Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A tecnologia de grupo como dispositivo na promoção da saúde na Estratégia Saúde da Família: experiências e vivências
Priscila da Silva Matias, Adriana Botelho Rodrigues, Elisângela Fernanddes Casal, Marcela Caldas Oliveira de Andrade

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Apresentação: Este estudo caracteriza-se como relato de experiência. Tem como objetivos relatar as experiências das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) do município de Duque de Caxias/RJ, nos grupos de saúde na Estratégia Saúde da Família (ESF) e; descrever as percepções das ACS sobre o impacto dos grupos de saúde da ESF, na produção do cuidado dos usuários adscritos no território de abrangência da Unidade. A promoção da Saúde ganha destaque em 1994, quando a ESF torna-se um analisador da quebra do paradigma da saúde. Forma um dos eixos que compõem a integralidade da assistência em saúde e, uma das formas de promovê-la é através de grupos. A prática grupal, que qualquer profissional pode conduzir, precisa ser melhor estudada, pois impacta na vida de quem a promove e dos usuários que participam. Assim, as ações desenvolvidas em relação à saúde-doença devem propor um modo de cuidado e produção de vida, mas não imposição dos hábitos de vida. Método: Relato de experiência de 03 ACS que conduzem os grupos – uma delas com formação de educadora física – supervisionados por 01 enfermeira, pertencentes a uma ESF, localizada no bairro Jardim Anhangá, Duque de Caxias, região da Baixada Fluminense, /RJ. Pensou-se na estruturação de 02 grupos: um de atividade física, e outro, de artesanato. Ambos abarcam usuários do território de qualquer idade. O primeiro, coordenado pela ACS educadora física, objetiva amenizar os impactos de doenças, melhorar o condicionamento físico e incentivar a melhoria da qualidade de vida dos participantes. São utilizados alguns colchonetes, bastões e o corpo. O segundo, conduzido por outras 02 ACS, utiliza materiais de papelaria, recicláveis – caixas de leite, rolos de papel higiênico/ papel toalha, retalhos de tecido – quites de costura e a criatividade. Ambos os grupos funcionam como espaço integrador, de escuta, de troca, descontração e aprendizagem. Resultados: A participação dos usuários e a procura nos grupos têm crescido. Apesar das falhas existentes na saúde pública e, consequentemente, na Unidade, os usuários acreditam no serviço que hoje oferece um espaço e momentos de interagir, descontrair, participar de ações que o bairro não oferece. A importância do grupo tem sido vista pelas profissionais como resgatadora da autoimagem e autoestima dos usuários promovendo a valorização pessoal e a singularidade do ser. Os impactos percebidos no trabalho e na vida das ACS são de satisfação, realização profissional, experiência gratificante, enriquecedora que proporciona novas experiências de vida, aprendizado, quebra da rotina institucionalizada e de paradigmas do processo saúde-doença. Considerações finais: Estruturar um grupo de saúde sem a perspectiva de abordagem na doença e seu controle ainda é tarefa árdua, pois muito do modelo positivista ainda encontra-se arraigado no saber-fazer dos profissionais da saúde. Para se obter êxito na “adesão” aos grupos e às propostas terapêuticas a construção da grupalidade se faz imprescindível. É no encontro que surgem as diferenças, as contradições, que podem levar a construção de novas relações “e à construção de um espaço de maior autonomia” e produção de cuidado, produção de vida.

Palavras-chave


Promoção da saúde; prática profissional; Estratégia Saúde da Família

Referências


 

  1. ABRAHÃO, A.L; FREITAS, C.S.F. Modos de Cuidar em Saúde Pública: o trabalho grupal na rede de saúde. Rev. enferm. UERJ, 2009. jul/set. p.436-41
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