Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR COMO VERTENTE PEDAGÓGICA DA CULTURA CORPORAL DO MOVIMENTO: UMA POSSIBILIDADE DE TRANSFORMAÇÃO E PROMOÇÃO DE SAÚDE
Raphaelly Machado Felix, Alex dos Santos Carvalho, Fausto Pereira de Pereira, Diany Pereira Hanke, Leonardo Figueirola Jacques, Patricia Galarça Rodrigues

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A escola é um lugar de culturas, suas diferentes manifestações são selos das histórias de seus protagonistas, nela os tempos e os espaços constituem um universo de possibilidades de interação e reflexão sobre os diversos saberes. Isto faz com que a escola seja um ambiente privilegiado para se tratar de assuntos que estejam intimamente ligados a formação dos alunos enquanto sujeitos críticos e reflexivos quanto aos seus hábitos. Vários estudos apontam o quanto o estilo de vida das pessoas está associado às condições de saúde da população. Evidências comprovam que a prática regular de atividades físicas orientadas exerce um papel fundamental na melhora da qualidade de vida das pessoas. Mesmo que histórica e pedagogicamente a Educação Física Escolar (EFE) ocupe um lugar secundário no currículo, é através dela que percebemos ótimas condições de se alcançar um processo de aprendizagem capaz de formar integralmente o estudante, tornando este sujeito um ser consciente sobre os hábitos que podem influenciar diretamente na sua saúde. A escola parece ser o melhor lugar para se tratar da importância desse tema, pois é onde os estudantes passam a maior parte do seu tempo. A Educação Física (EF) é a vertente pedagógica da cultura corporal do movimento humano, é a matéria escolar com maior versatilidade, por trataras múltiplas manifestações e expressões da corporalidade humana, estando intimamente relacionada à saúde. É um componente curricular em que o profissional tem a possibilidade de promover os estímulos necessários para que os alunos consigam compreender como que o corpo em movimento pode interagir com o contexto da escola e com sua rotina de vida diária fora do ambiente escolar. Entretanto temos observado que a cada ano aumenta a falta de interesse dos alunos em participar das aulas de EF. A evasão dos alunos dos anos finais do ensino fundamental nas aulas de EF apresentam associação com fatores que se inter-relacionam como, idade, horários, classe social, gênero, estrutura da escola, educação familiar, todavia alguns estudos evidenciam que as formas como o professor desenvolve suas aulas também contribuem para que os alunos não participem das aulas de EFE, motivos como, falta de interesse no conteúdo, repetição das aulas, excesso de atividades voltadas ao esporte são predominantes nas aulas. Diante dessa realidade o objetivo deste estudo é apresentar resultados que demonstram como a mudança na metodologia aplicada nas aulas de EF pode resgatar alunos para prática. Estão sendo desenvolvidas nas aulas de EF da Escola Estadual de Ensino Médio Dom Hermeto, no município de Uruguaiana, no ano de 2015, atividades que não se restringem a tradicional prática dos esportes protagonistas na escola, futsal, handebol, voleibol e basquetebol, mas que transcendam as atividades corporais, contemplando, através da CCMH e de temas transversais, um conjunto de fatores biopsicossociais atrelados ao nosso bem estar, a fim de aplicar uma metodologia inclusiva e transformadora. O trabalho está sendo realizado com turmas de gênero feminino nos dois anos finais do ensino fundamental, com um total de 92 alunas, 47 no oitavo ano e 45 no nono ano, aulas duas vezes na semana, com duração de uma hora diária, proposto desde agosto de 2015 até o final do ano letivo. O acompanhamento da frequência das alunas é dado pelo caderno de chamada do professor de EF, Alex dos Santos Carvalho, responsável pela disciplina nos dois anos finais do ensino fundamental. Inicialmente, durante o primeiro semestre as aulas tinham um cunho esportivisado. Nesse formato as turmas do oitavo ano eram compostas por somente 25 alunas (53%), a partir da implementação de aulas voltadas para CCMH, é importante frisar que com o mesmo professor, houve um aumento para 37 alunas (78%) assíduas e no nono ano a frequência passou de 23 (51,1%) para 38 alunas (84,4%). No total de meninas unificando os dois anos antes tínhamos uma frequência de 52,1% em um total de 92 meninas e passamos a ter uma participação de 81,5%, apenas modicando a metodologia e variando as atividades a fim de evitar repetições das aulas. Para as aulas utilizamos diversos materiais de treinamentos esportivos e de jogos e brincadeiras, assim como ferramentas questão produzidas pelas próprias alunas, tais como, instrumentos musicais e objetos artísticos, dependendo da atividade proposta. Algumas vezes as aulas são teóricas, abordando temas transversais como sexualidade, drogas e violência. Entretanto a partir das experiências vivenciadas percebemos o quanto é difícil vencer a cultura escolar que não tem como pressuposto em suas prioridades os saberes do corpo, rompendo com o modelo da prática padrão das aulas esportivisadas, principalmente o handebol e voleibol, em regra geral mais praticados por meninas na EFE. Esperamos que esses pontos positivos até aqui alcançados pudésseis estimular aquelas que ainda não praticam a participarem das aulas, e assim sejam contemplados com os benefícios de aulas de EF sistematizadas que contemplam além do esporte. A partir dos resultados encontrados percebemos que os principais motivos para a evasão escolar nas aulas de EF nos anos finais do ensino fundamental são, sobremaneira, o excesso de conteúdos desenvolvidos voltados para o esporte e a repetição das aulas. Assim entendemos que é imprescindível que, como mediador de conhecimentos, o professor planeje suas aulas na busca de contemplar todos os alunos, oportunizando a prática de atividades inclusivas, motivadoras e que contribuam para a formação dos estudantes, incluindo a teoria, visando que estes entendam a importância da prática de atividades físicas, sendo pessoas ativas durante e após o período de escolarização. Ademais sabemos que a EFE não se restringe em apresentar uma formação educacional focada somente na promoção da saúde, mas que deve propiciar aos alunos o acesso a um conjunto de informações e experiências que possibilitem a autonomia e a conscientização quanto à prática da atividade física e os seus benefícios ao longo da vida.

Palavras-chave


Evasão escolar; educação física; saúde e educação física escolar.