Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O Impacto da Queimadura e a Hospitalização
Maria Aparecida de Oliveira do Amaral, Terezinha de Jesus Abreu Souza

Última alteração: 2016-03-15

Resumo


OBJETIVO: Revelar como o impacto da queimadura exige um tratamento de alta complexidade na hospitalização. Os jovens, por apresentarem uma curiosidade natural que os colocam sempre em situações de perigo potencial durante todos os estágios de crescimento e desenvolvimento, formam uma população de alto risco, facilmente suscetível a lesões por queimaduras. O fogo exerce uma atração muito forte, um verdadeiro fascínio, e costumam incluí-lo em suas brincadeiras, o que os expõe a um maior risco de acidentes. As queimaduras, tais como todos os acidentes, acontecem de forma rápida e imprevisível, não havendo tempo para que o indivíduo se prepare psicologicamente para uma internação hospitalar, como se dá com outras doenças e situações. A queimadura é tratada como trauma de emergência, sendo necessário o socorro imediato. Uma pessoa que por um momento está em perfeito funcionamento físico e mental, se vê repentinamente enfrentando a hospitalização, a dor e o comprometimento de suas funções vitais. O paciente queimado vive uma situação extremamente dolorosa do ponto de vista físico. Sente dores horríveis, torna-se enrijecido, edemaciado, fica impossibilitado de se movimentar, sua pele se torna úmida, seu corpo fica exposto a outras pessoas. Há necessidade de passar por tratamentos dolorosos, como o desbridamento (cortar tecidos que se formam, às vezes, em feridas), a enxertia (transplante de pele de alguma parte do corpo para a área lesada), injeções, curativos, etc. O paciente chamado de “grande queimado” apresenta uma grave agressão à pele. Caso mais de um sétimo da superfície seja destruída, o risco de morte é considerável. A função imunológica fica bloqueada levando o organismo a uma septicemia. Apesar do progresso terapêutico alcançado nos tratamentos de queimados, a evolução para a cura, além de demorada e complexa, é imprevisível. Conforme Anzieu (1989), a pele é uma fronteira, uma cerca viva ligada diretamente ao sistema nervoso e à mente do paciente. Segundo ele, há na pele de um “eu-vivo”, um “eu-pele”, e existe uma dor psíquica, mental, devido à abertura repentina, violenta, nos limites da pele, onde o “eu-pele” se debruça como interface entre o mundo interno do indivíduo e o exterior. São observadas em pacientes queimados, complicações musculoesqueléticas, digestivas e neurológicas; insuficiências respiratória, cardíaca e renal; infecção urinária, vírus varicela-zoster; desequilíbrio de doenças preexistentes e outros problemas. O estado nutricional prévio deve ser criteriosamente investigado, pois que a desnutrição associada à queimadura demanda um grande esforço para minimizar o impacto do estresse e anemia causadas pelo organismo debilitado. O paciente queimado não tem acesso ao prazer durante um período prolongado de tempo. As atividades normais como sorrir, assuar o nariz ou se coçar é dolorosas, sentidas diferentemente por cada paciente, dependendo da sua tolerância à dor e a habilidade em conviver com situações angustiantes. A hora do banho e do curativo é certamente quando a dor surge com maior intensidade, sendo considerada pela maioria dos pacientes como a mais dolorosa. A hospitalização de pré-adolescentes e adolescentes queimados tem sido tema de constante interesse entre os profissionais de saúde, preocupados com os efeitos físico, social e emocional sobre o processo de equilíbrio desses indivíduos. Este tipo de paciente poderá ter facilitada a invasão de seu mundo interno pelas fantasias da agressividade causadas pela dor em excesso e pela situação de hospitalização em geral. Considerando a situação crítica que uma internação hospitalar cria para a vida desse indivíduo, atualmente é lei a permanência da mãe ou responsável junto ao mesmo, quando internado. Esta presença é certamente de suma importância para o bem-estar do indivíduo, nessa hora de sofrimento. Conforme Robert & Pruit (1980), o paciente queimado precisa de todo o apoio para controlar o estresse. O controle da dor e o suporte emocional são necessários durante todo o curso da hospitalização. Conclusão: Observa-se que a dor, talvez, por ser a lembrança constante da injúria, pode ser considerada como elemento mais relevante de estresse na  hospitalização.

Palavras-chave


Queimadura, dor, estresse, hospitalização.

Referências


Referências bibliográficas:

ANZIEU, D. O eu-pele. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1989.

ROBERTS, M. L.; PRUITT, B. A. Cuidados de Enfermagem à Criança Queimada. In: SELYE, H. Stress: A tensão da Vida. São Paulo: Editora Ibrasa, 1965.