Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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TENDAS DA SAÚDE: PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NO DESENVOLVIMENTO DAS AÇÃOES DE SAÚDE
JOSÉ REGINALDO PINTO, MANOEL RAMOS DO NASCIMENTO, ADRIANA MELO DE FARIAS, FRANCISCO ROGER AGUIAR CAVALCANTE, TEREZA DORALÚCIA RODRIGUES PONTE, SÉRGIO RICARDO MOURA SARAIVA, ANA CAROLINA BRAZ TORRES SOARES, JAQUELINE SAMPAIO DE VASCONCELOS DA CUNHA

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


INTRODUÇÃO: Para o desenvolvimento do processo de trabalho em saúde é necessário a implantação de ações educativas. Visando estimular os profissionais de saúde do setor da atenção básica da 11ª Coordenadoria Regional de Saúde de Sobral a executarem ações inovadoras de promoção da saúde, foi proposto a formulação de um projeto que desenvolvesse processos formativos internos para que os atores dessa instituição pudessem ser multiplicadores e formassem facilitadores nos municípios pertencentes a esta Região de Saúde. Foi possível, desta forma, emergir um plano de ação que contemplasse abordar as políticas de saúde de forma diferenciada do modelo tradicional de atendimento ao usuário do Sistema Único de Saúde, utilizando-se as metodologias ativas (MA's). Esse método propõe a elaboração de situações de ensino que promovam uma aproximação crítica do aluno com a realidade; a reflexão sobre problemas que geram curiosidade e desafio; a disponibilização de recursos para pesquisar problemas e soluções; a identificação e organização das soluções hipotéticas mais adequadas à situação e a aplicação dessas soluções¹. Sendo assim, esse trabalho procurava demonstrar aos profissionais de saúde da assistência que é possível abordar os grupos de usuários que são atendidos na Estratégia Saúde da Família (ESF) e no Núcleo de Apoio ao Saúde da Família (NASF) como desenvolver sessões educativas e atendimentos utilizando-se das tecnologias das MA's. O projeto procurava fazer uma analogia sobre como trabalhar as MA's nas políticas de saúde. Desse modo referenciava as políticas da seguinte forma: Mundo Mágico (Atenção à Saúde da Criança), Descobertas (Atenção à Saúde do Adolescente), vaidade (Atenção à Saúde da Mulher), Movimento (Atenção à Saúde do Homem), Memória (Atenção à Saúde do Idoso) e Realidade (Atenção à Saúde do Adulto). Assim, nasceu o Tendas da Saúde. OBJETIVO: Capacitar equipes da Atenção Primária em tecnologias educacionais utilizando as metodologias ativas, para serem multiplicadores nos municípios. METODOLOGIA: Relato de experiência executado na Coordenadoria Regional de Saúde (CRES), município de Sobral, região norte do estado do Ceará, envolvendo todos os técnicos da atenção básica, os residentes em saúde coletiva e o núcleo gestor da instituição. Compuseram o projeto 16 profissionais de saúde. A experiência ocorreu no primeiro semestre de 2015. Para a sucessão das ações foi necessário à execução de dez encontros com os técnicos da CRES, nos quais foram elaboradas as programações de atividades que seriam repassadas nos 24 municípios pertencentes à Região de Saúde. Foi possível pactuar nesses encontros que em cada município três profissionais seriam os facilitadores do projeto, sendo composto por dois técnicos de nível superior e um residente. Em relação à programação das atividades a serem repassadas nos municípios foram formuladas muitas propostas de MA's, como: formulação de situações problemas (SP's); orientações para a construção de narrativas individuais, as quais intencionavam discutir o perfil de um profissional de saúde e sua coerência nas ações de promoção da saúde nos cenários de prática no âmbito do SUS; escolha de cines-viagem que abordassem temáticas do cotidiano de trabalho dos profissionais; formulação de dinâmicas; construção de diagnósticos situacionais, os quais eram realizados por meio de rodas de conversas onde cada profissional descrevia como percebia seu cenário de prática na promoção da saúde e identificava os desafios, fraquezas, ameaças, fortalezas e oportunidades, como estratégia de modificação de hábitos e qualidade