Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Mortalidade materna em Mato Grosso do Sul: perspectivas atuais
Hilda Guimarães Freitas, Luciene Higa Aguiar, Renata Palopoli Picoli

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Razão de Mortalidade Materna é um excelente indicador de saúde e a sua análise revela um grave problema de saúde pública, visto que há décadas estão disponíveis inúmeros meios e conhecimentos necessários para evitar quase que a totalidade de mortes maternas. Este estudo objetivou descrever a Razão de Mortalidade Materna entre mulheres residentes no Estado de Mato Grosso do Sul, bem como as principais variáveis, a classificação das causas de óbito e o percentual de investigação em tempo oportuno. MÉTODOS: Trata-se de estudo epidemiológico, retrospectivo, por meio da consulta de dados colhidos em setembro de 2015 do Módulo de Investigação de Mortalidade Materna do Sistema de Informações de Mortalidade, pela área de Saúde da Mulher da Secretaria de Estado de Saúde, a fim de subsidiar as recomendações do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna e Infantil. A Razão de Mortalidade Materna foi calculada considerando-se o número de óbitos maternos, por 100 mil nascidos vivos, ocorridos em 2013 e 2014. Para investigação de óbitos maternos em tempo oportuno, considera-se o prazo máximo de 120 dias a contar da data de ocorrência do óbito. RESULTADOS: A Razão de Mortalidade Materna foi 52,23/100.000 nascidos vivos e 59,04/100.000 nascidos vivos, respectivamente, em 2013 e 2014. Observou-se nítido predomínio das causas obstétricas diretas de morte materna para os anos de estudo, sendo 15 (93,3%) óbitos em 2013; 24 (96,0%) em 2014, sendo que os transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no puerpério ocupam o primeiro lugar entre as causas de morte, correspondendo 3 (14,2%) e 5 (21,0%), em 2013 e 2014, respectivamente. O tipo de parto manteve-se semelhante para os anos do estudo, em que o número de partos cesáreos (54%) continuou prevalecendo sobre os vaginais. A faixa etária de maior risco é a de mulheres com idade entre 30 a 39 anos, sendo identificado 9 (42,0%) e 10 (40,0%) óbitos. Considerando-se o estado civil desta população, morreram principalmente mulheres solteiras, 8 (38,0%) e 13 (52,0%). Verificou-se maior número de óbitos entre as mulheres com 4 a 7 anos de escolaridade. Em relação à investigação, dos 22 óbitos maternos ocorridos em 2013, 16 (72%) tiveram sua investigação em tempo oportuno, sendo a média do tempo de 92 dias. Já em 2014, dos 26 óbitos, 17  (65,4%) foram em tempo oportuno, com média de 113 dias de investigação. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados apontam que a Razão de Mortalidade Materna é alta quando comparada com os índices do Brasil e Região Centro-Oeste.  Observa-se índices elevados de óbitos de mulheres de menor escolaridade, solteiras e por causas diretas, o que sugere reduzido acesso as ações de saúde de boa qualidade na atenção no pré-natal, parto e puerpério e precárias situações sociais e econômicas, sendo um importante indicador das condições de vida. Destaca-se que nos anos do estudo houve redução do percentual de investigação de óbitos em tempo oportuno, que o pode influenciar na identificação dos fatores determinantes do óbito e a adoção de ações que possam prevenir a ocorrência de óbitos evitáveis.

Palavras-chave


Mortalidade materna; Estatísticas vitais; Causas de morte

Referências


BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim 1/2012: Mortalidade materna no Brasil. 2012.

BRASIL. Rede Interagencial de Informações para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2ª ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2008.