Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Desenvolvimento de ferramenta de gestão para o desenho da Rede de Atenção em Odontologia : Linha de Cuidado em Saúde Bucal do Grupo Hospitalar Conceição
Jacqueline Webster, Victor Nascimento Fontanive, Fernando Anschau

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


O presente projeto visa à construção coletiva de uma ferramenta  em que, através de mapas analíticos, materializa a produção do cuidado  através  da vivência dos atores modelo usuário centrado. Desta forma o produto finalistico terá condições de  mapear a atenção odontológica nos níveis de densidade tecnológica, empregados na produção do cuidado, demonstrando  a amplitude e complexidade  da necessidade de atenção odontológica. O modo como se estruturam e são gerenciados os processos de trabalho configuram “um dos grandes nós críticos” das propostas que apostam na mudança do modelo tecnoassistencial em saúde no Brasil. O enfoque técnico-científico da formação e atualização é apenas um dos aspectos da qualificação das práticas e não seu foco principal.     O desenvolvimento do mapa do cuidado, difundido a cada ator envolvido no processo, serve como ferramenta analisadora que procura “escutar” os ruídos e identificar os incômodos, produzindo um quadro referencial sobre o qual podemos criar novas reflexões como ferramentas para a ação. Este processo perpassa por: Nivelamento de conhecimentos sobre rede de atenção à saúde; As diversas definições atribuídas à rede de atenção à saúde no passar dos anos no Brasil, fazem com que tenhamos que iniciar as discussões a partir de um modelo  de ferramenta que expressa à rede de atenção à saúde Bucal proposta para o GHC não só pela exposição da ferramenta em si, mas também pelo nivelamento de conhecimentos a cerca do que é uma rede de atenção à saúde com os trabalhadores em saúde do GHC. Proposição de um fluxograma do cuidado dispensado ao usuário na instituição - construído a partir do usuário; Desta forma, a lógica do trabalho por si será revisitada – agora em função do usuário – criando uma dimensão para discussão da alteridade, além do próprio trabalho. Num continuo o trabalho apresenta como resultado a proposição de um fluxograma do cuidado dispensado ao usuário - usuário centrado,  com intuito de promover o pensar e discutir os processos em odontologia nas diversas esferas de gestão. Para além, disto:  amplia os modos de produzir os atos em saúde através da explicitação da Rede de Atenção; reproduz, a partir da linha de cuidado em Saúde Bucal  as boas práticas na assistência; expande o desenho da linha de cuidado como ferramenta de gestão para outras áreas além da assistência odontológica ; cria espaços de discussão do cotidiano do trabalho na assistência, amplia o conhecimento da rede de atenção em saúde no âmbito da assistência odontológica e identifica os nós críticos que necessitam de soluções para otimizar o fluxo assistencial; Ao final , podemos considerar  que a sociedade, atualmente, pode ser configurada através de um modelo de rede, principalmente com a utilização da tecnologia da informação iniciada no final do século XX, promovendo a globalização de informações, tecnologias, mudanças sociais, produzindo reflexos na conceituação político econômica para os Estados. (Castells, 1999). Em sociedades complexas interagem culturas diferentes e pessoas diferentes, com diversos olhares sobre a realidade, assim como sobre a saúde; trazendo também diversas formas de enfrentamento, assim sendo, a assistência à saúde deveria levar em consideração esta diversidade e não gerar barreiras na construção do modelo de atenção. A composição socioeconômica através dos tempos se traduz em atualmente com um cenário onde as transições demográfica e epidemiológica trazem um incremento relativo das condições crônicas. Tem sido assim, no Brasil, que apresenta uma situação de saúde de tripla carga de doenças, manifestada na convivência de doenças infecciosas, parasitárias e problemas de saúde reprodutiva, causas externas e doenças crônicas. Há uma crise dos sistemas de saúde contemporâneos que se explica pela incoerência entre uma situação de saúde com predomínio relativo forte de condições crônicas e uma resposta social através de sistemas fragmentados e voltados principalmente para  as condições agudas e agudizações das condições crônicas. Na área da saúde pública, mais especificamente no SUS,  segundo a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), as redes de atenção são arranjos organizativos  de ações e serviços de saúde de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado. Este modelo de atenção surge como estruturas de serviço que tem em seu fundamento e atuação a conotação de garantir a efetividade das políticas públicas e ações em saúde contrapondo o modelo burocrático, hierárquico, verticalizado e fragmentado que se mostra incapaz de sustentar o acesso e qualidade na atenção à saúde da população. Neste cenário fica clara a necessidade de coordenar a atenção em saúde em seus níveis de densidade tecnológica tendo como objetivos fundamentais à economia de escala, interligar as ações e políticas de saúde viabilizando o acesso da população e qualificação da assistência. (Mendes, 2011). Este processo induz ao planejamento em relação à atenção à saúde, trazendo a tona  preocupações quanto à sua sustentabilidade econômico-financeira, política, efetividade técnica e impacto na saúde populacional, temas pertinentes e sempre presentes àqueles que atuam nas esferas de gestão.  Essa preocupação fez com que novas formas de pensar os serviços e sistemas de saúde iniciassem uma integração entre o conhecimento clínico e epidemiológico e o planejamento e a gestão. Este momento trouxe a necessidade de oferta de novos arranjos organizacionais e de revitalização dos conceitos de rede de atenção à saúde. A concepção participativa dos trabalhadores em saúde e dos usuários do sistema único de saúde nestas construções promulgou transversalmente o enlace de diversas áreas antes fragmentadas. Neste contexto, faz-se presente a atenção odontológica  com todas as suas especificidades e necessidades de atuação. Para que tenhamos um atendimento de qualidade e responsivo, os serviços, de acordo com suas especificidades e capacidade instalada, devem ser resolutivos de forma a não quebrar a linha do cuidado, garantindo uma assistência integral à saúde. A reorganização dos processos de trabalho é base de sustentação para vencer os desafios para alcançar a integralidade na assistência à saúde, aliando-se a isto as ações assistenciais, corroboradas pelas palavras de CECÍLIO & MERHY “... uma complexa trama de atos, procedimentos, de fluxos, de rotinas, de saberes, num processo dialético de complementação, mas também de disputa, vão compondo o que entendemos como cuidado em saúde. A maior ou menor integralidade da atenção recebida resulta, em boa medida, da forma como se articulam as práticas dos trabalhadores [...]”.

Palavras-chave


Rede de Atenção em Odontologia; Ferramenta de Gestão em Odontologia; Linha de Cuidado em Odontologia

Referências


CASTELLS, M : A Sociedade em Rede . São Paulo: Paz e Terra , 2012

 

CECCIM, R. B.;FEUERWERKER L. C. M. O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social. PHYSIS: Ver. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 14(1): 41-65 2004.

 

FRANCO, TB. As Redes na Micropolítica do Processo de Trabalho in Gestão de Redes: práticas de avaliação, formação e participação na saúde. Rio de Janeiro: CEPESC-IMS/UERJ-ABRASCO, 2006.

 

GUEDES, H.H.S.; CASTRO,M.M.C. Atenção Hospitalar : um espaço produtor do cuidado integral em saúde. Serv. Soc. Ver., Londrina, v.12, n.1, p. 4-26, jul/dez. 2009.

 

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MERHY, E. E. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec, 2002.

 

Portaria nº 4.279/GM/MS, de 30 de dezembro de 2010. (Estabelece diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do SUS)

 

Resolução - RDC – ANVISA - nº 63, de 25 de novembro de 2011. (Dispõe sobre os Requisitos de