Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Atuação da enfermagem no atendimento a mulher em situação de violência sexual: revisão integrativa
Iluska Lopes Schultz, Carolina Mariano Pompeo, Débora Sakamoto Silva, Maria Auxiliadora de Souza Gerk, Cristina Brandt Nunes

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A violência contra a mulher é considerada um problema de saúde pública e constitui uma das principais formas de violação dos direitos humanos. A violência sexual trata-se da ação que obriga uma pessoa a manter contato sexual, físico ou verbal, ou participar de outras relações sexuais com uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule o limite da vontade pessoal. Considerando o exposto e a importância da enfermagem diante de tal situação, a questão que norteou o estudo foi: Quais as ações de enfermagem diante da violência sexual contra a mulher? OBJETIVO: Conhecer a produção científica existente nos últimos dez anos acerca da violência sexual contra a mulher e a atuação da enfermagem, disponíveis na forma online. MÉTODO: Trata-se de revisão integrativa literatura a respeito da temática da violência sexual contra a mulher e a atuação da enfermagem, realizada durante o mês de agosto de 2015. Para a seleção dos estudos foi utilizada a Biblioteca Virtual em Saúde, sendo selecionadas as bases de dados da Literatura Latino Americana e do Caribe (LILACS) e do Índice Bibliográfico Espanhol de Ciências da Saúde (IBECS). O período de publicação delimitado foram os últimos dez anos, de 2005 a 2015 e os descritores utilizados foram: violência contra a mulher, violência sexual e enfermagem, combinados com o operador booleano “AND”, nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola. Os critérios de inclusão utilizados foram: estudos que retrataram a temática, publicados na forma de artigo, com classificação Qualis Capes de A1 a B2, disponíveis integralmente, gratuitos, publicados em português, inglês e espanhol, em periódicos nacionais ou internacionais, indexados nas bases de dados já referidas e com data de publicação entre 2005 e 2015. Foram excluídos os estudos que não atenderam os critérios acima e aqueles que se mostraram repetidos nas bases de dados. Resultados: Foram localizados 280 artigos, sendo 81 artigos na busca com os descritores na língua portuguesa; 117 com os descritores na língua inglesa e 82 com os descritores na língua espanhola. Após leitura do título e verificação da aderência à temática, considerando os critérios de inclusão, foi obtida uma amostra final de 15 artigos, sendo 11 em língua portuguesa, 1 em língua inglesa e 3 em língua espanhola. Destes, 12 (80%) estavam indexados na base de dados da LILACS e 3 (20%) na base de dados do IBECS. A maioria dos estudos foi publicada no ano de 2012, sendo 6 publicações (40%), seguida de 5 publicações em 2013 (33,3%), 3 publicações em 2011 (20%) e uma publicação em 2009 (6,7%). Quanto ao delineamento metodológico, 6 estudos (40%) são quantitativos transversais, 6 (40%) de abordagem qualitativa e 3 (20%) revisões de literatura. A respeito do país de origem, houve predomínio do Brasil, o qual foi responsável por 11 (73,3%) estudos publicados, seguido da Espanha com 3 estudos (20%) e Portugal com apenas um estudo (6,7%). Os estados brasileiros com maior número de publicações foram Rio Grande do Sul com 4 publicações (26,7%) e Bahia com 2 publicações (13,3%). Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba e Brasília foram responsáveis por uma publicação (6,7%) cada. O periódico de publicação predominante foi a Acta Paulista de Enfermagem, com 3 artigos (20%), seguida pelos periódicos Online brazilianjournalofnursing, Escola Anna Nery, Revista de Enfermagem da UERJ e Enfermeira Global com 2 artigos (13,3%) cada e pelos periódicos Interface - comunicação, saúde, educação; Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste; Índex de Enfermaria e Saúde e Sociedade com um artigo (6,7%) cada. Dos periódicos integrantes um possui Qualis Capes A2 (11,1%), 5 possuem Qualis Capes B1 (55,6%) e 3 possuem Qualis Capes B2 (33,3%). Dos estudos selecionados, 9 (60%) abordaram a atuação da enfermagem frente à mulher que sofreu violência sexual e 1 (6,7%) abordou as atitudes dos estudantes de enfermagem acerca do tema em questão. Os estudos que abordaram a prática da enfermagem demonstraram que a assistência prestada à mulher em situação de violência sexual não a compreende em seus aspectos biopsicossociais, o que conduz a uma assistência fragmentada, refletindo o despreparo profissional, inclusive dos gestores das unidades de saúde, para a identificação de mulheres em situação de violência conjugal e para o cuidado adequado, ficando as ações muitas vezes limitadas. Entretanto, ficou comprovado nos estudos que o enfermeiro, por ser gerenciador do cuidado e fazer a articulação entre os demais profissionais e serviços, é um profissional-chave na assistência à mulher em situação de violência, além de existir dos enfermeiros um sentimento de revolta, conforto e carinho a essas mulheres, respeitando a decisão e o contexto em que as mesmas vivem, inclusive, o desejo de reabilitação com o companheiro. Dos demais estudos, 4 (26,7%) descreveram os diferentes tipos de violência sofridas pelas mulheres, incluindo a violência sexual neste contexto. A violência física mostra-se presente em mais da metade dos casos registrados e quanto à violência sexual há predomínio do estupro, o qual é praticado em sua maioria por desconhecidos ou por parceiros íntimos. Este último tipo de violência quando praticada por parceiro íntimo vem acompanhado muitas vezes da dificuldade de reação ou até mesmo da coerção moral da mulher, para que o ato sexual seja consumado. Por fim, um artigo (6,7%) relacionou a violência contra a mulher ao poder, privilégio e controle masculinos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Observou-se com a presente pesquisa o déficit de publicações focadas na violência sexual contra a mulher e a atuação da enfermagem diante da mesma. Os estudos estão voltados em sua maioria para as agressões físicas e aqueles que tratam das ações de enfermagem mostram-se pouco objetivos. Nesse sentido, há uma lacuna de conhecimento nessa área e há necessidade de mais estudos em todo o mundo que orientem as práticas da enfermagem no processo de enfrentamento dessa situação, levando em conta o contexto biopsicossocial da mulher. É necessário buscar a inserção da temática da violência na grade curricular dos cursos de graduação em enfermagem, como também a reflexão sobre a importância da elaboração de estratégias de prevenção e de melhoria da qualidade dos serviços de saúde, com a sensibilização dos profissionais que primeiro atendem essas mulheres, a fim de contribuir, se não para o fim do ciclo da violência, ao menos para a sua redução.

Palavras-chave


Violência contra a mulher; Violência Sexual; Enfermagem.