Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Rastreamento do Câncer de Mama nas cinco regiões do Brasil segundo dados do PMAQ
Évelin Maria Brand, Giulia Pedroso Perini, Marcela Silvestre, Luciana Barcellos Teixeira, Dora Lúcia Correa de Oliveira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


O câncer de mama (CM) é a segunda neoplasia mais incidente entre mulheres no Brasil. Estima-se a ocorrência de 57.120 casos novos em 2014. A região Sudeste apresenta maior incidência (71,18/100 mil mulheres); seguida pelas regiões Sul (70,98/100), Centro-Oeste (51,30/100), Nordeste (36,74/100) e Norte (21,29/100) (1). A detecção precoce de lesões pode reduzir a mortalidade pela doença (2). Como estratégia de rastreamento preconiza-se o exame clínico das mamas (ECM) anual e se este apresentar-se alterado, a realização de mamografia. Para mulheres entre 50 e 69 anos, é preconizada a oferta de mamografia a cada dois anos, independente do resultado do ECM (3). Rastrear o CM é fundamental no acompanhamento da distribuição da doença e planejamento de intervenções. Este trabalho tem como objetivo comparar dados relacionados ao rastreamento do CM entre as cinco regiões do Brasil. Trata-se de um estudo epidemiológico ecológico (4), que analisou dados secundários, oriundos do Programa de Melhoria do Acesso e Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) (5). O questionário foi aplicado às usuárias nos estabelecimentos de saúde em todo Brasil, no ano de 2012. Excluíram-se mulheres que consultavam pela primeira vez na unidade de saúde, ou que a frequentavam por mais de doze meses. Os dados analisados por meio do software StatisticalPackage for the Social Sciences (SPSS). A amostra foi constituída por 50.791 usuárias de todo Brasil, a média de idade foi de 41,44±16,55 anos, e destas 12.861 estavam na faixa etária de 50 a 69 anos. Em relação ao ECM, 21.131 (48,1%) mulheres afirmaram que o profissional da saúde realizava o exame durante a consulta ginecológica; e 19.935 (45,4%) referiram que o exame que não era realizado. Nas regiões Sudeste e Sul, o ECM foi realizado em 54,9% e 53,5% das mulheres, representando os maiores valores do país. Nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte, o ECM foi realizado em 43,4%, 40,9% e 25,3% das usuárias, respectivamente (p< 0,001). Quanto ao exame de mamografia para mulheres entre 50 e 69 anos, 9.568 (74,4%) usuárias relataram que já realizaram o exame e 3.293 (25,6%) que nunca precisaram fazê-lo. Entre as regiões do Brasil, destacaram-se a região Sudeste (81,8%) e Sul (81,1%) com as maiores proporções de mulheres que já realizaram mamografia. Já as frequências no Nordeste, Centro-Oeste e Norte foram de 66,3%, 63,3% e 46,8%, respectivamente (p< 0, 001). Como a mamografia não é um exame de acesso universal, o ECM apresenta-se como um importante aliado na detecção precoce da doença. Entretanto, mesmo sendo um método de rastreamento simples e de baixo custo, a cobertura do ECM não ultrapassou 60% em nenhuma região do país. Há estudos que sugerem que uma cobertura de mamografias igual ou superior a 70% das mulheres entre 50 e 69 anos, pode reduzir entre 15% a 23% a mortalidade por câncer de mama (2). Dessa forma, encontrou-se neste estudo que somente nas regiões Sudeste e Sul o exame de mamografia atingiu número satisfatório para possível redução da mortalidade. Por se tratar de uma amostra oriunda do PMAQ, as conclusões aqui apresentadas são específicas para este grupo estudado.

Palavras-chave


(Câncer de Mama; Rastreamento; Atenção Primária à Saúde)

Referências


1. INCA. Estimativa de 2014 para Incidência do Câncer no Brasil. Instituto Nacional do Câncer, 2013. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/sintese-de-resultados-comentarios.asp>. Acesso em: 25 ago. 2015.

2. BRASIL. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2013 (Cadernos de Atenção Básica, n. 13)

3. BRASIL. SISMAMA: informação para o avanço das ações de controle do câncer de mama no Brasil / Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer, 2010.8p.

4. ALMEIDA FILHO, Naomar de; BARRETO, Maurício L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Manual Instrutivo. Outubro 2011.