de vida da população que atendia; construção de matrizes de consensos e matrizes decisórias, as quais elegiam os problemas identificados e a serem enfrentados pelos profissionais em seu campo de trabalho; elaboração de textos de referências (TR’s); preparação de slides para confecção de portfólios pelos alunos (instrumentos pedagógicos que permitam alcançar competências importantes para o exercício acadêmico e profissional)². Foi acordado nesses encontros que o projeto seria repassado em cada município da região em quatro oficinas, sendo uma por semana, totalizando uma carga horária de 40 horas. Os períodos de repasse dessas oficinas foram denominados ondas, pelas equipes multiplicadoras.  Assim, seriam realizadas quatro ondas, ou seja, quatro períodos, sendo capacitados seis municípios em cada uma delas. Resultados: O projeto suscitou a criação de um site e um e-mail que permitisse a interação entre todos os profissionais facilitadores do plano, os quais serviriam também para os futuros alunos pertencentes aos municípios. Os encontros internos na CRES também proporcionou o aperfeiçoamento pedagógico dos profissionais de saúde para trabalhar com as MA's em diversas situações, enquanto facilitadores de ações formativas em saúde. Esses encontros foram necessários para que se pudesse desmistificar o modelo biologicista e medicalizante que estavam ainda enraizados nos técnicos que não tinham vivenciado capacitações dentro desse modelo de ensino e aprendizagem. Também despertou nesses indivíduos métodos criativos para repassar conteúdos aos públicos de diversificados graus instrucionais. As possíveis explicações para esse nítido descompasso da velocidade dos processos de mudança no serviço e na academia podem ser encontradas tanto na academia quanto nos serviços. Na academia, podem-se citar a gestão não comprometida, a atenção básica como aprendizagem marginal, o despreparo dos professores frente ao novo enfoque de aprendizagem, a difícil relação entre as diferentes profissões e a resistência dos estudantes em relação ao contato com a comunidade. Nos serviços de saúde, podem-se citar: a resistência dos profissionais às mudanças em processo, que a formação de profissionais não faz parte da agenda de trabalho, o acréscimo de mais uma função, o ensino, sem receber por isso, a estrutura física inadequada para acolher os estudantes, a resistência da população à presença do estudante no serviço e a possível identificação de fragilidades do serviço prestado3. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A criação do Projeto Tendas da Saúde ocasionou uma mudança no processo de trabalho dos profissionais da instituição, procurando resgatar o potencial pedagógico de cada ator responsável pelo repasse das oficinas nos municípios. Também ocasionou uma maior integração entre toda a equipe multidisciplinar, que puderam se conhecer melhor, atando laços de afinidades funcionais. O conhecimento sobre responsabilidades e atribuições dos profissionais em Educação Permanente em Saúde contribuiu para dar visibilidade e possibilitar uma avaliação dos processos e execução das ações em cada nível de atuação. A avaliação dos processos melhor se desenvolveram quando estruturas efetivas de gestão e integração ensino-serviço se fortaleceram e materializaram as possibilidades de realização da educação permanente enquanto política pública nesse cenário.

Palavras-chave


Educação Permanente em Saúde; Estratégia Saúde da Família; Atenção Primária à Saúde

Referências


¹Sobral Fernanda Ribeiro, Campos Claudinei José Gomes. Utilização de metodologia ativa no ensino e assistência de enfermagem na produção nacional: revisão integrativa. Rev. esc. enferm. USP. 2012  Feb;  46(1): 208-218.

²Cotta Rosângela Minardi Mitre, Costa Glauce Dias da, Mendonça Érica Toledo. Portfólio reflexivo: uma proposta de ensino e aprendizagem orientada por competências. Ciênc. saúde coletiva. 2013  June;  18(6): 1847-1856.

3González Alberto Durán, Almeida Marcio José de. Integralidade da saúde: norteando mudanças na graduação dos novos profissionais. Ciênc. saúde coletiva. 2010  May;  15(3): 757-762.