Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Relação profissional-usuário do SUS e Participação Popular
Kellinson Campos Catunda, Ana Luisa Batista Santos, Marcos Augusto Araujo Silveira, Joel de Almeida Siqueira Júnior

Última alteração: 2015-11-04

Resumo


APRESENTAÇÃO: Vários são os benefícios alcançados a partir das práticas corporais. A melhora da capacidade respiratória, o desenvolvimento da força, do equilíbrio e da flexibilidade são ganhos que permeiam a vida diária dos participantes e atuam preservando a auto-estima. Esses ganhos, entretanto, devem ser obrigatoriamente monitorados pelos profissionais de Educação Física (PEF), de maneira especial em participantes com patologias, cabendo aos primeiros à missão de fazer com que os segundos compreendam melhor sua doença e, assim, perceba, de maneira mais clara, suas possibilidades e limitações (CONFEF, 2010). É com esse pensamento que hoje o Profissional de Educação Física tem sua intervenção garantida na Estratégia de Saúde da Família (ESF), através dos Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF). É através dos núcleos que são implantados nas unidades básicas de saúde que o profissional de educação física realiza atividades físicas orientadas com o intuito de levar a população práticas saudáveis que visem à prevenção de doenças e promoção da saúde, ou seja, a profissional busca melhorar a qualidade de vida para os usuários. O Profissional de Educação Física no Sistema Único de Saúde (SUS) abrange desde práticas corporais e atividades físicas até a Educação Popular a qual requer a participação da comunidade nesse processo de construção do saber e das ações de saúde. Sabendo da importância da Participação Popular, faz-se necessária a investigação de elementos que contribuam com o envolvimento dos usuários dos SUS e fortalecimento do vínculo com a comunidade. Na saúde, a Educação Popular configura-se a partir das práticas populares e das experiências de profissionais que atuam junto às comunidades e aos movimentos populares e sociais, dinamizando sua atuação a partir dessa integração. Visa participar do esforço das classes subalternizadas para a organização do trabalho político, a fim de abrir caminho para a conquista da liberdade e de seus direitos (BRANDÃO, 1982). Esse texto tem o objetivo de apresentar a importância do vínculo entre o profissional de saúde e da comunidade no desenvolvimento da Participação Popular. Metodologia: Trata-se de um relato de pesquisa sobre grupos de atividades físicas/ práticas corporais facilitados por profissional de Educação Física (PEF) na cidade de Sobral-CE durante o mês de fevereiro de 2015. A técnica utilizada foi à observação participante assistemática, em que o pesquisador participou de alguns espaços de atuação do Profissional de Educação Física e as informações empíricas foram registradas em um instrumento em que denominamos diário de campo. O observador está em relação face a face com os observados e, ao participar da vida deles, no seu cenário cultural, colhe dados. (Schwartz & Schwartz, 1993, apud Minayo, 2013, p. 27). Durante o processo de construção das informações empíricas foram observados ênfases em temas como história profissional pessoal no SUS, dificuldades e facilidades do trabalho e relacionamento com a comunidade. A pesquisa seguiu todos os princípios éticos conforme a resolução número 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, tendo parecer favorável para sua execução pela Comissão Científica da Secretaria Municipal de Saúde de Sobral-CE. RESULTADOS OU IMPACTOS: O profissional relatou que sua trajetória na Atenção Primária a Saúde teve início no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, sendo as práticas corporais e atividade física as expertises as quais os profissionais de Educação Física dão apoio à estratégia de saúde da família, estas foram solicitadas por um grupo de senhoras da associação comunitária que requisitou um momento com o PEF, no qual pactuaram a formação de um grupo de práticas corporais. A comunidade ajudou a providenciar o local, por meio de uma parceria com uma escola pública, pois a unidade de saúde não dispunha de espaço suficiente.  Enquanto coletivo atuante também se organizou para adquirir materiais necessários para a realização da atividade, a exemplo da caixa de som e microfone, montaram uma equipe de limpeza do local, outra para divulgar o grupo, (entrevistas na radio local e confecção de camisas), além da influência significativa na contratação do profissional residente pelo NASF através de um abaixo assinado, apresentado nas reuniões do conselho local de saúde, coordenação do NASF e secretaria de saúde do município. O fortalecimento do movimento de gestão participativa na saúde contribui para o enriquecimento de saberes dos indivíduos, fomenta o controle social, aprimorando o senso crítico e formando espaços verdadeiramente democráticos. Ademais o estreitamento dos laços com a comunidade através da participação em eventos como novenas bingos e comemorações no bairro, segundo o PEF, constituiu um elemento imprescindível à formação profissional para o SUS. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, o vínculo construído entre o profissional de saúde e a comunidade durante a residência e perdurado como profissional do NASF proporcionou o aumento da Participação Popular e comprovou que esse processo pode tensionar uma formação profissional mais holística, crítica, propositiva encharcada de criatividade libertadora. Além de colaborar com a melhoria dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde, pois provoca à população ir ao encontro dos seus desejos perpassando disputas e interesses políticos a fim de garantir a integralidade da saúde, o quê lhes é de direito. Neste contexto, cabe ampliar a valorização profissional, na perspectiva de garantir estratégias para que profissionais que passaram por um processo de formação pelo e para o SUS, a exemplo dos residentes sejam absorvidos pelo Sistema como profissionais efetivos no Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF). A criação do NASF se deu com o objetivo de complementar e qualificar o trabalho das equipes de saúde da família, buscando, portanto a integralidade de forma completa da saúde, ou seja, do estado saudável do corpo e da mente Os princípios do NASF são pautados na promoção da saúde e na prevenção de agravos e doenças que proporcionam o elo unidade de saúde-usuário. Pois, acredita-se que a criação do vínculo com a comunidade possa propiciar um ambiente favorável para troca de saberes que corroborem na edificação da saúde bio-psico-social. (BRASIL, 2008). Todavia acredita-se na potencialidade transformadora da participação popular nos serviços de saúde. Ressalta a necessidade de expandir a experiência para outros setores de saúde do município para que os aspectos positivos sejam compartilhados e dialogados  a fim se construir uma saúde equânime para todos.  

Palavras-chave


Atenção Primaria a Saúde; saúde da família; participação popular

Referências


BRANDÃO, C. R. Lutar com a palavra: escritos sobre o trabalho do educador. Rio de Janeiro: Graal, 1982.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 154. Cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF. Brasília, 2008.

 

CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CONFEF. Recomendação sobre condutas e procedimentos do profissional de Educação Física na Atenção Baásica à Saúde. Rio de Janeiro: CONFEF, 2010.

 

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 10 ed. São Paulo: HUCITEC, 2008.