Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Avaliação do tempo de liberação do resultado do Exame Citopatológico no Brasil segundo dados do PMAQ
Giulia Pedroso Perini, Evelin Maria Brand, Marcela Silvestre, Dora Lúcia Correa de Oliveira, Luciana Barcellos Teixeira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A incidência do câncer de colo de útero no Brasil é liderada pela região Norte com 23,57 por 100 mil mulheres, seguida pelas regiões Centro Oeste (22,19/100), Nordeste (18,79/100), Sudeste (10,15/100) e Sul (15,87/100) (1). A fim de se obter redução da incidência e da mortalidade pela doença, é ofertado na atenção básica o exame citopatológico (CP) para rastreamento da doença, buscando-se atingir alta cobertura da população-alvo. O Ministério da Saúde preconiza o CP para mulheres com vida sexual ativa, priorizando o rastreamento na faixa etária de 25 a 59 anos (2). Após a coleta do exame, recomenda-se a disponibilização do resultado em até 30 dias (3). O objetivo deste estudo é avaliar o tempo de liberação do resultado do CP no Brasil. Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa com delineamento transversal (4), que analisou dados secundários oriundos do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) (5). O questionário foi aplicado a usuárias nos serviços de saúde em todo Brasil, em 2012. Excluíram-se mulheres que consultavam pela primeira vez na unidade de saúde, ou que a frequentavam por mais de doze meses. Os dados foram analisados por meio do software StatisticalPackage for the Social Sciences (SPSS). A amostra foi constituída por 50.791 usuárias de todo o Brasil, com média de idade de 41,44±16,55 anos, sendo que 11,6% nunca fizeram o exame citopatológico. Em relação ao local de realização do CP, 37.191 (73,8%) mulheres fazem o exame na sua unidade de saúde de referência e 7.343 (14,6%) fazem em outros locais (outra unidade de saúde, hospital, consultório particular e outros). Quanto ao tempo para receber o resultado do exame (p< 0 001), 16,9% das mulheres que fazem o exame na sua unidade de saúde recebem o resultado em até 30 dias e 69,2% recebem em um período maior de 60 dias. Dentre as mulheres que fazem o exame em outro local, 44,2% recebem em até 30 dias e 48,7% em mais de 60 dias. A região Sudeste apresentou melhor resultado, com 27% das mulheres recebendo o resultado do exame em até 30 dias. Nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, 76,2%, 78,2% e 85,2% das mulheres recebem o resultado em mais de 60 dias, respectivamente, (p< 0, 001). Menos de 25% das mulheres obtiveram o resultado do CP dentro do período preconizado de 30 dias. Segundo os dados, o tempo para liberação do resultado é maior na unidade de saúde de referência da usuária do que em outros serviços de saúde. Tal situação pode estar relacionada à busca das mulheres por alternativas que possam ser mais ágeis na liberação de resultados dos exames, o que deve impactar no seguimento dos casos positivos e enfraquecer o vínculo com a sua unidade de saúde. Destaca-se que nas regiões onde a incidência da doença é maior, o tempo para liberação do resultado do exame foi o maior encontrado, ultrapassando 60 dias para mais de 70% das mulheres. Por se tratar de uma amostra oriunda do PMAQ, as conclusões aqui apresentadas são específicas para este grupo estudado.

Palavras-chave


(Rastreamento; Câncer de Colo do Útero; Atenção Primária)

Referências


1 INCA. Estimativa de 2014 para Incidência do Câncer no Brasil. Instituto Nacional do Câncer, 2013. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/sintese-de-resultados-comentarios.asp>. Acesso em: 25 ago. 2015.

2 BRASIL. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2013 (Cadernos de Atenção Básica, n. 13). 3 Sociedade Brasileira de Citologia Clínica (SBCC). Manual de Gestão e Qualidade do Laboratório de Citopatologia. SBCC, 2014. p. 42 Disponível em: <http://citologiaclinica.org.br/wp-content/uploads/2014/03/manual_gestao_qualidade_laboratorio_citopatologia.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2015.

4 ALMEIDA FILHO, Naomar de; BARRETO, Maurício L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

5 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Manual Instrutivo. Outubro 2011.