Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL E SUA RELEVÂNCIA PARA O TRABALHO HUMANIZADO NO AMBIENTE HOSPITALAR
Barbara Zanchet, Josemara de Paula Rocha, Clarice Maria Peripolli, Caroline Faust, Mariane Schneider, Walter Antônio Roman Junior

Última alteração: 2015-10-22

Resumo


INTRODUÇÃO: Os Programas de Residência Multiprofissionais em Saúde vem sendo apoiados pelo Ministério da Saúde desde 2002 e devidamente regulamentados a partir da promulgação da Lei n° 11.129 em 2005. Esta modalidade de pós-graduação, que recebe investimento na sua potencialidade pedagógica e política, tem por objetivo possibilitar tanto a formação de profissionais quanto contribuir com a mudança do desenho tecnoassistencial do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2006). O trabalho do residente multiprofissional junto às equipes de saúde em área hospitalar visa à formação de uma equipe multiprofissional, que desempenham ações de caráter interdisciplinar voltados para a assistência integral do usuário. Para isso, este profissional ao longo do seu processo de formação aprimora competências para o trabalho emequipe, busca constantemente novas alternativas e assume responsabilidades com o usuário e com o serviço de saúde no qual está inserido (CUNHA; VIEIRA; ROQUETE, 2013). Dentre as responsabilidades do profissional residente, está o exercício do trabalho humanizado, bem como a motivação de toda a equipe, o que vem em consonância com a Política Nacional de Humanização (PNH), que tem como um de seus objetivos centrais, enfrentar desafios enunciados pela sociedade brasileira quanto à qualidade e à dignidade no cuidado em saúde (BRASIL, 2004; PASCHE; PASSOS; HENNINGTON, 2011). Partindo do exposto este trabalho objetiva apresentar as atividades realizadas pelos residentes do Programa de Residência Multiprofissional Integrada nas Áreas de Atenção ao Câncer e Saúde do Idoso em um ambiente hospitalar de grande porte localizado no estado do Rio Grande do Sul, e sua contribuição na humanização do serviço. DESCRIÇÃO DO ESTUDO: O trabalho desenvolvido se configura como um relato de experiência das atividades desenvolvidas pelos residentes do Programa de Residência Multiprofissional Integrada nas áreas de Atenção ao Câncer e Saúde do Idoso do Hospital São Vicente de Paulo em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Passo Fundo e a Universidade de Passo Fundo (UPF). As áreas de formação dos residentes eram: Enfermagem, farmácia, fisioterapia e nutrição, porém as atividades desenvolvidas em âmbito hospitalar pelos residentes também envolviam demais funcionários do hospital, como assistentes sociais, odontólogos e médicos. As atividades desenvolvidas pelos residentes eram adequadas aos setores os quais atuavam, sendo relatadas neste trabalho as atividades desenvolvidas no setor de radioterapia, quimioterapia onde atuavam os residentes na área de Atenção ao Câncer e unidade de internação de pacientes com doenças crônicas (em sua maioria idosa) onde o trabalho era desenvolvido pelos residentes na área de Atenção a Saúde do Idoso. As atividades foram desenvolvidas durante os 24 meses de especialização, sendo aprimoradas e reestruturadas de acordo com as demandas encontradas ao longo do desenvolvimento de cada uma delas. RESULTADOS: As atividades desenvolvidas nos setores de radioterapia e quimioterapia eram de responsabilidade dos residentes em oncologia. Dentre as atividades desenvolvidas no setor de radioterapia, destacou-se o grupo de apoio as mulheres com câncer de mama, cujo objetivo era trocar informações com as pacientes a respeito de seu tratamento, bem como realizar educação em saúde. Todos os profissionais trabalhavam em conjunto nas intervenções, diariamente, sendo cada dia de responsabilidade de um profissional. Os principais temas abordados foram: prevenção de linfedema, alimentação, saudável, uso de chás durante o tratamento de câncer e prevenção de radiodermites. Durante os encontros havia sempre a participação de um preceptor e a presença de um residente de cada área, independente da temática, permitindo que os pacientes se sentissem a vontade para fazer questionamentos bem como acolhidos por toda a equipe do setor. Já no setor de quimioterapia, eram realizadas as