Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O TORNAR-SE ALUNO ATIVO: A VIVÊNCIA COMO DISCENTE NO MESTRADO PROFISSONAL
Ana Paula de Lima, Edneia Albino Nunes Cerchiari, Lourdes Missio

Última alteração: 2015-10-31

Resumo


APRESENTAÇÃO: A formação dos profissionais de saúde tem sido pautada no uso de metodologias conservadoras e tradicionais, sob forte influência do mecanicismo, com a compartimentalização do conhecimento em campos altamente especializados, em busca da eficiência técnica. Atualmente, com as mudanças advindas no processo de formação e do campo de trabalho, exige-se pensar em uma metodologia para uma prática de educação onde esse profissional durante a sua formação já possa torna-se um indivíduo ativo e apto a aprender a aprender, já que, os conhecimentos e competências vão se transformando velozmente (MITRE, et al., 2008). Metodologia ativa são estratégias usadas em sala de aula, onde o aluno interage ativamente no processo de aprendizagem, ouvindo, falando, perguntado, discutindo, ensinando e fazendo, e o professor é o facilitador do processo em que estimula o aluno de forma ativa, com isso este passa de receptor passivo de conhecimentos (BARBOSA; MOURA, 2013). O uso dessas metodologias proporciona os discentes uma visão crítica reflexiva da realidade, que proporciona também tomar posicionamento como profissional diante dessas vivências. O uso de metodologias ativas ultrapassando os limites do treinamento puramente técnico e podem contribuir para a transformação do sujeito critico reflexivo? Diante disso, foi construído o presente relato de experiência, com o objetivo de expor a experiência vivenciada como discente do Programa de Pós-Graduação para a contribuição da construção de um sujeito ativo. Descrição da experiência: Sou proveniente de um a formação tradicional, nunca havia mantido com contato anteriormente com aprendizagem ativa, ao menos sabia qual era o seu conceito. Os professores de antemão, enviaram os textos paras as aulas, com isso realizei as leituras previamente, porém, não sabia qual o motivo de sabermos com antecedência o que seria abordado durante as aulas. No primeiro dia de aula achei um pouco estranho todos sentarem-se em forma de roda de conversa, um de frente para o outro, sempre fui tímida e, de início relutei em aceitar que seriam dessa maneira, nas outras aulas todos se sentavam enfileirados e, o professor logo convidava a todos para sentarem-se em roda. Ao passar das aulas fui percebendo que o objetivo era criar um debate entre os alunos, e assim permitir um aprofundamento teórico dos conteúdos, em muitas vezes eu iria preparada para dar minhas contribuições, porém, a timidez não permitia, o coração disparava, esquecia minha fala, permanecia calada. Com isso, comecei a repensar, qual era o meu objetivo nesse curso de mestrado, se eu não aprofundava e não tinha coragem de expor minhas vivencias e conteúdo, durante as aulas? Além disso, comecei a observar reflexivamente e criticamente minha pratica profissional, despertando o interesse de fazer algo para mudar a minha rotina como discente e principalmente a profissional. A partir de então, minhas contribuições começaram a compor as discussões do grupo, isso foi um processo lento, porém, foi significativo para mim, posso expor minhas angustias e sei que isso poderá contribuir para os meus colegas também, ao contrário do que eu pensava antes, que minha voz não seria necessária. Durante os seminários, mesmo tímida, comecei a tomar partido e apresentar primeiro, e desenvolvi o gosto de expor meus pensamentos durantes a aula considera que estou em processo de crescimento, com isso, considero que estou obtendo um crescimento interior muito grande, em relação a minha formação acadêmica e profissional, passei a ver com outros olhos as situações, tudo isso pela oportunidade de ser discente do Programa de Mestrado Profissional da UEMS. RESULTADOS: No primeiro dia de aula havia muita expectativa tanto por parte dos professores como pelos alunos. A cada aula com um professor diferente iniciávamos com apresentações, em que cada discente falava brevemente sobre sua trajetória profissional e o projeto de pesquisa. Logo ficou claro que seria uma proposta de aula com um estilo diferente, pois esperava que fossem ministradas como durante a minha formação acadêmica no estilo tradicional. Nesta o docente é um mero transmissor de conteúdo, e o discente cabe apenas uma atitude passiva, expectador e receptora de conhecimentos sem necessidade de reflexão crítica da realidade. Em todas as aulas realizávamos uma roda de conversa para discutirmos sobre a temática da aula. A roda de conversa tem a característica