Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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ESTRATÉGIAS PARA O FORTALECIMENTO DA LITERACIA PARA A SAÚDE: A EXPERIENCIA COM PROGRAMAS DE RÁDIO E VÍDEOS EDUCATIVOS
Cláudia Helena Julião, Aline Fernandes Bessa, Marta Regina Farinelli, Rosane Aparecida de Sousa Martins, Luis Saboga-Nunes, Priscila Maitara Avelino Ribeiro

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


APRESENTAÇÃO: O presente trabalho propõe-se a refletir acerca de uma experiência realizada por meio de um projeto de pesquisa em interface com a extensão, abordando a temática sobre o uso de tecnologias de informação e comunicação em saúde como estratégias para fomentar a literacia para a saúde dos cidadãos. O referido projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - FAPEMIG e desenvolvido por docentes e discentes do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM, buscou conhecer a política de saúde em Uberaba-MG; identificar as demandas e necessidades da população no âmbito da rede de atenção à saúde no município e promover ações com enfoque na promoção e efetivação do direito à saúde, por meio do uso das tecnologias de informação e comunicação em saúde no contexto do Sistema Único de Saúde - SUS. Tal projeto teve como fundamento os princípios da universalidade, da equidade e da integralidade da atenção à saúde, consagrados pelo SUS. Isto porque a implementação do SUS, seus princípios e diretrizes têm provocado cada vez mais reflexões críticas acerca das relações entre o direito à saúde por toda a população e a responsabilidade do Estado em atender as demandas e ainda o contexto sociopolítico e econômico para subsidiar financeiramente as políticas de saúde. Ao aprofundar estudos referentes à política pública de saúde, reconhece-se que barreiras, de ordem jurídica, econômica e social, se apresentam entre os serviços de saúde e a população, dificultando e/ou impedindo a concretização dos princípios do SUS e do próprio direito à saúde. Dentre tais barreiras destaca-se o acesso às informações e a comunicação entre os usuários, os profissionais e os gestores dos serviços de saúde. Transpor essas dificuldades é um dos desafios enfrentados cotidianamente por todos que almejam a materialização do acesso universal e igualitário à saúde. Tendo em vista que a mídia possui um papel relevante na ampliação do acesso à informação entre os trabalhadores da saúde, gestores e usuários dos serviços de saúde, ações e esforços são empreendidos no âmbito das mídias e mídias sociais com a utilização de tecnologias de informação e comunicação. Nesta perspectiva, reconhece-se que os princípios e diretrizes do SUS com o uso de tais tecnologias fomentam contornos democráticos na construção de relações mais horizontais entre os atores que produzem saúde. Assim, o projeto “Comunicação, Educação e Mobilização Social na área da saúde no município de Uberaba-MG: conhecendo recursos e efetivando direitos” realizou entre suas atividades programas de rádio e vídeos educativos sobre os serviços oferecidos pelo SUS na atenção básica, média e de alta complexidade. As ações desenvolvidas ampliaram o acesso da população usuária da política de saúde a tais serviços e à informação acerca dos direitos sociais, com vistas a fortalecer, expandir os níveis de literacia para a saúde da população uberabense e facilitar a consolidação dos princípios, diretrizes e ações propostas pelo SUS. Neste trabalho, identifica-se a literacia para a saúde como a habilidade desenvolvida pelas pessoas para compreender e se apropriar das informações acerca de sua saúde de modo que cada indivíduo possa utilizar os serviços de assistência à saúde, e tenha a capacidade para cuidar de sua saúde, no sentido de mantê-la, bem como de prevenir doenças. Desenvolvimento: Inicialmente realizou-se levantamento bibliográfico, revisão de literatura em artigos científicos, livros e pesquisa na internet, que embasou a construção dos roteiros escritos para os programas de rádio. Foram selecionadas algumas temáticas, tendo como foco a Política Nacional de Saúde, a Política Nacional de Humanização e o Pacto pela Saúde.  