Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Organizando as informações na transição de sistemas de informação: SIAB a SISAB
Leika Aparecida Ishiyama Geniole, Gilvania Ficagna, Lucimara da Silva Magalhaes, Sandra Cristina Souza, Joseli Azevedo Amorim, Patricia Zanatta Coneglian

Última alteração: 2015-11-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: A atenção primária em saúde tem como atributos essenciais o acesso, longitudinalidade, integralidade e coordenação do cuidado (STARFIELD, 2002; MENDES, 2009), para se efetivar estes atributos é essencial que os profissionais da equipe administrem  a informação à respeito do seu território (MENDES, 2010). Ou seja, o trabalho em saúde da família deve ser subordinado às características do território da equipe. Somente através do planejamento das ações de acordo com essas necessidades pode-se almejar realizar ações que possam impactar na melhoria das condições de vida dessa população. Para isto a informação atualizada dos dados é essencial. A informação era obtida através da Ficha- A do agente comunitário de saúde (ACS), no qual eram inseridos dados de composição  e estrutura familiar, domicílio e patologias referidas entre outros. Esse instrumento foi substituído quando da implantação do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB) a partir de 2014, no município Campo Grande– MS. O SISAB, criado a partir da publicação da Portaria nº 1412/GM/MS de 10/07/2013, tem por finalidade qualificar o registro e as informações em saúde através da implementação da estratégia e-SUS AB. Essa transição têm desencadeado problemas que estão inviabilizando o acesso à informação através do referido sistema em nossa cidade. A falta de dados dificulta  o planejamento de ações. Diante deste problema a equipe optou por implementar um sistema paralelo de controle. A UBSF Marabá foi implantada em 1999, composta por duas equipes de saúde da família, com duas equipes de saúde bucal e uma assistente social responsável pelas duas áreas. A equipe que está desenvolvendo o trabalho tem sob sua tutela 942 famílias cadastradas com uma população de aproximadamente 4800 pessoas. A equipe é composta por 1 médico, 1 cirurgião-dentista, 1 enfermeiro, 2 técnicos de enfermagem, 1 auxiliar de saúde bucal e 09 Agentes Comunitários de Saúde. O sistema Objetivo Geral: administrar as informações referentes à população da área da equipe de saúde. Específico: Organizar as informações da extinta Ficha– A Atualizar as informações dos programas de HAS, DM e pessoas restritas ao domicílio. Arquivar as informações. Processar as informações. Socializar as informações. MÉTODO: relato de experiência sobre implementação de sistema paralelo de informações, com implantação à partir de março de 2015. A partir dessa data foram iniciadas discussões sobre a necessidade de se recuperar as informações do território, foi solicitado à gestão a habilitação para que a equipe pudesse acessar as informações inseridas pelo ACS dentro do e-SUS. O acesso foi liberado para um membro da equipe, que iniciou o monitoramento da inserção dos dados. Identificou-se neste ínterim a dificuldade de transmissão dos dados e na sequência a "perda" de todas as informações por problemas no sistema. O atual sistema ainda não foi plenamente instalado pelo município, mesmo com os módulos disponibilizados o sistema mostrou-se muito lento e pouco intuitivo. Além disso, aparentemente o servidor do sistema municipal não está suportando o número de acessos no mesmo instante, com frequentes "quedas" do mesmo. Diante disto fez-se a opção por criar um sistema paralelo de informação. Acordou-se a necessidade de resgatar a ficha-A, que foram atualizadas e digitalizadas. Para digitalizar o material foi utilizado um aplicativo instalado no telefone celular, os arquivos foram salvos em PDF. Além disso, foram digitalizados os cadernos contendo informações dos programas de Hipertensão Arterial, Diabetes e pacientes restritos ao domicílio. As informações foram enviadas para armazenamento em nuvens através de email e compartilhado com todos os integrantes da equipe: nove ACS, cirurgião dentista, assistente social, enfermeiro e técnico de enfermagem. As pastas foram organizadas por agentes comunitários e dentro de cada pastas as informações foram organizadas por ruas. As fichas foram nominadas com o nome da mãe da família, ou do dono do domicílio