Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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MAPEAMENTO DOS PROCESSOS DE TRABALHO FRENTE À REDE CEGONHA NO GHC: A CONSTRUÇÃO DE UMA FERRAMENTA DE GESTÃO DO SUS
Fernando Anschau, Jacqueline Webster, Márcia Martins Marquesan, Luiz Roberto Braun Filho, Lauro Luis Hagemann

Última alteração: 2016-01-11

Resumo


INTRODUÇÃO: Os altos coeficientes de mortalidade materna e neonatal no nosso país, bem como as deficiências encontradas no acompanhamento pré-natal e na garantia de acesso com qualidade ao parto e nascimento, foram aspectos determinantes na proposição do governo federal da implantação da Rede Cegonha. Este momento trouxe a necessidade de oferta de novos arranjos organizacionais e de revitalização dos conceitos de rede de atenção à saúde. A concepção participativa dos trabalhadores em saúde e dos usuários do sistema único de saúde nestas construções promulgou transversalmente o enlace de diversas áreas antes fragmentadas. Para que tenhamos um atendimento de qualidade e responsivo, os serviços, de acordo com suas especificidades e capacidade instalada, devem ser resolutivos de forma a não quebrar a linha do cuidado, garantindo uma assistência integral à saúde. A reorganização dos processos de trabalho é base de sustentação para vencer os desafios para alcançar a integralidade na assistência à saúde, aliando- se a isto as ações assistenciais, corroboradas pelas palavras de CECÍLIO & MERHY “... uma complexa trama de atos, procedimentos, de fluxos, de rotinas, de saberes, num processo dialético de complementação, mas também de disputa, vão compondo o que entendemos como cuidado em saúde. A maior ou menor integralidade da atenção recebida resulta, em boa medida, da forma como se articulam as práticas dos trabalhadores [...]”. Ao propormos o presente estudo, suscitamos inevitavelmente a discussão do trabalho vivo em ato em diversos aspectos: propositivo, processual e finalístico. A Rede Cegonha utilizada como modelo de mapeamento de redes de atenção, nos faz salientar também a necessidade de mudança no modelo de atenção com acolhimento, humanização e maior qualificação na assistência; temos, pois a mudança como objeto de estudo. A mudança neste contexto é o objetivo cuja complexidade do dia-a-dia nos traz questões de senso continuum e não findo, além do que, o próprio planejamento de ações – a partir do fluxograma da linha de cuidado expresso - traz a abrangência futura de novas mudanças e da necessidade de re-visita aos fluxos. METODOLOGIA: 1. oficinas de construção do conhecimento a cerca das redes de atenção em saúde; 2.oficinas sobre linhas de cuidado e processos de trabalho; 3.rodas de conversa com todos os setores do GHC envolvidos com a Rede Cegonha (Serviço de Saúde Comunitária, Maternidade do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Maternidade do Hospital Fêmina, Unidades Neonatais do Hospital da Criança e do Hospital Fêmina, Setores de Urgência e Emergência do GHC que atendem gestantes e crianças, Ambulatórios especializados no pré-natal e no atendimento infantil; Unidade de Pronto Atendimento); 4.construção do fluxograma com todos os pontos de atenção interligados em rede a partir da atenção à gestante e à criança; 5.oficinas de oferta do fluxograma da linha de cuidado para as equipes envolvidas com redesenho de fluxos; 6.arte de criação do desenho do fluxo que expresse a identidade do GHC; 7.redação final dos processos de discussão e construção do fluxograma; 8.oferta da ferramenta “linha de cuidado” para a gestão do GHC. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O mapa dos processos de trabalho traz para a gestão a possibilidade de identificação das estruturas, dos fluxos assistenciais, dos processos de trabalho, da inserção de diretrizes clínicas e dos nós - críticos na busca de: 1. da garantia do acesso e qualidade da assistência; 2. do cumprimento de metas pactuadas na contratualização com o gestor; 3. da eficiência e transparência da aplicação dos recursos; e 4. do planejamento participativo e democrático. A gestão da atenção hospitalar neste cenário de visibilidade pelo desenho da linha de cuidado se faz em consonância com o desenho da rede de atenção em saúde, de acordo com: 1. o papel do hospital na rede; 2. a implementação de fluxos regulatórios; 3. a contratualização; e 4. os critérios de monitoramento e avaliação. Impactos do Projeto Impactos – científicos. O trabalho já demonstrou ser o mapeamento dos processos de trabalho na construção gráfica da linha de cuidado uma ferramenta de intervenção nos próprios processos e fluxos do cuidado; Assim, podemos identificar diferentes impactos nos resultados de indicadores já utilizados no monitoramento assistencial e da gestão; É possível medirmos os impactos na qualidade assistencial após o uso da ferramenta; Impactos – econômico social. A identificação de nós críticos para a otimização dos fluxos assistenciais, assim como da necessidade de novos fluxos ou de incorporações tecnológicas traz a possibilidade de ganhos sociais importantes, uma vez que o desenho da linha de cuidado se faz junto com a rede de atenção à saúde; Tornam-se mais transparentes e eficazes as aplicações dos recursos; Impactos – ambiental. O projeto é voltado para o mapeamento dos fluxos e processos de trabalho na rede cegonha; entretanto, a discussão sobre a mudança no modelo de atenção às gestantes e crianças trouxeram a necessidade de adequação da ambiência dentro da nossa instituição. Assim sendo, já estamos com projeto de adequação – ambiência do centro obstétrico e com grupo de trabalho em discussão de um novo hospital materno, infantil e do adolescente no GHC. Aplicabilidade para o SUS. É um projeto voltado ao desenho de linhas de cuidado dentro do Sistema Único de Saúde, pensado para ter centralidade no usuário do SUS. A realização do projeto já traz mudanças e qualificação assistencial dentro do Grupo Hospitalar Conceição, caracterizado por ser 100% SUS.

Palavras-chave


Mapeamento, Processos, Rede Cegonha, Ferramenta

Referências


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