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APRESENTAÇÃO: A Educação Alimentar e Nutricional constitui uma importante estratégia dentro promoção de práticas alimentares saudáveis no nível de Atenção Primária à Saúde (APS) e encontra-se diretamente ligada ao contexto político e social do cuidado em saúde (SANTOS 2005). O território, como um produto e produtor de diferenciações sociais (BARCELLOS e BASTOS, 1996), é de grande importância para as ações realizadas na APS. Desta forma, este trabalho objetiva descrever os grupos educativos sobre alimentação e nutrição sob a perspectiva do território. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Foi desenvolvido um estudo qualitativo com grupos educativos sobre alimentação e nutrição na APS do município de São Paulo. A amostra foi obtida por acessibilidade. Realizou-se a observação sistemática de um encontro de cada grupo educativo, utilizando roteiro desenvolvido pelo próprio grupo de pesquisa. Este roteiro contemplou a caracterização geral, o espaço físico, a participação coletiva, conteúdos abordados, além de outros itens referentes ao processo educativo. RESULTADOS: Observaram-se 53 grupos educativos sobre alimentação e nutrição entre agosto de 2012 a julho de 2014. 17 foram conduzidos em locais externos às Unidades Básicas de Saúde (UBS), como associações de moradores, igrejas, escolas/creches ou casas de moradores. Os demais aconteceram dentro das UBS. Sob a perspectiva da territorialização, destacam-se os 4 grupos observados na região Parque do Carmo, Itaquera. O parque que dá nome à região é uma área remanescente de Mata Atlântica, com lagos e mata ciliar, representando uma grande parte do espaço do território. Somente nesta região, o tema alimentação e nutrição foi associado ao Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS), que constitui uma estratégia municipal associada com questões ambientais, visando à sustentabilidade das ações que acontecem no território, tendo como um de seus eixos “horta e alimentação saudável” (SÃO PAULO, 2015). O Agente de Promoção Ambiental (APA) faz parte do programa. Este profissional esteve presente nos 4 grupos, atuando como coordenador em metade deles. Nos grupos desta região foi abordado o tema “alimentos in natura”, o que raramente foi observado em outros grupos. Estes grupos também foram os únicos a trabalhar o tema “agrotóxicos”. Entre os grupos que não foram coordenados por nutricionistas, estes 4 foram os únicos a desenvolver oficinas sobre uso integral dos alimentos e hortas. Destaca-se a atuação do APA na conexão entre os grupos educativos e as questões do território, já que, muitas vezes, estes já trabalharam previamente como agentes comunitários de saúde (ACS). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os grupos observados na região Parque do Carmo, com suas questões ambientais latentes, como a preservação florestal e a geração de lixo, evidenciam a incorporação do território nos grupos de alimentação e nutrição. Os conteúdos e abordagens educativas observadas não se devem ao acaso, mas se associam com a relação homem/ambiente, que influencia as ações de saúde, os temas trabalhados junto à população e o processo de trabalho dos profissionais. Assim, conhecer o território torna-se de suma importância para planejar e executar ações educativas em alimentação e nutrição na APS, que dialoguem com realidade e modo de vida população.

educação alimentar e nutricional; atenção primária à saúde; território