quando não havia a figura “mãe” no domicílio. As pastas foram compartilhadas com todos os membros da equipe de saúde, inclusive com a equipe de saúde bucal. A primeira dificuldade foi resgatar e atualizar as fichas-A, pois encontravam-se desatualizadas desde a implementação do e-SUS; na ocasião a gestão fez a opção de realizar a alimentação do referido sistema, desativando a utilização do SIAB. A segunda foi sensibilizar cada membro da equipe para a execução da ação. Para promover a adesão a mais uma função foi utilizada a metodologia de roda de conversa tendo como tema central: como resgatar as informações do território? RESULTADOS: o primeiro resultado obtido com a ação foi promover a reflexão da necessidade de integração de todos os membros da equipe de saúde e do compartilhamento ágil da informação. Com a intervenção foi possível a atualização cadastral dos moradores da área que encontrava-se desatualizada. Os cadastros de pacientes portadores de hipertensão arterial e diabetes mellitus foram atualizados, tendo sido excluídas as pessoas que mudaram de área e os óbitos. Além disto, a ação possibilitou a chance de convidar os pacientes faltosos às consultas de rotina. A atualização dos pacientes com restrições para sair do domicílio estão sendo visitados para levantamento de necessidades em saúde; as visitas estão sendo realizadas pelos membros da equipe, podendo ser o médico, enfermeira, assistente social ou o cirurgião dentista, todos com foco nas necessidades além do núcleo de formação. As demandas estão sendo repassadas para os membros da equipe para a resolução dos problemas encontrados. Esta forma de organizar o serviço permite ainda que o profissional que fez o diagnóstico do problema possa inserir no arquivo informações referentes à família visitada; informações que podem ser visualizadas pelos outros membros da equipe, inclusive o ACS. Obviamente sendo respeitado o sigilo do indivíduo. A equipe de saúde vem há mais de um ano, desenvolvendo ações em horários alternativos, para melhorar o acesso de trabalhadores ao serviço de saúde. Para que isto ocorra é feito junto ao ACS levantamento de pessoas que têm problemas de saúde, principalmente doenças crônico degenerativas que não frequentam o serviço por causa dos horários de atendimento. Essa ação sempre aumentava a carga de trabalho dos ACS, no sentido de realizar este diagnóstico, com esta nova forma de trabalho é possível que o técnico de enfermagem faça este levantamento, otimizando desta forma o agendamento de consultas. Outra situação que justificou a implementação desta forma de trabalho foi a perda dos dados alimentados no e-SUS AB, quando se iniciou a alimentação do sistema houve falha e todas as informações foram perdidas, gerando  dificuldade de planejar o trabalho com foco nas necessidades do território. Com esta proposta de trabalho, tem sido possível resgatar pacientes que estão com controle inadequados tanto de níveis pressóricos quanto de níveis de glicemia, permitindo desta forma melhor manejo destes pacientes. Pacientes com condição referidas de HAS e DM estão sendo captados para consulta. Outra ação realizada é a avaliação sistemática de cavidade oral para diagnóstico oportuno de lesões pré-malignas; observa-se que os usuários após iniciarem o uso de próteses dentárias não realizavam avaliações periódicas em cavidade oral, hábito que procuramos mudar mostrando a necessidade de realizá-las anualmente, principalmente em pacientes alcoolistas ou tabagistas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A implementação de um sistema paralelo de informação facilitou a organização do trabalho da equipe de saúde, que passou a ter maior controle das necessidades de sua clientela.

Palavras-chave


Saúde da família; processo de trabalho; informação.

Referências


CONASS- Nota Técnica 07/2013. Estratégia e-SUS Atenção Básica. Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica-SISAB.

LAVRAS, C. Atenção Primária à Saúde e a Organização de Redes Regionais de Atenção à Saúde no Brasil. Saúde Soc., v. 20, n. 4, 2011.

MENDES, E. V. Agora Mais que Nunca. Uma revisão bibliográfica sobre a Atenção Primária à Saúde. Cadernos de Saúde Pública, 2009.

MENDES, E. V. As Redes de Atenção à Saúde. Ciência e Saúde Coletiva, v. 15, n 5, 2010.

STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviço e tecnologia. UNESCO, Ministério da Saúde, 2002.