Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A INFLUÊNCIA DO BULLYING NOS ASPÉCTOS PSICOSSOCIAIS DA CRIANÇA COM DISPLASIA ECTODÉRMICA E O CONHECIMENTO DE SEUS RESPONSÁVEIS E PROFESSORES A RESPEITO DA DOENÇA: UM OLHAR DE ENFERMAGEM
Eduardo Gomes Cardozo, Ana Paula Gomes de Oliveira, Bruna Moreira de Almeida, Daniela Lira de Lima Coe da Silva, Alan Messala de Aguiar Britto, Leila Chevitarese

Última alteração: 2016-01-12

Resumo


OBJETIVO: Identificar o bullying na vida social de uma criança portadora de displasia ectodérmica e sua influência no cotidiano escolar, investigarem o conhecimento de professores e pais sobre situações em que esta criança tenha sido vítima de bullying, além do conhecimento deles sobre a doença. APRESENTAÇÃO: Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa, descritiva e exploratória realizada como requisito para aprovação na disciplina Seniorato I por acadêmicos do nono período de Enfermagem da UNIGRANRIO, ocorrida em uma escola privada do Município de Duque de Caxias, com os professores que lidam com uma criança portadora da doença e seu responsável, participando apenas os indivíduos que, quando convidados, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, sendo realizada com questionários semi-estruturados aplicados no período entre 01 e 09 de outubro de 2015. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Denomina-se bullying atos de violência exercidos por pessoas que possuem necessidades de subjugar outras para se autoafirmar, representando riscos à saúde que segundo Neto (2007) se reflete a curto e médio prazo na personalidade de todos os envolvidos: agressores, vítimas e expectadores, que muitas vezes, tendem a ser condescendente com tais atitudes. É uma realidade presente em muitas escolas, estando muitas vezes silenciosa, o que faz com que seja de difícil detecção pelos professores, sendo praticado por alunos de ambos os sexos, pois Oliveira-Menegotto, Pasini e Levandowski (2013) afirmam que meninos estão mais envolvidos com o bullying direto e as meninas estão mais envolvidas com a forma indireta. Segundo Mendes (2011), o bullying direto é a forma mais fácil de identificar, consistindo-se em agressões verbais como ameaças, agressões físicas e termos pejorativos e o bullying indireto é a forma mais difícil de reconhecer, estando representada na exclusão e no isolamento social, disseminação de histórias e de boatos a respeito da pessoa alvejada. Um dos fatores de risco é a Displasia Ectodérmica, uma desordem genética que afeta a ectoderme do concepto, sendo este o folheto embrionário responsável pela gênese da epiderme. Divide-se em dois grupos: Displasia Ectodérmica Hidrótica e Displasia Ectodérmica Hipoidrótica ou Anidrótica. A Displasia Ectodérmica Hidrótica é uma desordem autossômica dominante evidenciada pela tríade alopécia, hiperceratosepalmoplantar e unhas distróficas. Pode apresentar ausência ou escassez de sobrancelhas e pêlos do corpo. As unhas apresentam crescimento lento e aspecto anômalo, podendo suceder diversas infecções repetitivas e os dentes na maioria dos casos são normais, sem irregularidades na transpiração. Anomalias ópticas incluem a estrabismo, catarata prematura e conjuntivite, podendo apresentar também sindactilia, polidactilia e atenuação da audição (SARMENTO et al, 2006). Já a Displasia Ectodérmica Hipoidrótica ou Anidrótica, é caracterizada por hipotricose, hipohidrose e hipodontia. Está mais presente em homens com herança recessiva ligada ao cromossomo X, apesar de divergências com herança autossômica dominante e recessiva. Podem apresentar febre, hipertermia grave, intolerância ao calor e em alguns casos evoluir para morte súbita (ARANIBAR D., 2005). Devido às suas características evidentes, os portadores da doença podem vir a se tornarem vítimas de bullying, estando seus agressores diretamente ligados à falta de conhecimento relacionado a esta afecção. RESULTADOS: A pesquisa se refere a um menino de 8 anos de idade, portador da Displasia Ectodérmica, aluno do 3º ano do Ensino Fundamental o qual afirma gostar muito da escola onde estuda. Assegurou que já tinha ouvido falar de bullying e relatou que na escola, a professora já tinha conversado sobre o assunto, porém, seus pais ainda não. Relatou ter sido vítima de bullying na escola uma ou duas vezes, sendo insultado e chamado de nomes feios, sofrendo agressão física e inventando mentiras ao seu respeito, mas que sofreu por pouco tempo com apenas uma colega de turma e que optou por não contar para ninguém, sendo assim, seus pais e professores não souberam da ocorrência, impossibilitando-os de tomar atitudes cabíveis. Participa de brincadeiras e jogos, nunca sendo isolado de propósito. Afirma sentir-se seguro na escola, apesar de ter medo de ser maltratado. A mãe, responsável legal da criança na pesquisa, alegou ter conhecido a doença em uma consulta médica e teve boa aceitação do diagnóstico. Relatou outros casos da doença na família do seu cônjuge. Descreve a personalidade dos portadores de displasia ectodérmica da sua residência como: alegres, amistosos e ansiosos, e com grande variação de humor, o que não parece ter relação direta com a doença, mas serem traços da individualidade de ambos. Relacionado ao convívio social, desconhece história de agressão física ou verbal sofrida pelo seu filho motivada pela doença, porém, conhece relatos de bullying sofrido por este na escola. Não foi constactada pela escola para conversar sobre o assunto, porém, quando informada pela criança, além de abordar o tema com esta, procurou a instituição para relatar o fato. Atesta que seu filho possui ótimo desempenho escolar e convívio social e excelente relacionamento família/escola. Assegura conhecimento de agressões físicas e verbais relacionadas à doença sofridas pelo outro membro da família portador da displasia ectodérmica, que parecem não influir em cuidados excessivos da mãe sobre o convívio escolar da criança. Os professores relataram não haver problemas relacionados à socialização desta criança, afirmando sua elevada auto-estima e bom convívio social, evidenciando o desconhecimento sobre a doença e apontando como os responsáveis pela informação a família, os serviços de saúde, as universidades e a mídia. A enfermagem, como promotora do cuidado, possui um papel fundamental na promoção e na proteção da saúde, e utilizando a Teoria do Auto Cuidado, orienta a si e aos cidadãos envolvidos, buscando melhorias de vida em todos os aspectos. Neste cenário, a escola se apresenta como um campo de atuação, abarcando todos os envolvidos neste processo. Segundo Figueiredo (2009), são três os requisitos de autocuidado ou exigências: universais, de desenvolvimento e de desvio de saúde, e embutidas na teoria encontram-se três teorias: a teoria do déficit de autocuidado, a teoria do autocuidado e a teoria dos sistemas de enfermagem (VITOR, LOPES E ARAUJO, 2010). Os sistemas de enfermagem são as necessidades de instruir os professores da escola sobre a doença com ações educativas. O déficit do auto cuidado pode ser entendido como a dificuldade dos pais em estabelecer um cuidado eficaz, como a superproteção, precedente de dificuldades de socialização, e o autocuidado visa à criança que possui a doença e as que a cercam, minimizando os efeitos nocivos do bullying através do lúdico. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Displasia Ectodérmica é uma doença pouco mencionada no âmbito social, trazendo riscos de bullying sobre seus portadores. Contudo, o enfermeiro deve atentar-se para o acolhimento, atuando em coadjuvação com a escola neste processo, através de ações embasadas na Teoria de Orem, que abracem o portador da displasia ectodérmica e a sociedade rumo a práticas de educação e saúde visando à erradicação e/ou a atenuação dos malefícios do bullying nas partes envolvidas.      