de permitir que os participantes expressem suas impressões, opiniões, conceitos, e concepções sobre o tema proposto, e permite trabalhar reflexivamente as manifestações apresentadas pelo grupo (MELO; CRUZ, 2014). Os conteúdos trabalhados nas aulas eram encaminhados previamente para que o discente, possibilitando leitura prévia do material. Com isso é possível um aprofundamento teórico durante as discussões. Para nós discentes foi uma experiência nova, e a maioria nunca havia vivenciado essa pratica de aprendizagem ativa. A aprendizagem ativa é uma estratégia de ensino muito eficaz, quando comparada aos métodos de ensino tradicionais, como exemplo a aula expositiva, nela os discentes retém a informação por um tempo maior devido sua participação ativa nas aulas (ARAÚJO; AMARAL, 2006). Aos poucos foi ocorrendo o processo de adaptação com maior participação durante as discussões. A abordagem dos alunos, em um primeiro momento, pode parecer simples, mas, na prática, a mudança de papéis pode não ser tão facilmente concebida. Nesse sentido, o discente é estimulado pelo docente a promover e desenvolver sua autonomia em sala de aula. A partir da vivencia desenvolvida em sala de aula, os discentes por estarem inseridos no mercado de trabalho atuando paralelamente como profissionais começaram a refletir sobre suas práticas de trabalho. De acordo com Berbel (2011) as metodologias ativas utilizam a problematização como estratégia de ensino/aprendizagem, com o objetivo de alcançar e motivar o discente, pois diante do problema, ele se detém, examina, reflete, relaciona a sua história e passa a resinificar suas descobertas. Por sua vez, essas práticas vivenciadas pelos discentes no seu cotidiano eram trazidas para o contexto em discussão, provocando enriquecimento das aulas e do grupo. Portanto, desenvolvem-se a aprendizagem ativa quando se interage com o assunto em estudo, sendo estimulado a construir o conhecimento, ouvindo, falando, perguntando, discutindo, fazendo e ensinando ao invés de receber de forma passiva do docente. Para a avaliação desse processo ensino-aprendizagem são utilizados múltiplos instrumentos, de diversas naturezas, de modo que podem ser consideradas as diversas competências esperadas para o aluno ao longo das disciplinas. Nas aulas foram utilizados, seminários, reflexões críticas das aulas, resumo expandido e construção de portfólios através da análise de poemas, filme, quadros e músicas que permitiu que os discentes e docentes refletissem sobre o processo de ensino aprendizagem, com isso atribuir mudança positivas em seu cotidiano para alcançar o objetivo esperado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir da minha vivencia em sala de aula no curso de mestrado, em consequência, contribuiu para o meu despertar, em me tornar uma aluna crítica e reflexiva, e uma profissional mais ativa, pois não podemos ficar na inércia, somos multiplicadores e podemos aplicar na prática estratégias diversas para melhorar o ambiente de atuação profissional. Contudo, através de estímulos positivos, vencerem a timidez, foi meu maior obstáculo, em relação ao falar em público, portanto, agora sei que minhas contribuições em sala de aula são para acrescentar nas discussões, e que são importantes para o enriquecimento do grupo. Como discentes podemos assumir um papel mais ativo, desconstituindo-se da atitude de mero receptor de conhecimentos, e buscar efetivamente a criticidade aos problemas e aos objetivos da aprendizagem.

Palavras-chave


(Docentes, Aprendizagem, Profissionais de saúde).

Referências


ARAÚJO, M. S. T. de; AMARAL, L. H. Impactos do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática da Unicsul sobre a atividade docente de seus estudantes: do processo de reflexão às transformações na prática pedagógica. R B P G, v. 3, n. 5, p. 150-166, jun. 2006.

BARBOSA, E. F.; MOURA, D. G. de. Metodologias ativas de aprendizagem na Educação Profissional e Tecnológica B. Tec. Senac, Rio de Janeiro, v. 39, n.2, p.48-67, maio/ago. 2013.

BERBEL, N. A. N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes. Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40, jan/jun. 2011.

MELO, M. C. H. de; CRUZ, G. de C. Roda de conversa: uma proposta metodológica para a construção de um espaça de dialogo no ensino médio.Imagens da Educação, v. 4, n. 2, p. 31-39, 2014.

MITRE, S. M.; BATISTA, R. S.; MENDONÇA, J. M. G. de; PINTO, N. M. de M.; MEIRELLES, C. de A. B.; PORTO, C. P.; MOREIRA, T.; HOFFMANN, L. M. A. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em saúde: debates atuais. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 13, (Sup 2), p. 2133-2144, out/jul. 2008.