Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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HUMANIZAÇÃO E A QUALIDADE DE VIDA EM UM CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADURAS
Maria Aparecida de Oliveira do Amaral, Terezinha de Jesus Abreu Souza

Última alteração: 2016-03-15

Resumo


OBJETIVO: Oferecer um atendimento humanizado para que o paciente se perceba com boa qualidade de vida durante a hospitalização. RELATO. A OMS definiu Qualidade de Vida (QV) englobando cinco dimensões: Saúde física, Saúde psicológica, Nível de independência, Relações sociais e Meio ambiente. O conceito abrange as observações necessárias em um Centro de Tratamento de Queimados, referindo-se à saúde física do indivíduo, ao nível de independência, aos relacionamentos sociais, ao estado psicológico, às crenças pessoais e às relações com os principais aspectos do ambiente (FLECK, 2000). A pele é uma fronteira, uma cerca viva ligada diretamente ao sistema nervoso e “à mente do paciente”. Há na pele um “eu-vivo”, um “eu-pele”. O indivíduo que tem seu corpo queimado precisa voltar a moldar sua identidade corporal, seu eu-corpóreo que permite aflorar a gama de emoções, sentimentos, aspirações e desejos que favorecem seu desenvolvimento cognitivo, colaborando para a diminuição do tempo de internação. Somente após esta aceitação das condições corpóreas, o indivíduo estará apto a reconstruir-se. A experiência de ser conduzido nos momentos desta difícil reconstrução da sua identidade corporal e psíquica torna o indivíduo mais acessível ao profissional e mais adaptado às condições de hospitalização terapêutica, muitas vezes estressoras por si só (ANZIEU, 1989). Lipp e Rocha (1996) sugerem que as reservas energéticas podem ser repostas através de técnicas de controle de ansiedade e com o uso adequado da alimentação, relaxamento, mudança de hábitos e exercícios físicos, levando o paciente a uma melhor QV durante a hospitalização. O controle da dor, o suporte nutricional e o suporte emocional são necessários para uma boa percepção de QV durante todo o curso da hospitalização. Firmino (1997) refere que cada membro da equipe de atendimento experimenta sentimentos particulares para com os pacientes queimados e a tendência natural é que sintam a vontade de substituir a “pele biológica” do queimado, protegendo-o do mundo exterior. As atitudes interdisciplinares assumidas pela equipe cercam o paciente de cuidados e comportamentos que amenizam o sofrimento. Todos procuram sair do seu “eu-profissional”, técnico e isento, humanizando-se na necessidade de oferecer melhor QV ao paciente. CONCLUSÃO: A reunião das equipes de atendimento vai além da multidisciplinaridade resultante, ela se torna parte integrante da terapia quando consegue priorizar os aspectos do bem-estar do paciente internado, estabelecendo um padrão adequado de qualidade de vida na hospitalização, contribuindo para descaracterizar a imagem de desumanização atribuída às hospitalizações.

Palavras-chave


Qualidade de vida, queimados, hospitalização

Referências


REFERÊNCIAS

ANZIEU, D.  O eu-pele.  São Paulo: Casa do Psicólogo, 1989.

FIRMINO, J.  Contribuições da psicologia ao paciente queimado.  In: GOMES, D. R.; SERRA. M. C.; PELLON, M. A. (Orgs.).  Tratamento de queimaduras: um guia prático.  Rio de Janeiro: Revinter, 1997. p. 201-209.

LIPP, M. N.; ROCHA, J. C.  Stress, hipertensão arterial e qualidade de vida.  Campinas: Papirus, 1996.