Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: A importância da implantação do grupo de gestantes na Equipe de Saúde da Família Mateus III em relação à assistência ao Pré-natal
GISELI BEZERRA DE OLIVEIRA, Flaviane Michelly Tenório de Souza, Tarsila Nery Lima Batista, Vanessa Domingos de Morais

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


OBJETIVO: O presente trabalho tem o objetivo de relatar a experiência vivenciada no grupo de gestante pela Equipe Saúde da Família (ESF) Mateus III, que faz parte da Unidade Integrada Saúde da Família Nova Conquista, situado no bairro Alto do Mateus, município de João Pessoa/PB. DESENVOLVIMENTO: No período de gestação ocorrem diversas mudanças no corpo independe da vontade da gestante, são mudanças posturais, sistema circulatório, digestório, emocional, podendo somar a vulnerabilidade social e econômica na maioria das pessoas assistidas na Atenção Básica. O cuidado às gestantes vem se intensificando nos últimos anos no Sistema Único de Saúde (SUS) com os diversos programas, portarias e pactos que defendem e/ou determinam como deve ser a assistência durante o pré-natal, parto, pós-parto e os cuidados iniciais ao recém-nascido (RN). A exemplo do Programa Nacional de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN), a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e o Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal cujos impactos podem ser observados com a redução da mortalidade materna e infantil que ganham reforço com a Rede Cegonha, cuja finalidade é a estruturação e organização da atenção à saúde materno-infantil (BRASIL, 2013). Sabe-se que algumas das causas de morte materna são evitáveis tais como: hipertensão, hemorragia, infecções puerperais, doenças no aparelho circulatório (BRASIL, 2013). Essas causas possuem relação direta com os serviços de saúde e seus indicadores os quais possuem: assistência pré-natal adequada, detecção e a intervenção precoce das situações de risco, qualificação da assistência ao parto. Os serviços de saúde possuem potencial para diminuir as principais causas de morte materna e infantil em nosso país (BRASIL, 2013). Por isso é fundamental a adesão das gestantes a assistência ao pré-natal seja na Atenção Básica ou nas maternidades de referência, em caso de gestação de alto risco, e que essa assistência seja resolutiva em torno dos problemas que podem surgir durante toda a gravidez. Com isso, faz-se necessário a construção de uma relação de confiança que permita acolher a gestante, familiares e o recém-nascido, desenvolvendo um cuidado integral com escuta qualificada que favoreça o vínculo e a avaliação de vulnerabilidades, evitando práticas intervencionistas desnecessárias (BRASIL, 2002). Vale ressaltar o conceito de promoção da saúde e educação em saúde. A promoção da saúde é uma estratégia de produção de saúde que possui uma relação próxima ao da vigilância em saúde por focar nos aspectos que determinam e influenciam o processo saúde-adoecimento. Ou seja, estimula e fortalece o “protagonismo dos cidadãos em sua elaboração e implementação, ratificando os preceitos constitucionais de participação social” (BRASIL, p. 12, 2007). É salutar que a promoção da saúde “caminha lado a lado” com a educação em saúde por estarem fundamentadas no compromisso da participação da população com trocas de experiências, vivências, conhecimentos, possibilitando uma consciência crítica e reflexiva e o exercício da cidadania (SANTOS; PENNA, 2009). A formação do grupo de gestante é uma das estratégias utilizadas para implementar a Política Nacional de Promoção da Saúde com o viés da educação em saúde. Esse tipo de ação possui grande potencial devido ao envolvimento de todos os profissionais da ESF e residentes, que tem o intuito de dar suporte emocional, educacional quanto às dúvidas que surge, o esclarecimento sobre as políticas públicas existentes para auxiliar na construção da autonomia de cada gestante, auxiliar no processo de reflexão sobre a sua saúde, de sua família e do bebê, adotar práticas para melhorar e/ou realizar novos hábitos, ou seja, na construção da autonomia no agir e na capacidade