Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
Implantação do Programa de Segurança do Paciente em uma rede de atenção a saúde
Rosana Claudia Mirandola, Elenara Oliveira Ribas, Márcio Mariath Belloc

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


APRESENTAÇÃO: O atendimento aos usuários do sistema de saúde é cada vez mais complexo. Neste contexto de multidisciplinaridade e complexidade, manter a segurança do paciente é primordial para conseguir um resultado assistencial desejado. Quedas, infecções, erros de medicação (incluindo prescrição) e outros eventos adversos são extremamente comuns nas unidades hospitalares e a maior parte destes eventos é possível de ser prevenida. Esta realidade tem mudado com o aumento do conhecimento em gestão de risco na saúde e com o envolvimento de organizações internacionais e nacionais em campanhas, processos educacionais e regulamentações focadas no aumento da segurança do paciente. A publicação da RDC 36 de 25 de julho de 2013 apresenta um grande avanço em direção a consolidação de processos de segurança. É também, um grande desafio para as instituições, trabalhadores e usuários, pois prevê a participação de todos nos processos de segurança. O objetivo deste trabalho é descrever o processo de implantação do Programa de Segurança do Paciente em uma rede de hospitais com complexidades diferentes. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O grupo em estudo, denominado Grupo Hospitalar Conceição, situado em Porto Alegre, RS, é formado por 4 hospitais de características distintas e localizados em áreas físicas diferentes: 1 hospital geral de alta complexidade (Hospital Nossa Senhora Conceição) de 843 leitos; 1 hospital de atendimento a pacientes pediátricos  de 220 leitos (Hospital da Criança Conceição); 1 hospital de pronto atendimento e trauma (Hospital Cristo Redentor) com 264 leitos; 1 hospital dedicado à saúde da mulher e ao binômio mãe-bebê (Hospital Fêmina) com 183 leitos. Para fortalecimento do programa de segurança do paciente, o grupo de hospitais criou a coordenação de gerenciamento de risco para sistematizar e coordenar as iniciativas já existentes nos diversos hospitais e implantar o programa de segurança do paciente na rede.  Foram criados os Núcleos de Segurança do Paciente em cada unidade hospitalar com participação do gerenciamento de risco e de representantes das áreas das instituições. O programa de segurança do paciente incluiu os protocolos definidos pelo Ministério da Saúde, Identificação do Paciente, Higienização das Mãos, Cirurgia Segura, Prevenção de quedas, Prevenção de úlceras por pressão e Uso seguro de medicamentos. Além dos protocolos, outra meta de segurança do paciente é melhorar a comunicação entre os profissionais da saúde. O processo desenvolvido para implantação do PNSP em rede incluiu: 1. A gestão integrada de normativas com desenvolvimento e ajuste de programas, protocolos, processos e indicadores de forma que fossem adaptados a diversas realidades. Em unidades de alto risco, tais como Unidade de Tratamento Intensivo, hemodiálise, emergência, está em implantação grupos locais de segurança do paciente que discutem as estratégias e dificuldades locais para implantação de processos de segurança e dos protocolos corporativos. Os indicadores de segurança estão incorporados no planejamento estratégico da rede, sendo avaliados pela diretoria do grupo hospitalar e com desdobramento para as unidades que compõem a rede. 2. Desenvolvimento de ferramentas de gestão informatizados integrados, que são usados em todas as unidades da rede: -  avaliação de risco de ulcera por pressão – utilizada a escala de BRADEN em todas as unidades não pediátricas - avaliação de risco de quedas – utilização da escala de MORSE nas primeiras 24 horas de internação - processo de notificação de incidentes – sistema informatizado, anônimo de notificação acessado por qualquer computador da rede. As notificações são direcionadas para o gerenciamento de risco da unidade de referência mas acessado e acompanhado pela coordenação da gerenciamento de risco. 3. Desenvolvimento de recursos humanos: - priorização de treinamentos bimestrais abertos a todos os colabores com temática comum a todas as unidades - incorporação da segurança do paciente no processo admissional de todos os profissionais contratados e estagiários - treinamento “in loco” para os processos prioritários no momento da implantação ou mudança de rotina - incorporação de conceitos de segurança no programa da Residência integrada em Saúde e em alguns programas da residência médica. - Jornadas de Cirurgias Seguras, Gerenciamento de risco e Segurança do Paciente anuais, que são realizadas desde 2010. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Nestes anos os protocolos preconizados pelo Ministério da Saúde foram descritos, implantados e acompanhados nas unidades, porém, nem todos estão com bons indicadores de utilização e há necessidade de incorporação de indicadores de processo, o que está em curso neste momento. As unidades utilizam as ferramentas informatizadas disponibilizadas para avaliação de risco e notificação, sendo que todos os incidentes graves e catastróficos são avaliados pelas equipes e discutidos com a coordenação de gerenciamento de risco. O processo de incorporação de conceitos de segurança do paciente nas unidades assistenciais permanece um desafio principalmente por necessitar de mudança de cultura e comportamental de todos os agentes da saúde (equipe assistencial, apoio, direção e usuário) na priorização da segurança na tomada de todas as decisões. Nem sempre a percepção da insegurança do processo ou da decisão acontece. A clareza dos objetivos, o modelo de implantação da mudança e a empatia podem ser as chaves de uma mudança de comportamento. CONSIDERAÇÕES FINAIS. Nosso modelo tem tido sucesso em implantar os processos relacionados aos protocolos corporativos prioritários e na inserção de conceitos de segurança do paciente no ambiente hospitalar. Neste momento este processo está iniciando um novo ciclo de análise e planejamento de melhorias.  Embora o caminho em busca de um cuidado seguro seja infinito, a implantação dos protocolos nas unidades não hospitalares (Unidade de Pronto Atendimento e Programa de Saúde da Família) e no programa de formação médica são os objetivos imediatos.

Palavras-chave


Programa Nacional de Segurança do Paciente; gerenciamento de risco; trabalho em rede

Referências


Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1º de Abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente em serviços de saúde e da outras providências. Diário Oficial. Brasília, DF, 2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 36, de 25 de Julho de 2013. Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências. Diário Oficial. Brasília, DF, 2013.