consultas interdisciplinares, onde cada paciente ao iniciar o tratamento de quimioterapia era acolhido pelos residentes das diferentes áreas em estágio no setor. Durante a consulta eram realizadas orientações nutricionais, o acolhimento por parte da enfermagem (que posteriormente realizava consulta individualizada) e avaliação fisioterapêutica. Durante a conversa o paciente conhecia a equipe que o acompanharia durante o tratamento permitindo se sentir confortável para o esclarecimento de dúvidas, se não durante a consulta, em uma conversa breve nos corredores com o profissional que sentia maior afinidade. Na unidade de internação dos pacientes com doenças crônicas, a atividade de destaque eram os rounds que ocorriam diariamente no setor, para o debate dos casos que aspiravam maiores cuidados e preocupações por parte da equipe. Destas reuniões, participavam os residentes na área de Atenção a Saúde do Idoso e preceptores da área da enfermagem, fisioterapia e nutrição. Nestas reuniões havia a discussão a respeito da patologia, avaliação das condutas e verificação da necessidade de visita domiciliar para o repasse de orientações a família. Por se tratar da primeira turma de residentes multiprofissionais do Hospital São Vicente de Paulo, muitas foram às adaptações e mudanças para que as atividades formuladas pudessem ser desenvolvidas com êxito e com a participação não só de residentes, mas como também dos demais profissionais que compunham a equipe hospitalar. O principal desafio encontrado para os desenvolvimentos das atividades foi à percepção do residente multiprofissional como um mero prestador de serviço e cumpridor de demandas. Ao longo dos treinamentos de preceptores e de inúmeras reuniões entre coordenação, preceptores e residentes, o papel do residente foi sendo revisto e mais do que isto, as atividades desenvolvidas começaram a surtir os resultados esperados como sensibilização quanto à humanização do serviço das equipes envolvidas, reconhecimento por parte dos pacientes do papel dos profissionais de saúde como agentes educadores em saúde e de sua atuação quanto à prevenção de agravos, maior visibilidade do programa de residência multiprofissional por parte da imprensa e da mesma forma, da instituição hospitalar pela população geral. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As atividades desenvolvidas nos setores supracitados permitiram uma visão diferenciada do papel do residente multiprofissional inserido em uma instituição hospitalar. As ações desenvolvidas auxiliaram no despertar dos profissionais que compunham a equipe quanto à prática do cuidado humanizado e, sobretudo na visão do paciente no contexto em que ele está inserido e a importância de um cuidado integral. Para o paciente, as estratégias realizadas, propiciaram uma aproximação com o profissional de saúde que presta o cuidado, mais do que isso, o vinculo criado permite ao paciente uma maior liberdade para questionar as terapêuticas empregadas no seu tratamento, esclarecer duvidas, que podem ser fundamentais neste período em que sua saúde e o meio em que estão inseridos se encontram fragilizados.    

Palavras-chave


Humanização da assistência;Equipe de assistência ao paciente; Especialização

Referências


BRASIL. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Residência multiprofissional em saúde: experiências, avanços e desafios / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 414p.

BRASIL. Presidência da República. Lei n. 11.129, de 30 de junho de 2005. Institui o Programa Nacional de Inclusão de Jovens (PROJOVEM); cria o Conselho Nacional da Juventude (CNJ) e a Secretaria Nacional de Juventude; altera as Leis n. 10.683, de 28 de maio de 2003, e 10.429, de 24 de abril de 2002; e dá outras providências. Brasília, DF, 2005.

CUNHA, Y. F. F.; VIEIRA, A.; ROQUETE, F. F. Impacto da Residência Multiprofissional na firmação profissional em um hospital de ensino de Belo Horizonte. In: SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, X., 2013, Rezende. Anais... Rezende, 2013.

PASCHE, D. F.; PASSOS, E.; HENNINGTON, E. A. Cinco anos da Política Nacional de Humanização: trajetória de uma política pública. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.16, n.11, p.4541-4548. 2011.