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A formação do cirurgião-dentista não favorece o desenvolvimento do vínculo na relação profissional e usuário em profundidade, não construindo ou apresentando métodos a serem incorporados na prática odontológica. Ainda, prevalece na graduação à preocupação com o saber científico sobre a doença, seu diagnóstico e tratamentos, deixando de lado o saber sobre o sujeito que busca ajuda para sua condição de saúde-doença. O presente trabalho, vinculado à pesquisa do Programa de Pós-graduação em Ensino na Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul tem como objetivo compreender o cuidado em saúde, pelo cirurgião-dentista, nos serviços de Atenção Primária à Saúde, do município de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo de caso, realizado por meio de entrevistas individuais semiestruturadas com cirurgiões-dentistas integrantes das equipes de Atenção Primária à Saúde da rede pública, acerca das práticas de cuidado em saúde/saúde bucal. As entrevistas serão transcritas e analisadas de acordo com a Análise de Conteúdo de Bardin (2011). Cada categoria emergente será discutida tendo por base o referencial teórico da Clínica Ampliada e das subjetividades em odontologia (conceito de bucalidade). Espera-se com esse estudo a compreensão de aspectos, no processo de trabalho, de como acontece à relação entre o profissional e a pessoa que acessa o serviço de saúde bucal. Ainda, as perspectivas da interdisciplinaridade e da integralidade do cuidado, e o reconhecimento das atividades realizadas na prática cotidiana, identificando os aspectos que facilitam ou dificultam os processos de cuidado. A Política Nacional de Humanização apresenta a escuta, num primeiro momento, como o significado do acolher toda a queixa ou relato do usuário mesmo quando possa parecer não interessar diretamente para o diagnóstico e tratamento. Em uma consulta odontológica, está em questão não só o procedimento, mas a relação que se estabelece com a pessoa. O profissional precisa estar atento aos sinais que não são sempre falados, como por exemplo, o choro, o medo, a ansiedade. Neste contexto, acredita-se que as tecnologias leves de cuidado passam a ter elevada importância, sendo incorporadas ao fazer saúde.