Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO EM SAÚDE: CARTÃO SUS DIGITAL COMO DISPOSITIVO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Rafael Dall'Alba, Giliate Cardoso Coelho Neto, Jacinta de Fátima Senna da Silva

Última alteração: 2015-11-26

Resumo


A necessidade de informações legítimas, acessíveis e de fácil compreensão compreende um dos grandes desafios do cuidado tanto para usuários, profissionais da saúde e gestores. A complexidade do sistema único de saúde brasileiro (SUS) requer um constante aperfeiçoamento de suas tecnologias de modo a atender as demandas da população seguindo os seus princípios e diretrizes de equidade, integralidade e universalidade. Nesse âmbito compreende-se a promoção da saúde (PS) como uma representante das tecnologias leves (MERHY, 2002), agindo na combinação de ações planejadas do tipo educativo, político, legislativo ou organizacional em apoio aos hábitos de vida e condições favoráveis à saúde dos indivíduos, grupos ou coletividades assim compondo estratégias de melhorias da saúde. Neste cenário temos também tecnologias do tipo leve-duras que são os saberes estruturados como a clínica e as tecnologias duras mais facilmente entendidas como hardwares (máquinas) e softwares (aplicativos). Na convergência dessas tecnologias construiu-se o aplicativo do Cartão SUS Digital (CSD) pelo Ministério da Saúde que aqui será abordado como dispositivo de promoção da saúde. O Cartão SUS Digital (CSD) é a evolução da proposta da mídia física fazendo parte da base da estratégica e-saúde que tem como objetivo aumentar a qualidade e ampliar o acesso à atenção à saúde através do uso das Tecnologias de Informação incluindo os saberes e práticas inerentes a esta área do conhecimento - que contribuam para agilizar o fluxo assistencial, qualificar as equipes de saúde e tornar mais eficaz e eficiente o fluxo de informações para apoio à decisão em saúde, em sua complexidade que envolve tanto a decisão clínica, de vigilâncias em saúde, de regulação e promoção da saúde quanto de gestão. O CSD busca tornar-se um importante dispositivo de PS, a fim de aproximar ainda mais o usuário do SUS do seu processo de cuidado aumentando não só a acessibilidade, mas também garantindo uma qualidade no cuidado recebido. No total, 16 sistemas de informação em saúde já estão integrados ao cartão SUS. Esta é o primeiro passo para que tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde podem usufruir dos registros, decisões clínicas e análises presentes. A incorporação da base de cadastro de pessoa física - CPF da Receita Federal automaticamente torna todo cidadão detentor de sua identidade no SUS simplificando o processo de cadastro. Logo o cartão entra como integrador do Registro Eletrônico de Saúde que tem como função repositórios de informações relevantes sobre a saúde e bem estar do paciente e estão integrados de modo físico ou virtual. O aplicativo está disponível para smartphones com sistema Android e em breve estará disponível pra Iphone e Windows phone. Na interface do usuário são disponibilizados os exames realizados, peso, tipo sanguíneo, alergias, medicamentos em uso e profissionais da saúde que lhe atenderam, configurando assim uma estratégia de promoção da saúde por meio da informação. Na interface do aplicativo relativo ao profissional de saúde terá a funcionalidade de acesso aos dados do usuário, bem como um conjunto de alertas a situações de saúde especificas de risco ou intervenção, isto é promoção da saúde por intermédio de um melhor gerenciamento do cuidado. No âmbito da gestão o cartão SUS digital tem o potencial de agilizar e melhorar a regulação, aprimorar parâmetros de financiamento e sistemas de monitoramento, controle e avaliação na geração de indicadores mais confiáveis. Há, também, a possibilidade de aperfeiçoar os processos de ressarcimento junto a ANS e racionalizar recursos do SUS podendo gerar a economia de um bilhão de reais ao ano (FGV 2014). Tecnologia e Promoção da Saúde O CSD responde à necessidade de ampliação da capacidade argumentativa dos sujeitos informacionais (usuário e instituições) para um processo democrático emancipador fortalecendo os princípios e diretrizes de equidade, integralidade e universalidade do SUS. Não se trata somente de tecnologia e sim de humanização na saúde. Ao fortalecer o conjunto de informações estaremos garantindo uma maior participação do usuário tanto na sua utilização do SUS quanto na avaliação e controle do mesmo. Essa aproximação e real intervenção no seu processo de cuidado do próprio usuário, como a possibilidade de acompanhar as ofertas às suas demandas, tende a ampliar o exercício nos processos de decisão (empowerment) ampliando a autonomia dando ênfase para o desenvolvimento do exercício da cidadania, condição fundamental da promoção da saúde. A gestão fazendo-se uso dessas informações qualificadas poderão racionalizar os recursos podendo reestruturar a rede de atenção para atender de forma mais integral e equitativa. O CSD qualificando a informação e o usuário por sua vez consumindo essa informação, alimentará o ciclo dado-informação-conhecimento resultando em tomadas de decisões mais assertivas e conexas com as demandas dos territórios. Considerações Finais: Ao mesmo tempo, tem-se a criação de tecnologias cada vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios e dos impasses colocados ao viver. O acesso a informação de qualidade e o fortalecimento do empowerment do usuário gerado pelo aplicativo do cartão SUS digital configuram-se como um importante dispositivo de promoção da saúde com amplas possibilidades de desenvolvimento do SUS. Link para download do Cartão SUS digital : https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.datasus.cnsdigital  

Palavras-chave


Tecnologia da Informação, registro eletrônico, Sistema de Informação em Saúde

Referências


BOURDIEU, P. O poder simbólico.: Bertrand Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012. p. 9

 

BRASIL, Ministério da Saúde, Departamento de Informática do SUS - DATASUS. Brasília: Sistema de Informações Hospitalares – SIH, acesso julho 2015

 

BRASIL, Ministério da Saúde, Departamento de Informática do SUS - DATASUS. Brasília: Sistema de Informações Ambulatoriais – SAI, acesso agosto 2015

 

BRASIL, Ministério da Saúde, Departamento de Informática do SUS - DATASUS. Brasília: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES, acesso julho 2015.

 

HABICHT, J. Evaluation designs for adequacy, plausibility and probability of public health programme performance and impact. International Journal of Epidemiology, v. 28, n. 1, p. 10–18, 1 fev. 1999.

 

MERHY, E. E. Saúde: a cartografia do Trabalho Vivo. São Paulo: Hucitec, 2002.