Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
Características dos atendimentos na classificação de risco obstétrico de um hospital de ensino
Caroliny Oviedo Fernandes, Thaís Mity Shirado Michels, Danilo Oliveira França de Nazareth, Rodrigo Domingos de Souza, Iluska Lopes Schultz, Cristina Brandt Nunes, Maria Auxiliadora de Souza Gerk

Última alteração: 2015-11-08

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Rede Cegonha é uma rede que garante às mulheres o direito a reprodução da assistência humanizada na gestação, parto e puerpério e, às crianças um nascimento com segurança, o crescimento e desenvolvimento saudáveis. Para isso, a garantia do acolhimento e a classificação de risco em Obstetrícia é uma das diretrizes propostas pela Rede Cegonha do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011). A proposta é direcionar a reorganização dos processos de atendimento dos serviços obstétricos e neonatais. O conceito de atenção humanizada é amplo, mas, no contexto da assistência obstétrica e neonatal, envolve um conjunto de conhecimentos, práticas e atitudes que visam à promoção do parto e do nascimento saudáveis e, a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal (RATTNER, 2009). Assim, segundo Oliveira et al.(2012), o acolhimento corresponde à atenção integral da clientela desde a sua entrada no serviço de saúde até o momento de alta hospitalar, promovendo a saúde de forma humana. A classificação de risco em Obstetrícia é norteada por um protocolo de atendimento e organização de fluxos, baseado nos sinais e sintomas apresentados por cada gestante e tem como finalidade ordenar a demanda do serviço e identificar a gestante crítica ou mais grave a fim de se possibilitar um atendimento rápido e seguro. O “Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia (A&CR)”, lançado pelo Ministério da Saúde (MS) em 2014, visa reorganizar a porta de entrada e todo o atendimento nas maternidades e serviços que realizam partos, além de auxiliar o profissional de saúde a partir do julgamento clínico embasado em protocolo fundamentado cientificamente (BRASIL, 2014). A resposta da avaliação inicial da gestante determina a classificação de risco da mesma, e a cor indicada para cada caso, sendo: vermelho, laranja, amarelo, verde e azul. Pacientes classificadas como vermelhas requerem o atendimento médico imediato, que se dá diretamente na sala de emergência em qualquer ponto de atenção e feito o transporte a um hospital, com suporte do SAMU. As classificadas como laranja devem receber atendimento médico em até 15 minutos, atentando para a prioridade do atendimento e ao seu potencial risco. Já na classificação amarela, verde e azul, as pacientes devem ser atendidas em até 30, 120 e 240 minutos, respectivamente, sendo que nas amarelas o seu potencial rico ainda deve ser levado em conta, as verdes serão atendidas por ordem de chegada e as azuis podem ser encaminhadas para a atenção primária, garantido o seu acesso ao atendimento (BRASIL, 2014). Dessa forma, o objetivo desse trabalho é verificar as características dos atendimentos das gestantes no período de agosto a primeira quinzena de outubro de 2014 de um hospital de ensino. Descrição METODOLÓGICA: Estudo quantitativo, resultante de um projeto de intervenção proposto pelo Módulo Práticas Interdisciplinares VI do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Os dados foram coletados no caderno de controle da classificação de risco. Foram analisados dados referentes à idade, cor da classificação, conduta após a classificação, risco gestacional e origem das clientes. Resultados: O caderno de controle da classificação de risco é uma ferramenta com o intuito de verificar o controle da implantação do manual de acolhimento e classificação de risco de 2014, a organização dos fluxos e tempo de espera. Nesse período foram realizados 86 atendimentos, destes 74,4% demanda espontânea e 25,6% usuárias encaminhadas, desse total de atendimentos a maior faixa etária foi de 42 anos e a idade menor de 14 anos. De acordo com a classificação em cores, 1,2% foi classificada na cor vermelha, 10,5% na laranja, 54,7% na amarela, 26,7% na verde, 5,8% na azul e em 1,2% não houve classificação. Além disso, dos atendimentos realizados, 73,3% foram de gestantes e 26,7% de outras intercorrências clínicas. Entre as gestantes atendidas, 73% foram de baixo risco, 23,8% de alto risco e 3,2% não haviam iniciado o pré-natal na data do atendimento. De todas as usuárias classificadas, 51% foram liberadas, 19% admitidas, 2% admitidas para observação e em 28% o destino não foi especificado. Como mencionado anteriormente, um dos elementos analisado é o tempo entre a classificação e o atendimento, entretanto, no controle não constava esse intervalo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A classificação de risco foi iniciada no referente hospital, porém os resultados demonstram falta de entendimento da população a respeito do atendimento, pois a demanda espontânea teve maior índice demonstrando que a gestante procura o setor da especialidade independente das alterações cínicas que apresenta. Também é possível verificar o intervalor extenso entre as idades das mulheres. É perceptível que a maior parte das gestações são de baixo risco, abrindo espaço para se questionar se não seria mais adequado o atendimento dessas gestantes na atenção básica, demonstrando a falta de informação da população sobre os serviços de saúde e também sobre o respectivo protocolo. Além disso, a classificação em cor amarela se tornou predominante, entretanto, ainda existe uma pequena parcela que não recebeu uma classificação, apesar das diversas opções ofertadas pelo protocolo. Quando ao destino da gestante após a classificação, uma parcela considerável não teve especificações, assim como o intervalo de tempo entre a classificação e o atendimento definitivo, dificultando a avaliação da efetividade do processo. A Classificação de Risco por meio da priorização dos atendimentos baseada em critérios de risco obstétrico possibilita a melhoria da organização do setor de admissão, da maternidade e da resolubilidade dos cuidados nas emergências obstétricas. Com isto, se realizado de modo efetivo e organizado, vêm contribuir para o alcanço dos princípios propostos pelo Sistema Único de Saúde. Essa atividade propiciou aos estudantes uma vivência na implantação de um serviço atual. Também cabe ressaltar que as investigações sobre o acolhimento com classificação de risco obstétrico são necessárias para avaliar a qualidade do cuidado de enfermagem, a satisfação da clientela e as repercussões sobre os resultados maternos e neonatais, bem como para orientar e organizar os cuidados de enfermagem específicos a cada quadro clínico apresentado pela população. Além disso, também se faz necessário a orientação e explanação do processo de classificação as próprias gestantes e acompanhantes para que os mesmos entendam seus critérios, funcionalidades e importância, possibilitando maior colaboração no processo de atendimento.

Palavras-chave


Enfermagem obstétrica; Classificação; Resultados.

Referências


BRASIL. Diário  Oficial  da  União. Portaria n. 1.459 de 24 de Junho de 2011.Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS - a Rede Cegonha. Diário Oficial da União, Brasília, 2011. Disponível em:<http://bvsms.saude. gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt1459_ 24_06_20 11.html>. Acesso em 29/10/2014.

 

BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de acolhimento e classificação de risco em obstetrícia. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

 

OLIVEIRA et.al. Impacto da implementação do acolhimento com classificação de risco para o trabalho dos profissionais de uma unidade de pronto atendimento. Rev. Min. Enf. Jan/mar, 2012. Disponível em: <http://www.reme.org.br/ artigo/detalhes/586#>. Acesso em 18/10/2014.

 

RATTNER, D. Humanização na atenção a nascimentos e partos: breve referencial teórico. Interface (Botucatu) [online]. v.13, suppl.1, 2009, p. 595-602. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/icse/v13s1/a11v13s1.pdf >. Acesso em 19/09/2014.