de enfrentar situações corriqueiras e novas; além de fortalecer vínculos com a equipe, melhorando o fluxo e o atendimento (RIOS; VIEIRA, 2007). METODOLOGIA: O presente trabalho trata-se de um relato de experiência sobre a importância das atividades de promoção e educação em saúde realizada no grupo de gestante da ESF Mateus III vinculado à USF Integrada Nova Conquista, no município de João Pessoa/PB. RESULTADOS: Com a realização das atividades educativas, em encontros quinzenais com as gestantes, na linha da Política Nacional de Promoção da Saúde e educação em saúde pode-se perceber uma fortalecimento de vínculos entre os profissionais que compõem a equipe com essas mulheres, implicando em um melhor acompanhamento e acesso as mesmas, além de proporcionar um aumento do conhecimento das gestantes a cerca da sua condição e das mudanças ocorridas durante este período. Foram abordados temas como: vínculo mãe-filho; técnicas de respiração, relaxamento e postura para alivio de sintomas aparentes no período da gestação; sexualidade; primeiros cuidados com o recém-nascido; tipo de parto na perspectiva do parto humanizado; acompanhamento odontológico na gestação, pois algumas gestantes não procuram esse atendimento por desconhecer a importância da saúde bucal para sua saúde e do bebê; dentre outras temáticas que se espera desenvolver ao longo do grupo de gestante.  Com as discussões nas reuniões da ESF, pode-se elaborar um fluxo de atendimento entre médica, enfermeira, odontólogo e residentes (enfermagem, psicologia e farmácia) melhorando o acolhimento e possibilitando que todas as gestantes possam ser avaliadas por esses profissionais a fim de solucionar ou minimizar as queixas cotidianas dessa fase. Observa-se no decorre das ações educativas uma maior adesão das gestantes em cada atividade realizada e uma melhora na assiduidade dos atendimentos. Outra ferramenta utilizada foi o fortalecimento intersetorial entre a ESF Mateus III com o Núcleo de Assistência a Saúde da Família (NASF) e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do bairro, ampliando o publico alvo, com uma melhor estrutura física para acomodar as gestantes, favorecendo a participação de todas nas atividades educativas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A promoção da saúde é uma estratégia de produção da saúde, visando à criação de mecanismos que repercute nas situações de vulnerabilidades, melhora à equidade e estimula a participação social (BRASIL, 2007). As atividades de educação e promoção em saúde têm o intuito de promover um aprendizado técnico para que as gestantes saibam lidar com as situações e acontecimentos que fazem parte do cotidiano (SANTOS; PENNA, 2009). O grupo de gestantes tem ampliado o auto cuidado. Além disso, iniciou-se um processo de sensibilização e percepção de outras mulheres na mesma situação ou semelhante, enxergando que não estão só, com isso pode-se ampliar a visão do cuidado para uma construção da autonomia dessas gestantes, como também na perspectiva da participação social.

Palavras-chave


promoção da saúde; educação em saúde; gestante

Referências


BRASIL, Ministério da saúde. Programa Humanização do parto: humanização no pré-natal e nascimento. Brasília: Editoria MS, 2002.

_______, Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.Política Nacional de Promoção da Saúde. 2 ed.Brasília: Ministério da Saúde, 2007.

_______, Ministério da saúde. Atenção ao pré-natal de baixo risco. 1 ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013.

RIOS, Claudia Teresa Frias; VIEIRA, Neiva Francenely Cunha. Ações educativas no pré-natal: reflexão sobre a consulta de enfermagem como um espaço para educação em saúde. Ciência & Saúde Coletiva, n. 12, v. 2, p. 477-486, 2007. Acesso em 12 de setembro de 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n2/a24v12n2.pdf>

SANTOS, Regiane Veloso; PENNA, Cláudia Maria de Mattos. A educação em saúde como estratégia para o cuidado àg estante, puérpera e ao recém-nascido. Texto Contexto Enfermagem. n. 18, v. 4, p. 652-660, 2009.Acesso em 12 de setembro de 2015. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/tce/v18n4/06.pdf>