Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Promoção de Saúde Mental dos privados de liberdade da Penitenciária Federal em Catanduvas/PR, 2014
Deciane Mafra, Angela Cristina Rocha Gimenes

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Os principais problemas referentes à saúde mental dos presos custodiados na Penitenciária Federal em Catanduvas/PR são o grande número de queixas de sintomas de insônia e ansiedade, além da grande quantidade de prescrição de psicotrópicos. Este projeto de Intervenção teve inicialmente o objetivo de desenvolver um grupo como estratégia de promoção à saúde mental do sujeito preso, a fim diminuir as queixas relacionadas à saúde mental e reduzir o uso de medicamentos psicotrópicos. No entanto devido às exigências de segurança, as atividades rotineiras da unidade (trabalho, estudo, visitas, audiências e atendimentos de saúde) somadas à falta de efetivo de agentes penitenciários não foi possível a realização do grupo. Dessa forma, foi realizado um estudo para verificar se as atividades de trabalho e estudo formal realizadas pelos presos possuem impacto na saúde mental. De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que pelo menos 21% da população brasileira faz uso ou necessitarão alguma vez na vida, de atenção e atendimento nos serviços de saúde mental, e que 3% da população sofrem de transtornos mentais graves e persistentes. O Sistema Federal possui uma grande rigidez na disciplina, promove o isolamento do sujeito tanto dentro da penitenciária como das suas relações sociais e consequentemente afastamento dos seus vínculos afetivos. Tudo isso tende a impactar na saúde física e emocional do sujeito. Este levantamento foi realizado através dos requerimentos escritos pelos presos, prontuários, SIAPEN (Sistema Integrado de Administração Penitenciária) e entrevista com alguns profissionais da equipe de saúde da penitenciária. Em relação ao uso de psicotrópico 50% dos presos que participam de atividades de estudo formais ou trabalho fazem uso da medicação, mesma porcentagem dos presos que não estão inseridos em nenhuma atividade. No entanto de acordo com relato dos profissionais de saúde, há uma diminuição das queixas e solicitações de atendimentos dos presos que trabalham ou estudam. Dessa forma, foi possível perceber que a participação dos presos nas atividades de estudo e trabalho podem promover a saúde mental dos presos.

Palavras-chave


saúde mental, promoção de saúde, presos, penitenciária federal

Referências


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