Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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ENCONTROS E ATRAVESSAMENTOS PRODUZIDOS POR UMA EXPERIÊNCIA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE NO PROJETO PERCURSOS FORMATIVOS NA RAPS - ATENÇÃO À CRISE
MONIQUE ARAÚJO DE MEDEIROS BRITO

Última alteração: 2015-11-30

Resumo


Em novembro de 2013, o Ministério da Saúde lançou o edital do projeto “Percursos Formativos na RAPS”, que tinha como objetivo desenvolver ações de educação permanente envolvendo a troca de experiências entre municípios formadores e municípios em formação nas seguintes linhas: 1) Atenção à crise e urgência em saúde mental; 2) Saúde Mental Infanto-juvenil; 3)  Saúde Mental na Atenção Básica; 4) Demandas associadas ao consumo de álcool e outras drogas; 5) Desinstitucionalização; 6) Reabilitação Psicossocial. A escolha do tema foi feita coletivamente com profissionais e gestores da saúde mental, sendo definida a “Atenção à Crise” como prioridade. O contexto municipal estava bastante favorável para participar desse conjunto de ações de educação permanente, pois estava em processo de implantação de novos serviços (CAPS AD III, Unidade de Acolhimento Adulto, Residência Terapêutica e Consultório na Rua) e acabara de modificar 90% do quadro de profissionais em função de concurso público; portanto, essa formação teve papel extremamente relevante no fortalecimento da nossa rede. Juntamente com outros municípios visitantes (Goiânia/GO, Macapá/AM, Contagem/MG e Parnaíba/PI) realizamos o intercâmbio em São Paulo/SP, nosso município preceptor / receptor, o qual teve início em meados de 2014. Vinte profissionais (CAPS II, CAPS AD III, CAPS IA, Unidade de Acolhimento Adulto, SAMU, NASF e Consultório na Rua) participaram do intercâmbio no município de São Paulo/SP. Os critérios de escolha também foram construídos coletivamente: a) representatividade da rede e da categoria profissional; b) habilidade no planejamento de propostas e multiplicação do aprendizado; c) protagonismo nas ações de saúde mental. Participaram psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, profissional de educação física, técnicos de enfermagem. Estabelecemos que, ao retornar da vivência no intercâmbio, cada dupla, juntamente com a coordenação de saúde mental, realizaria uma oficina de 8h para toda a rede, compartilhando aprendizados e promovendo reflexões acerca dos processos de trabalho e estratégias de intervenção.  Essa proposição foi um marcador importante no processo de intercâmbio, pois os profissionais tinham a missão de, ainda durante a imersão, planejar a oficina, o que direcionou de forma bastante produtiva a vivência no território receptor. A oficina de integração, em julho de 2015, proporcionou encontros de enorme relevância, com a discussão do tema central da crise e outros atravessamentos importantíssimos, como matriciamento, vínculo, território e trabalho em rede e  participação da nossa RAPS Ampliada, envolvendo hospitais gerais, SAMU 192, atenção básica, desenvolvimento social, economia solidária, cultura, esporte lazer e coletivos da juventude. De forma geral, avaliamos que muitas intensidades foram produzidas; intensidades porque os produtos extrapolam qualquer dimensão teórica, técnica, protocolar de abordar a crise e cuidar de sujeitos singulares. Muitas linhas de força foram produzidas, entrecruzando os territórios existenciais dos sujeitos que cuidam e são cuidados, trazendo à tona discussões sobre a noção ampliada de crise, miniequipes de referência, matriciamento, cuidado compartilhado, desejo de cuidado nos, com, pelos e para os profissionais, tudo isso considerando as sempre existentes diferenças entre pessoas, contextos e serviços.

Palavras-chave


EDUCAÇÃO PERMANENTE; RAPS; SAÚDE MENTAL