Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE ACOMETIDO POR MENINGITE CRIPTOCÓCICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
FERNANDA DA SILVA LIMA, Jaciely Garcia Caldas, Fabio Pereira Soares

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: Segundo o Consenso em Criptococose (2008) a meningite criptocócica é uma doença de porta inalatória causada pelo fungo Cryptococosneoformans. O fungo é cosmopolita, ocorre em diversos substratos orgânicos, frequentemente associam-se ao habitat de aves, excretas secas, ricas em fontes de nitrogênio, como ureia e creatinina. O C. neoformans provoca uma inflamação nas meninges, interferindo na reabsorção do líquido cefalorraquidiano (LCR), resultando na hipertensão intracraniana. A incidência da infecção cresceu significativamente ao longo dos últimos 20 anos, devido, principalmente, à epidemia do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e ao aumento do uso de terapias imunossupressoras. Portanto a criação de um plano de cuidado se faz necessária, utilizando a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) voltada em especial a esses clientes imunodeprimidos. O histórico de enfermagem se dá na busca e coleta de informações do paciente relacionadas ao seu estado de saúde, tarefas diárias, relações com família e comunidade, na busca de encontrar necessidades e queixas. O diagnóstico de enfermagem constitui a segunda etapa do processo de enfermagem, caracterizado como um julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família ou da comunidade aos problemas reais ou de risco para a saúde, processos vitais. O diagnóstico de enfermagem constitui a base para a seleção das prescrições de enfermagem que propiciarão o alcance dos resultados pelos quais o enfermeiro é responsável (NANDA, 2010). O trabalho tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicas de enfermagem ao elaborar um plano de cuidados baseando-se na SAE a um paciente com Meningite Criptocócica, assim como conhecer a fisiopatologia da doença, observar seu quadro clínico e evolução através da consulta de enfermagem.  DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência de natureza exploratório e descritivo com abordagem qualitativa. A experiência ocorreu em um Hospital Universitário referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), no município de Belém, Estado do Pará, e onde tivemos a oportunidade de selecionar um paciente para realizarmos avaliação clínica, e partir da qual, foi possível elaborar o plano de cuidados de Enfermagem, podendo-se observar a sua aplicabilidade. Ocorreu no mês de outubro de 2014, durante as práticas hospitalares da atividade curricular Enfermagem em Doenças Transmissíveis, que faz parte do 4º semestre da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará. O estudo refere-se a um paciente de 20 anos, do sexo masculino, com diagnostico de Meningite Cripitocócica. Quando se teve a oportunidade de cuidar de um paciente com Meningite Criptocócica, aplicando todas as fases do processo de enfermagem e, simultaneamente, foram coletados os dados através da avaliação do prontuário e consulta, entrevista semiestruturada com o paciente baseada no roteiro da consulta de enfermagem, exame físico e intervenções para melhoria da qualidade de vida do mesmo com o objetivo de identificar quais as principais necessidades afetadas do paciente. Logo em seguida, foram organizados e fundamentados nas literaturas selecionadas. O processo de enfermagem foi aplicado para identificar os principais diagnósticos de enfermagem segundo NANDA 2012- 2014, a partir dos problemas encontrados para propor um plano assistencial. As características, prescrição de enfermagem e resultados para os diagnósticos encontrados basearam-se nas Classificações das Intervenções de Enfermagem (NIC) e Classificações dos Resultados de Enfermagem (NOC). Respeitaram-se os aspectos éticos e legais, procurando proteger os direitos do paciente envolvido na pesquisa, de acordo com as determinações das Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos, como preconiza a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Esse trabalho revela a importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem e a necessidade da instituição capacitar e estimular seus profissionais de enfermagem a adotá-la como instrumento de coleta de dados para elaboração de um plano de cuidados que atenda as especificidades de cada paciente. Verificou- se que a aproximação com SAE durante a formação acadêmica é um meio de promover mudanças e estimular os profissionais a aderir à sua implantação nos serviços de saúde. A realização do plano de cuidados assistenciais em pacientes internados na DIP possui grande relevância para a prestação de cuidados de qualidade, e fornece segurança e proteção ao paciente, pois reduzirá os riscos de negligencia da equipe de enfermagem, visto que a Sistematização da Assistência de Enfermagem deve ser checada pelos profissionais técnicos e de ensino superior de enfermagem. Para o profissional da enfermagem, a SAE é uma imprescindível ferramenta para oferecer ao paciente um cuidado integral que venha atender as necessidades individuais para proporcionar uma melhor qualidade de vida, refletindo em suas necessidades humanas básicas. Ao aplicarmos a sistematização da assistência no paciente internado no hospital, foram identificados os seguintes diagnósticos de enfermagem e suas respectivas intervenções: 1) Nutrição prejudicada: Menor do que as necessidades corporais, relacionada a fatores biológicos e capacidade prejudicada de ingerir os alimentos. Intervenção: incentivo a alimentação, monitoração nutricional e controle de peso. 2) Deambulação prejudicada relacionada ao descondicionamento físico. Intervenção: exercício de mobilidade articular e prevenção contra quedas. 3) Padrão de sono prejudicado relacionado ao ambiente desconhecido. Intervenção: controle do ambiente e técnicas relaxantes. 5) Risco de infecção relacionado a defesas primarias e secundárias inadequadas. Intervenção: Controle do ambiente; supervisão da pele; cuidados com o intracath e higiene correta. 6) Integridade da pele prejudicada relacionada a déficit imunológico; mudanças na pigmentação. Intervenção: Controle de infecção, cuidados com repouso no leito e mudança de decúbito. 7) Náusea, caracterizado pela sensação de vômito. Intervenção: Incentivar o paciente a ingerir alimentos secos e suaves durante os períodos de náusea. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Através desta experiência, podemos concluir que é de fundamental importância à aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem dos diagnósticos a junto ao paciente com Meningite Criptocócica. A Enfermagem atua fornecendo ao paciente uma assistência individualizada e de maneira holística. A identificação dos principais diagnósticos de enfermagem nesse paciente em estudo foi importante para o planejamento da assistência de enfermagem, que envolve a elaboração de metas, objetivos e prescrições de enfermagem e consequentemente facilita a avaliação da assistência, pelo fato de proporcionar uma linguagem uniformizada e maior segurança ao profissional por meio de uma assistência direcionada relacionada à manutenção restabelecimento do bem estar e conforto do paciente, objetivando identificar os diagnósticos de enfermagem, bem como disponibilizar um plano de cuidados individualizado, direcionado e contínuo que tem por base os princípios científicos atuais.

Palavras-chave


Enfermagem; Sistematização da Assistência de Enfermagem; Meningite Criptocócica

Referências


Consenso em criptococose-2008. Relatório técnico. Rev. bras. Med. Trop. 2008; 41(5): 524-44.

NANDA. North American Nursing Diagnosis Association. Diagnósticos de enfermagem: definições e classificações 2009-2011, São Paulo:. Trad. GARCEZ, Regina Machado. Porto Alegre: Artmed, 2010.