Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM ADOLESCENTES: RELATANDO UMA EXPERIÊNCIA
Ana Karina de Sousa Gadelha, Giovana Grécia Anselmo Viana, Karina Oliveira de Mesquita, Emanoel Avelar Muniz, Cilene Maria Freitas, Geilson Mendes de Paiva, Francisca Lopes de Sousa

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: Os espaços de educação em saúde são estratégias que promovem momentos de reflexão, fornecendo subsídios aos usuários para um processo de transformação de comportamento, exaltando a autonomia dos mesmos na condução de sua vida. Partindo da inquietação de uma equipe de saúde diante de uma realidade que lhe é cotidiana e que diariamente a incita a explorá-la e a transformá-la, foram planejadas ações de educação em saúde para adolescentes com o objetivo de fortalecer vínculos e favorecer um aprendizado diferenciado, na perspectiva de despertar neste público um maior interesse pela cultura, lazer, esporte e aquisição de conhecimentos sobre saúde-doença, possibilitando mudanças de hábitos e consequente estilo de vida saudável. A maior parte da população economicamente ativa do mundo está compreendida na faixa etária juvenil, que também transita por diversos lócus da sociedade, daí a importância de investir cuidados nesse segmento. É importante também ressaltar que a adolescência é um período da vida caracterizado por intensas modificações, tanto físicas quanto psicológicas, influenciadas por fatores socioculturais e familiares, que levam os jovens a vivenciarem situações diversas na transição para a vida adulta. Portanto, o objetivo desse trabalho é descrever a experiência de educação em saúde com os adolescentes do território do Centro de Saúde da Família Herbert de Sousa, do bairro Padre Palhano em Sobral, Ceará. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um estudo de natureza descritiva do tipo relato de experiência realizado no Centro de Saúde da Família do bairro Padre Palhano em Sobral, Ceará, no ano de 2012. Foram realizadas ações de educação em saúde que aconteciam semanalmente, aos sábados, no horário de nove e meia às onze horas. A metodologia dos encontros se concentrou em rodas de conversas com os adolescentes que eram convidados por todos os profissionais da equipe de saúde e construção de painel a partir de conceitos formulados através da chuva de ideias, apresentação de vídeos e filmes. Os momentos eram divulgados cotidianamente, durante o acolhimento, triagem e outros atendimentos do serviço. A programação constava de: acolhida, apresentação da programação do dia, lanche, desenvolvimento da atividade baseada em temáticas sugeridas pelos adolescentes, seleção do adolescente apoiador e multiplicador para o encontro seguinte através de sorteio e encerramento. Na atividade roda de conversa, onde todos tinham a oportunidade de se expressar e eram instigados para tal, havia um direcionamento através do condutor para explorar e esgotar o conteúdo ou temática relacionando a teoria com a prática e, posteriormente, concluir com sugestão de propostas, possíveis de serem realizados pelos adolescentes, com o objetivo de exercitarem a boa prática no meio que convivem. O desenvolvimento das ações permitiu perceber que havia algumas temáticas consideradas pelos adolescentes, como prioritárias e estava sempre na lista de solicitações, tais como: sexualidade, reprodução humana, corpo humano, DST, AIDS, gravidez, doenças comuns em adolescentes, planejamento familiar, álcool e drogas. Habitualmente, os profissionais envolvidos nas ações eram agentes comunitários de saúde, enfermeiros, gerente da Unidade de Saúde, profissionais da Residência Multiprofissional em Saúde da Família e um articulador do bairro vinculado à coordenação do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS). RESULTADOS: A utilização de metodologias ativas nos momentos de educação em saúde proporcionou maior participação e envolvimento dos adolescentes. A roda de conversa, método utilizado para condução das atividades, proporcionou um diálogo mais horizontal e motivador para o grupo, sendo avaliado por este como ideal, comparado a tradicional aula expositiva. A construção de painel através da chuva de ideias também resultou em excelente participação criativa dos adolescentes. Também houve momentos inovadores com utilização de vídeos e filmes para promover debates e problematização das temáticas. Com o objetivo de satisfazer o desejo manifestado pelo grupo, foram realizados dois momentos de lazer, constituídos de piqueniques em um clube, o qual foi cedido por uma instituição privada. Na ocasião foram proporcionadas atividades esportivas, recreação, dança e orientações sobre estilo de vida saudável, desenvolvidas com o apoio dos profissionais de educação física. As atividades de educação em saúde viabilizaram a construção de um grupo de adolescentes, que iniciou com nove participantes, alcançando gradativamente, uma quantidade satisfatória de adesão entre 20 e 30 pessoas, e com o passar dos meses se estabilizou em uma média de quinze integrantes, evidenciando uma boa participação dos adolescentes nos momentos. O vínculo destes jovens com a equipe da unidade de saúde ficou fortalecido, a parceria com os profissionais do CRAS tornou-se mais evidente, haja vista o desenvolvimento de atividades conjuntas. Muitos adolescentes que inicialmente apresentavam-se introvertidos, inibidos e pouco comunicativos, passaram, no decorrer dos encontros a manifestar, espontaneamente, seus depoimentos e vivências a partir das aprendizagens no grupo. A realização desse trabalho com adolescentes promoveu ainda o favorecimento de afeto, confiança e parceria, levando a crer na possibilidade de mudança de atitude e prática de bons hábitos. Pode-se afirmar ainda que uma forma de manter ativo um grupo de adolescentes para atividades de educação em saúde é: motivar os profissionais que as conduzem, demonstrar autonomia ao grupo, favorecer o desenvolvimento do protagonismo juvenil, manter a regularidade dos encontros e adotar a metodologia participativa. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O público adolescente reconhece a fragilidade da atenção à saúde do adolescente, já que a atenção das equipes está sempre mais voltada para ações ligadas aos programas de saúde prioritários, que excluem a atenção ao adolescente. Portanto esse público necessita de ações direcionadas dentro da Estratégia Saúde da Família, e as atividades em grupo são estratégias eficazes para o estabelecimento de vínculo entre os profissionais e essa população, considerando que o vínculo é essencial para o sucesso das ações. Com esta experiência foi possível estabelecer essa relação de vínculo e obter resultados positivos. É válido reconhecer que o envolvimento ativo dos jovens no desenvolvimento de ações de educação em saúde é essencial para implementação de intervenções e/ou programas de saúde não somente assistenciais, mas socialmente relevantes e inclusivos. Assim, o protagonismo juvenil pode ser uma importante estratégia para a transformação da realidade e para a promoção da saúde e qualidade de vida dos sujeitos comunitários. Acreditamos que vale a pena lutar para que os jovens acessem cada vez mais os recursos que lhe permitam lidar com ameaças à saúde na adolescência.

Palavras-chave


Adolescência; Educação em Saúde; Estratégia Saúde da Família