento declínio das funções de seu congênere, entretanto, é necessário que este e todos que rodeiam este idoso o tratem como um ser autônomo, sendo necessária a destituição da premente tendência de infantilizá-lo e/ou torna-lo dependente. Dessa forma, conjectura-se sobre o papel da Estratégia Saúde da Família (ESF) neste contexto, visto que, baseando-se na perspectiva de promoção de saúde e prevenção de doenças – princípio norteador das ações da ESF – esta, transforma-se em um importante instrumento para manutenção da independência e autonomia almejada à esse idoso.

Palavras-chave


Idoso; Violência; Autonomia; PET-Saúde