Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DIANTE DA DESNUTRIÇÃO EM CRIANÇAS INDÍGENAS BRASILEIRAS MENORES DE CINCO ANOS
ANTÔNIA SOARES DE OLIVEIRA NETA, Andréa Mônica Brandão Beber
Última alteração: 2015-12-08
Resumo
INTRODUÇÃO Dados sobre as Causas da desnutrição no Brasil (1996-2007) demonstra um cenário de condições inadequadas ao desenvolvimento humano na primeira infância, alcançando proporções ainda maiores na população indígena, que são povos carente de políticas públicas e de acesso(1). Nas comunidades indígenas diversos fatores contribuem para o avanço da desnutrição, podendo se incluir aqueles ligados aos valores culturais, mais precisamente a falta de educação nutricional e alimentar associadas aos séculos de fonte de subsistência(2). Na assistência a saúde indígena, a equipe multidisciplinar deve adotar medidas diferenciadas daquelas utilizadas na área urbana(3). Desta forma, o presente estudo tem como objetivo descrever a atuação do enfermeiro diante da desnutrição em crianças indígenas brasileiras menores de cinco anos. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de revisão de literatura. A busca deu-se nas bases de dados SciELO, Google Acadêmico e a Biblioteca eletrônica BIREME, utilizando os descritores “desnutrição”, “crianças”, “indígenas” e “enfermagem”. Como critérios de inclusão todos os artigos publicados na língua portuguesa, disponibilizados na íntegra. Ao final, foram encontrados 63 artigos, sendo selecionados 19, referentes ao período de 2005 à 2014. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Desnutrição em crianças indígenas e os principais fatores de desnutrição. Em um estudo realizado com o objetivo de identificar o baixo peso das crianças do Suruí na Amazônia, Brasil, apontou que 12,4% das crianças menores de cinco anos sofrem com a desnutrição(4). Outro estudo realizado com a população indígena Xavante, quanto ao índice “peso e idade” das crianças, verificou que percentual de crianças sob risco nutricional ou baixo peso chega a 16,5%(5). Na área Indígena de Caarapó, Mato Grosso do Sul do Brasil do Brasil, a prevalência de desnutrição entre os Kaiowá e os Guarani é 18,2% afetando os menores de cinco anos(6). No I Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição Indígena realizado em 2008-2009 nas macrorregiões do Brasil, demonstrou em seus resultados que 25,7% das crianças tinham déficit de crescimento para a idade, sendo que na região Norte a prevalência chega 40,8% de déficit de estatura para idade(7). Na etnia Guarita, no Sul do Brasil, analisou-se a influência do estado nutricional na estatura das crianças, ao resultados apontam 34,7% das crianças estavam com baixa estatura(8). Na população Wari, no Estado de Rondônia, Brasil, o déficit de estatura em grau moderado ou grave entre as crianças menores de cinco anos, tem prevalência superior a 51,7%(9).Atuação do enfermeiro diante da desnutrição nas comunidades O enfermeiro deve está preparado para agir em diferentes situações, vencendo as barreiras étnicas, culturais, geográficas, linguísticas e de comunicação(10). O trabalho é bem diversificado, cabendo-o várias funções frente à equipe multidisciplinar, utilizando estratégias de acompanhamento das crianças de baixo peso, fazendo as visitas domiciliares e adotando ações de boas práticas de saúde nas comunidades(11). Ensinando através de educação em saúde, os principais processos de tratamento doméstico da água. E dando informações adequadas sobre os benefícios da amamentação, na tentativa da redução da mortalidade infantil e principalmente na desnutrição(12-13). CONCLUSÃO A desnutrição em crianças indígenas brasileiras menores de cinco anos apresenta um grau elevado no Brasil, sendo que a ocorrência da prevalência se dá pelos vários fatores comuns entre as comunidades, como a oferta inadequada dos alimentos ou a insuficiência de nutriente oferecida às crianças na fase de crescimento e desenvolvimento. Apesar de existirem políticas de saúde e programas que pareçam ter aumentado o acesso do indígena à assistência e ações preventivas de saúde, não há muitos estudos que relatem as ações do enfermeiro nas comunidades indígenas. Espera-se que este estudo sirva de reflexões acerca da atuação do enfermeiro, em especial as mães indígenas, preparando-a para lidar com a alimentação adequada de seus filhos.
Palavras-chave
Desnutrição, Crianças, Indígenas e Enfermagem
Referências
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(4) Orellana et al. Estado nutricional e anemia em crianças Suruí, Amazônia, Brasil. J. pediatr. 2006. 82(5):383-388.
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(13) Amorim M, Andrade ER. Atuação do enfermeiro no PSF sobre aleitamento materno. Perspectivas Online, [S.l.], v. 3, n 9, 2009. Disponível em <http://www.perspectivasonline.com.br/revista>. Acesso em 07 de jul. 2015.