Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
Hepati-A-kids – Ação Educativa de Enfermagem com Pré-Escolares em uma Escola Municipal de Campo Grande, MS: Um relato de experiência
Nataly Mesquita Cardoso, Andressa Manoella Castro King, Nathan Aratani, Paulo Guilherme Cábia, Christiane Aparecida Rodrigues de Lima, Tais Capilé Ramires

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Hepatite A é tida como um problema de saúde pública, sendo atualmente a principal causa de infecção por hepatite aguda em crianças.  As vias de transmissão do vírus relacionadas à higiene tornam os pré-escolares e crianças um grupo de risco para a contaminação (KREBES et al., 2011; MARKUS et al., 2011).  A demora da introdução da vacina contra a hepatite no Programa Nacional de Imunização apenas em agosto de 2014 facilitou o surgimento de indícios de um surto de Hepatite A, na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no mesmo ano. Entre os meses de janeiro a setembro de 2014, foram notificados 65 casos da doença, sendo que 24 casos corresponderam a faixa etária de 1 aos 9 anos de idade. (SINAN, 2014). O objetivo geral desse trabalho é relatar a experiência do desenvolvimento de uma ação educativa denominada Hepati-A-Kids para pré-Escolares e crianças de 4 a 6 anos de idade na Escola Municipal Domingos Gonçalves Gomes, com a finalidade de utilizar a população alvo como multiplicadores de informações para pais, amigos e familiares para fins preventivos. DESENVOLVIMENTO: A temática da ação foi identificada durante as atividades práticas na Unidade de Saúde Celso Lacerda, e executada no decorrer dos meses de outubro e novembro. A ação foi desenvolvida com três salas de aula, sendo duas pré-1 e uma primeira série com pré-escolares de 4 a 5 anos de idade, e com crianças de 5 a 6 anos de idade, em uma Escola Municipal do município de Campo Grande no dia 27 de novembro de 2014 no período vespertino. Através de meios lúdicos utilizando fantoches, foi apresentada uma história fictícia de um personagem infantil que havia sido contaminado pelo vírus ao ingerir um alimento contaminado não higienizado previamente. O público foi disposto em cadeiras escolares para assistir ao teatro executado pelas acadêmicas, e, em seguida, foram instruídos a ilustrarem de maneira livre o que aprenderam e o que devemos fazer para não contrair a doença, para logo mais haver a confecção de cartazes com as ilustrações. Para o desenvolvimento da ação, houve um primeiro contato com a gerente responsável pela Unidade Básica de Saúde Celso Lacerda para a identificação das necessidades da região, onde foi apontado a necessidade de abordar Hepatite A para a população infantil, pois até então, não havia acontecido a distribuição da vacina contra a doença para o público e os surtos começaram a ocorrer na cidade. Após o levantamento dos dados houve uma conversa prévia com a diretora responsável pela escola sobre a possibilidade do desenvolvimento da atividade educativa. A ação foi dividida em quatro momentos: 1) Apresentação das acadêmicas e dos fantoches com o objetivo da criação de vínculo com os alunos. 2) Teatro com quatro fantoches fantasiando uma situação onde uma criança contrai o vírus por meio da ingestão de uma fruta não lavada. O conteúdo programático envolveu “o que é a doença”, “transmissão”, “sinais e sintomas”, “como evitar”, “tratamento”, “importância da vacina e da lavagem das frutas e das mãos, com o objetivo de aprender sobre a doença. 3) Avaliação do que o público aprendeu sobre a temática. Após o teatro, foram distribuídos dois pedaços de folha sulfite para cada criança expressar da maneira que quisesse o que aprendeu sobre a doença obedecendo dois grupos “o que aprendeu sobre a doença” e “como evitar para não se contaminar”. 4) Fechamento do assunto e finalização da ação. Após a apresentação do teatro e a avaliação sobre o conteúdo abordado, as folhas com as ilustrações foram coladas pelos alunos em papel pardo, que posteriormente ficou exposto na sala de aula. Houve ainda um momento onde os alunos expressavam suas ideias sobre alguns dos assuntos abordados no teatro com fantoches. Destaca-se as afirmações como “o vírus deixa amarelo”, “a maçã suja tinha o vírus” e “a vacina protege da doença”. Para a finalização da ação, foram confeccionados cartões de agradecimento para serem distribuídos aos professores de cada sala colaboradora e embalagens com lembrancinhas diversas para as crianças. IMPACTOS: A atividade desenvolvida contou com a participação 72 alunos no total. Primeiro e segundo momento do planejamento: Percebeu-se o empenho dos alunos e o interesse em participar ativamente do processo da dramatização. As crianças deram nomes aos fantoches, se divertiram e aprenderam com o que lhes foi apresentado. Pode-se destacar algumas frases como as citadas a seguir: “Apresenta de novo o teatro”, “O João ficou amarelo (risos)”, “Temos que lavar as mãos antes de comer os doces”. As frases citadas demonstram que os alunos realmente identificaram-se com a história dos personagens e conseguiram entender todos os conteúdos programáticos que foram repassados durante o decorrer do teatro. No terceiro momento referente à avaliação sobre o que os alunos aprenderam sobre o tema, notou-se o apreço que o público teve para realizar as ilustrações. Houve diversos métodos de expressão, entre eles destacam-se a escrita e as ilustrações. Boa parte do grupo ilustrou imagens deles mesmos lavando as mãos e os alimentos ou sendo imunizados com a vacina. Uns optaram por desenhar o vírus infectando uma criança, e outros ilustraram uma criança ictérica, sinal clássico da hepatite, demonstrando que houve compreensão do tema abordado. Através da demonstração dos resultados constata-se então que o público conseguiu captar boa parte dos conteúdos programáticos abordados e notou-se o empenho dos alunos em demonstrar as graduandas o que aprenderam, porém cabe destacar que os alunos tiveram dificuldade em separar os grupos “o que eu aprendi” e “como não contrair a doença”, logo não é possível identificar qual temática os pré-escolares e escolares tiveram dificuldade para assimilar. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Percebe-se que o público em questão é imprescindível para mudanças no panorama epidemiológico nacional, pois os hábitos de adultos são criados na infância. As avaliações aplicadas demonstraram que o público alvo conseguiu assimilar as categorias consideradas mais importantes cabendo destacar que o item “prevenção” foi o que mais expressou-se nas avaliações. Nota-se a importância de realizar planejamentos diferenciados de acordo com a faixa etária que se pretende atingir e constata-se essa população como multiplicadores de informações devido ao interesse e a capacidade de aprender sobre as temáticas quando retratadas de forma lúdica. A ação de intervenção descrita nesse trabalho serve de subsídios para o desenvolvimento de novos projetos e trabalhos com a finalidade de atingir mudanças futuras em saúde e reverter o cenário atual que é de relevante importância.

Palavras-chave


Hepatite A; enfermagem; pré-escolar; criança

Referências


KREBES, L. S.; RANIERI, T. M. S.; KIELING, C. O.; FERREIRA, C. T.; DA SILVEIRA, T. R. Mudança na sescetibilidade à Hepatite A em crianças e adolescentes na última década. Jornal de Pediatria, Porto alegra, v.87, n.3, mai./jun. 2011;

MARKUS, J. R.; CRUZ, C. R.; MALUF, E. M. C. P.; TAHAN, T. T.; HOFFMANN, M. M. Soroprevalência de Hepatite A em crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria, Porto Alegre, v.87, n.5, set./out. 2011.;

SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO - SINAN. Hepatite A.