Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E OS REFLEXOS NA QUALIDADE DA ABORDAGEM DOMICILIAR NO PSF
Luis Rogério Cosme Silva Santos, Miquéias Meira Araújo, Carline Silva Dutra, Talita Costa dos Santos, Ivo Gama Santos Ferreira, Patrícia Leão Messias

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Apresentação: Relata-se a experiência da realização de oficina temática que teve como objetivo conhecer as condições de trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e a influência dos fatores ocupacionais na qualidade da abordagem no domicílio. No âmbito do Programa Saúde da Família (PSF) destacam-se, dentre os diversos fatores que interferem na qualidade da abordagem domiciliar, as características do processo e do ambiente de trabalho que modelam as condições gerais de trabalho dos agentes. Tais fatores motivaram a realização da oficina como estratégia político-pedagógica para a superação dos problemas ocupacionais que afetam a qualidade do cuidado promovido pelos ACS junto à população adstrita. Desenvolvimento (método): A oficina temática resultou do projeto de extensão realizado no primeiro semestre de 2015 pelo Instituto Multidisciplinar em Saúde (IMS/UFBA). Buscou-se capacitar os ACS lotados numa Unidade de Saúde da Família (USF), implantada em um município de grande porte da região Sudoeste da Bahia, bem como, melhorar a abordagem domiciliar pelos ACS em suas respectivas microáreas. A oficina constou de três momentos estratégicos: no primeiro, deu-se a descrição das condições de trabalho pelos ACS, mediante dinâmica que possibilitou a construção de uma “teia de problemas”, composta por situações no trabalho que afetam a produção do cuidado; no segundo, deu-se a sistematização dos dados levantados na etapa anterior para análise em grupo; no último, a definição coletiva de estratégias de intervenção sobre os problemas priorizados por ordem de importância atribuída pelo grupo (11 agentes). Resultados: Com base nos relatos, observou-se a alternância das cargas de trabalho, com destaque para as cargas ergonômicas, mecânicas e psíquicas, que afetam a saúde físico/psíquica, e, por consequência, o desempenho dos agentes na jornada diária de trabalho. Aspectos organizacionais do trabalho (como falta de material básico para realizar tarefas, número elevado de famílias, dinâmica territorial) também foram destacados como situações estressoras e potencializadoras de uma abordagem domiciliar inadequada na Atenção Primária à Saúde (APS). Considerações finais: Constatou-se que os fatores de riscos ocupacionais (e suas respectivas cargas) interferem efetivamente na qualidade da produção do cuidado do ACS no domicílio e no cumprimento das metas do PSF. Os trabalhadores se ressentem da inexistência de um planejamento conjunto das ações de saúde no território, que levem em conta os distintos saberes na saúde para a caracterização e intervenções adequadas sobre as condições de trabalho.

Palavras-chave


agentes comunitários de saúde; condições de trabalho; PSF