Paralelo às pesquisas bibliográficas, os integrantes do projeto buscaram conhecer a rotina de serviços disponíveis no município, visitando e conhecendo diversos setores da saúde local para que houvesse ainda mais propriedade na construção dos programas. A partir dos estudos realizados, foram escritos os roteiros para os programas, sendo os mesmos estruturados e cronometrados, a fim de corrigir eventuais erros e possibilitar uma maior fluência. Posteriormente, ocorreu a gravação dos programas na Rádio Universitária, vinculada à Universidade Federal do Triângulo Mineiro, responsável também pela veiculação dos mesmos. Para a produção dos vídeos, também se realizou estudos sobre a temática principal e posterior definição dos temas de cada vídeo.  Para tanto, foi desenvolvida uma oficina, visando preparar os discentes/extensionistas para a utilização de ferramentas web 2.0 para a produção de vídeos, movimentos de câmera, representação, remix de áudio, filmagem e edição. Em seguida, elaboraram-se os roteiros e realizou-se a gravação dos vídeos, protagonizados pelos integrantes do projeto. Os vídeos foram editados e deverão ser veiculados nos serviços de saúde do município e outros espaços. RESULTADOS: Foram desenvolvidos 30 programas de rádio que abordaram temas relevantes às políticas de saúde com destaque para: princípios, diretrizes, competências e serviços oferecidos pelo SUS, utilizando-se de linguagem clara e objetiva, com vistas a favorecer a comunicação. Esta prática rompe com os modelos hegemônicos de comunicação em saúde, em que o detentor do conhecimento é somente a equipe de profissionais. Os 10 vídeos produzidos trataram de temas como: Direito à Saúde, SUS como direito, Universalização, Equidade, Participação Social, Serviços de Saúde na Atenção Básica, Serviço de Saúde Especializado, Urgência e Emergência, Humanização e Efetivação dos Direitos. A divulgação dos programas de rádio e dos vídeos elaborados possibilitou o acesso da população às informações sobre os princípios, diretrizes e serviços do SUS, reflexão acerca da política de saúde como um direito do cidadão e dever do Estado, a relevância da política de humanização em saúde e a sensibilização dos cidadãos para a importância da participação e mobilização social. A veiculação dos programas de rádio atingiu uma população estimada em 350.000 habitantes de Uberaba e região. Esta estratégia de comunicação e informação contribuiu para ampliar o acesso da população à informação e aos serviços oferecidos pela política de saúde e simultaneamente ampliar o nível de literacia para a saúde da população. As atividades desenvolvidas propiciaram ainda a troca de conhecimentos entre os extensionistas, profissionais da saúde e outros, sendo relevante para a formação do futuro profissional de Serviço Social. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O acesso à informação permite aos cidadãos maior capacidade de reflexão crítica acerca da política de saúde, dos serviços previstos pela legislação e ainda dos direitos que toda a população tem a partir da implantação do SUS. A ampliação da capacidade de análise e interpretação dos cidadãos pode conduzir à reflexão crítica destes usuários acerca de suas necessidades enquanto sujeitos dos serviços de saúde, bem como na apropriação dos conhecimentos acerca do direito à saúde e de acesso à atenção integral à saúde, expandindo o nível de literacia para a saúde da população.

Palavras-chave


Serviço Social; Comunicação em saúde; Literacia para a saúde

Referências


ARAÚJO, Inesita Soares de. Comunicação e Saúde. In: MARTINS, Carla Macedo (Org.) Educação e saúde. Rio de Janeiro: EPSJV / Fiocruz, 2007.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.

BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Lei Orgânica da Saúde. Lei n. 8.080/90 e Lei 8.142/90. Diário Oficial da União, Brasília 1996.

SABOGA-NUNES , Luis. Literacia para a saúde e a conscientização da cidadania positiva.  Referência, III Série – Suplemento 2014, p. 95.