Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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ANGÚSTIAS E MEDOS SOB A PERSPECTIVA DE HEIDEGGER E GADAMER: ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES PARA A ENFERMAGEM – um relato de experiência
MARA JULYETE ARRAES JARDIM, JÉSSICA SÂMIA SILVA TORRES, Yara Naya Lopes de Andrade, Denise do Nascimento Pedrosa, Andressa Arraes Silva

Última alteração: 2016-03-21

Resumo


APRESENTAÇÃO: A busca do em si mesmo das coisas é necessária e o em si mesmo está no Ser que precede à consciência. Por meio da linguagem pode-se compreender a relação interna entre coisas diferentes; nesse sentido, quando se compreende a angústia e os medos, observa-se o potencial para que isso se torne uma doença. A partir deste entendimento, a assistência prestada pelo enfermeiro no enfrentamento dos medos e angústias deve buscar a compreensão do Ser-aí temeroso e fragilizado que enfrenta o desequilíbrio e que tem a possibilidade de angustiar-se. Baseados nesse contexto os autores elaboraram um relato de experiência com o objetivo de, a partir do referencial fenomenológico existencial, refletir sobre angústia e medo vivenciados pelo Ser, assim como algumas contribuições desses sentimentos para a prática de Enfermagem. Descrição da experiência: A pesquisa iniciou-se na própria instituição de ensino, através de leituras e debates sobre algumas produções filosóficas. Foi sugerido o aprofundamento das ideias discutidas e os autores escolhidos pela equipe foram Heidegger e Gadamer. A primeira etapa consistiu na escolha do tema abordado: angústias e medos. A segunda etapa foi a problematização dentro do contexto da enfermagem, visando algumas contribuições dos autores. Após isso, deu-se continuidade às leituras e à elaboração dos resultados encontrados. A pesquisa aconteceu entre os dias 8 e 15 de junho de 2015 e utilizaram-se os descritores: hermenêutica, filosofia em enfermagem e cuidados de enfermagem. RESULTADOS: Observou-se que mais fundante que a consciência é o Ser e o seu sentido; a Fenomenologia é o “método” mais adequado para a busca do sentido do Ser, pois o torna transparente. Notou-se ainda que para esta corrente o Ser não é, mas acontece. O papel desempenhado pelo fenômeno da angústia na obra Ser e Tempo pretende colocá-la como situação fundamental do Ser-aí. Na obra O caráter oculto da saúde, Gadamer, influenciado por Heidegger, reflete uma intrínseca relação entre angústias e os medos, e somente aquele que não está mais em equilíbrio com suas ocupações, pode responder às indagações provenientes dessa relação. Heidegger e Gadamer fazem-nos perceber que a assistência de enfermagem deve levar em consideração as várias dimensões na existência do Ser, lembrando da sua possibilidade de encontrar-se consigo mesmo, podendo assim o Ser decidir sobre suas próprias escolhas para enfrentar a doença ou até mesmo chegar à cura. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A realização desse estudo demonstrou convincentemente que a compreensão não é um modo de comportamento do sujeito, mas uma maneira de ser do Ser-aí. O incômodo por lidar com algo desconhecido aprisiona o indivíduo às angústias e aos medos, os quais podem caracterizar-se como processos de cura, a qual pode ser proporcionada através de um cuidado eficiente que favoreça ao ser humano tornar-se livre para reconhecer e escolher suas próprias possibilidades, vivenciar a sua doença de modo autêntico e reconhecer que é necessário cuidar-se e responsabilizar-se por si. Poder contribuir para o enfrentamento dessas angústias faz do enfermeiro um profissional importante no processo de saúde-doença do Ser, proporcionando respeito, humanização e responsabilidade.

Palavras-chave


hermenêutica; filosofia em enfermagem; cuidados de enfermagem

Referências


GADAMER, H. G. O caráter oculto da saúde. São Paulo: Editora Vozes, 2006.

HEIDEGGER, M. Ser e Tempo. Parte I. Trad. Márcia de Sá Cavalcanti. 5a ed., Petrópolis: Editora Vozes, 1995.

CAMARGO, T. C., SOUZA, I. E. O. Enfermagem à mulher em tratamento quimioterápico: uma análise compreensiva do assistir. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.51, n.3, p. 357-368, jul./set., 1998. Disponível em: <http://www.revistaenfermagem.eean.edu.br/detalhe_artigo.asp?id=1151>. Acesso em: 12 de junho de 2015.