Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O Acompanhamento Terapêutico na questão do uso de crack: Uma narrativa acerca da potência das Visitas Domiciliares
Ian Orselli Helmholtz

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


O presente artigo visa discorrer sobre a experiência de um estagiário de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e outras drogas III (CAPS-AD) Raul Seixas, localizado no bairro do Engenho de Dentro, Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Mostrou-se como disparador para esta escrita a estratégia das Visitas Domiciliares no Acompanhamento Terapêutico a uma paciente usuária compulsiva de Crack. Neste contexto, evidencia-se como objetivo elucidar algumas questões que se mostraram pertinentes a serem problematizadas. São elas: as dúvidas e inseguranças de um iniciante na clínica; a clínica peripatética das caminhadas e a autonomia no território; o estigma dos "crackeiros" na sociedade higienista; o senso-comum e as recaídas na questão do uso abusivo de crack. Assim, em paralelo com as problematizações anteriormente descritas o artigo se desenvolve com a apresentação do Caso F. - uma mulher de quarenta anos, loira de cabelos pintados com um semblante tranquilo – que segundo ela era efeito dos remédios – e usuária compulsiva de Crack. A metodologia de pesquisa utilizada denomina-se Cartografia. A cartografia é um método proposto por Deleuze e Guattari, utilizado em pesquisas de campo voltadas para o estudo da subjetividade (Kastrup, 2007; Kirst, Giacomel, Ribeiro, Costa, & Andreoli, 2003). Tal método critica uma suposta imparcialidade perante o campo. E ainda, “a cartografia se apresenta como valiosa ferramenta de investigação, exatamente para abarcar a complexidade, zona de indeterminação que a acompanha, colocando problemas, investigando o coletivo de forças em cada situação, esforçando-se para não se curvar aos dogmas reducionistas. Contudo, mais do que procedimentos metodológicos delimitados, a cartografia é um modo de conceber a pesquisa e o encontro do pesquisador com seu campo” (ROMANGNOLI, 2009, p. 169). Entre os efeitos poderíamos destacar o desejo de retornar através da residência e uma substancial mudança no olhar do autor perante as ruas. O acesso a essa população no cotidiano do CAPS-AD III Raul Seixas e através do caso F. transformou a forma do autor enxergar a cidade e os usuários de crack.

Palavras-chave


Crack; Clínica; Acompanhamento Terapêutico

Referências


KASTRUP, V; PASSOS, E. Cartografar é traçar um plano comum. Fractal, Rev. Psicol.,  Rio de Janeiro ,  v. 25, n. 2, p. 263-280, Aug.  2013 .

ROMAGNOLI, R. C. A cartografia e a relação pesquisa e vida. Psicol. Soc.,  Florianópolis ,  v. 21, n. 2, p. 166-173, Aug.  2009 .