Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Comparações entre usuários hipertensos e não hipertensos que frequentam os estabelecimentos de Atenção Primária à Saúde no Brasil
Karen da Silva Calvo, Graziela Barbosa Dias, Évelin Maria Brand, Luciana Barcellos Teixeira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sua prevalência no Brasil varia entre 22% e 44% para adultos, chegando a mais de 50% para indivíduos com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos (1). Estima-se uma prevalência global de 37,8% em homens e 32,1% em mulheres (2). A frequência de HAS tornou-se mais comum devido ao fenômeno do envelhecimento populacional brasileiro, mais marcadamente para as mulheres, alcançando mais de 50% na faixa etária de 55 anos ou mais de idade. A hipertensão arterial sistêmica apresenta alta prevalência no Brasil e no mundo, e um custo social extremamente elevado (3). Este estudo tem como objetivo comparar características sociodemográficas dos indivíduos com e sem diagnóstico de HAS e que frequentam os estabelecimentos de APS no país. Trata-se de um estudo epidemiológico(4), observacional e analítico, realizado através de dados secundários oriundos do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB)(5), onde foram analisadas as características sociodemográficas dos usuários com HAS e sem HAS, no ano de 2012, nas cinco regiões do país. Foi utilizado o programa SPSS para o tratamento estatístico dos dados. A amostra foi constituída por 65.391 usuários, dos quais 23.797 (36,5%) possuíam diagnóstico de HAS e 41.322 (63,5%) não possuíam a doença. Em relação ao sexo, 71% dos hipertensos eram mulheres e 29% eram homens (p<0,001). A média de idade foi maior no grupo de hipertensos, 56 ± 14 anos, enquanto no grupo de não hipertensos a média foi de 36,9 ± 14,9 anos (p< 0, 001). Dentre os hipertensos, 43,5% eram aposentados e 25,1% possuíam trabalho remunerado. Já dentre os não hipertensos, 11,8% eram aposentados e 35% exerciam trabalho remunerado (p<0,001). Em relação à distância da casa até a unidade de saúde, 68% dos hipertensos consideraram como perto, 19,4% consideraram razoáveis e 12,6% consideram essa distância longe. Dos não hipertensos, 66,6% descreveram como perto a distância da casa até a unidade de saúde, 20,1% como razoável e 13,4% como longe (p=0,001).O fato de as mulheres representarem o maior percentual de entrevistados em relação aos homens nos estabelecimentos de saúde reflete uma tendência, em relação às questões de gênero e hábitos de prevenção usualmente mais associados às mulheres do que aos homens. Em nosso estudo, a média de idade de hipertensos foi próxima de 50 anos. Sabe-se que existe uma relação direta e linear da pressão arterial com a idade, sendo a prevalência de HAS superior a 60% na faixa etária acima de 65 anos (2). Encontrou-se uma prevalência maior de usuários aposentados e que não exerciam trabalho remunerado no grupo de hipertensos, o que pode estar relacionado com os danos da doença, aposentadorias precoces e perdas de anos de vida produtiva. É importante avaliar a opinião do usuário em relação à distância da unidade de saúde até sua casa, visto que essa distância pode relacionar-se com o acesso do usuário ao serviço e com a continuidade do tratamento (6).

Referências


  1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 95, n. 1, p. 1-51, 2010. Suplemento
  2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Janeiro, Fevereiro e Março de 2010, Ano 13, vol. 13.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022 / Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 148 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde).
  4. ALMEIDA FILHO, Naomar de; BARRETO, Maurício L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
  5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Manual Instrutivo. Outubro 2011.
  6. FAQUINELLO, Paula; CARREIRA, Ligia; MARCON, Sonia Silva. A Unidade Básica de Saúde e sua função na rede de apoio social ao hipertenso. Texto contexto - Enferm. [online]. 2010, vol.19, n.4, p. 736-44.