Palavras-chave


Palavras-chave: Displasia Ectodérmica, bullying, enfermagem, criança, familiares, professores, saúde, educação

Referências


ARANIBAR D., Ligia et al. Displasia Ectodérmica hipohidrótica, caso clínico y revisión de la literatura. Rev. chil. pediatr.,  Santiago ,  v. 76, n. 2, abr.  2005. Disponível em: http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0370-41062005000200007&script=sci_arttext. Acesso em 06/01/2015.

FIGUEIREDO, MHJS. ENFERMAGEM DE FAMÍLIA: UM CONTEXTO DO CUIDAR, 2009, 550f, Dissertação (Doutoramento) - Universidade do Porto, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Porto, Portugal, 2009. Disponível em http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/20569/2/Enfermagem%20de%20Famlia%20Um%20Contexto%20do%20CuidarMaria%20Henriqueta%20Figueiredo.pdf. Acesso em 15/09/2015.

LOPES NETO, Aramis A., Bullying, Adolescência e Saúde, v. 4, n. 3, p. 51-56, Jul/Set, 2007. Disponível em http://www.adolescenciaesaude.com/detalhe_artigo.asp?id=101. Acesso em 28/02/2015.

MENDES, Carla Silva. Prevenção da violência escolar: avaliação de um programa de intervenção. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v.45, n.3, p.581-588, June  2011. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000300005. Acesso em 29/07/2015.

SARMENTO, Viviane Almeida et al, Displasia Ectodérmica – Revisão da Literatura e Relato de Casos Clínicos, Sitientibus, Feira de Santana, n.34, p.87-100, jan./jun. 2006. Disponível em: http://www2.uefs.br/sitientibus/pdf/34/displasia_ectodermica.pdf. Acesso em 21/01/2015.

VITOR, Allyne Fortes, LOPES, Marcus Veníceus de Oliveira, ARAUJO, Thelma Leite de, Teoria do déficit de autocuidado: análise da sua importância e aplicabilidade na prática de enfermagem, Esc. Anna Nery, v.14, n.3, Rio de Janeiro, July/Sept. 2010. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-81452010000300025&script=sci_arttext. Acesso em 28/02/2015.