Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Atenção farmacêutica na saúde mental: Avaliação da dose supervisionada no CAPS AD III do município de Vitória - ES
Caroline Martins Borgo

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


Este instrumento objetiva relatar e divulgar a implantação da dose supervisionada no Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras drogas III (CAPS – ADIII) do município de Vitória e os benefícios alcançados em prol dos pacientes e da equipe multidisciplinar. Trata-se de um projeto de intervenção criado pela farmacêutica do serviço e acompanhado por mim, como monitora do programa vinculado ao Ministério da Saúde – Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET Saúde/Redes de atenção à saúde). A dose individualizada emergiu da necessidade de melhorar a adesão e a manutenção do tratamento de pacientes usuários de álcool de outras drogas, que trazem questões psicológicas e sociais delicadas. A criação do vínculo e confiança entre profissional e paciente é essencial e a partir daí, as doses são dispensadas de acordo com a modalidade de tratamento de cada paciente, respeitando seu Projeto Terapêutico Singular (PTS). Para os pacientes da modalidade intensiva a medicação é entregue aos profissionais da enfermagem, diariamente de acordo com a prescrição médica. Os pacientes da Atenção Diária recebem medicação suficiente para o próximo dia, enquanto que os pacientes da modalidade não intensiva recebem medicação suficiente para o próximo encontro (grupo, oficina, consulta médica, entre outros). Após a intervenção o diálogo entre o paciente e o profissional farmacêutico aumentou, mesmo que na maioria das vezes o pedido é para que a entrega da medicação seja total, de acordo com a prescrição médica, indício de inquietação do paciente, que deve ser avaliado pela equipe. A maioria dos pacientes associam a medicação, que muitas vezes lhes trazem alívio, com o espaço de tratamento, permitindo seu retorno com mais frequência. A equipe multiprofissional passou a enxergar a farmácia como ponte entre o paciente e a manutenção do tratamento, que é um dos maiores desafios dessa clínica. Os médicos, antes da implantação, prescreviam quantidades pequenas de fármacos para pacientes com aparente potencial de abuso, com isso precisavam atendê-los em curto espaço de tempo para garantir a continuidade do tratamento, atitude inviável no SUS, uma vez que as agendas estão sempre cheias. Hoje, a maioria dos médicos fazem prescrição mensal, enquanto a farmacêutica supervisiona as doses, com total autonomia. Psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais também utilizam a farmácia como instrumento, na tentativa de retorno a outras consultas. O objetivo é que a dose supervisionada seja oferecida até que o usuário em tratamento recupere a autonomia em sua vida. A relação próxima com os usuários permite o aprimoramento das atividades da atenção farmacêutica, além de oportunizar a interação com os pacientes, que nos enriquecem com suas experiências de vida. Além disso, também fomentam o interesse pela pesquisa sobre a saúde do usuário de álcool e outras drogas, parte marginalizada da sociedade.  

Palavras-chave


dose diária supervisionada; CAPS ADIII

Referências


[1] Brasil. ‘Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial’. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

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