Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Avaliação da atenção pré-natal no Rio Grande do Sul: um estudo sobre as desigualdades regionais e sociais
CAROLINE MARIA BONACINA, EVELIN MARIA BRAND, LUCIANA BARCELLOS TEIXEIRA

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A atenção pré-natal (APN) é um componente prioritário da atenção básica (AB). Atualmente, existe um conjunto de indicadores de cobertura que avalia a APN. Os principais desfechos adversos da gestação (prematuridade e baixo peso) e a mortalidade neonatal também são indicadores utilizados para avaliar a qualidade da APN (1,2). O objetivo deste trabalho é avaliar desigualdades na APN, a partir dos indicadores de cobertura da APN e indicadores de desfechos adversos e mortalidade neonatal, no estado do Rio Grande do Sul (RS), conforme as regiões de saúde e vulnerabilidade social, de 2010 a 2013.   MÉTODO: Trata-se de um estudo quantitativo, baseado na epidemiologia social, com delineamento de série histórica e estudo ecológico (3), no qual os indicadores foram agregados por macrorregiões e regiões de saúde e índice de vulnerabilidade social. Para a avaliação dos indicadores na perspectiva de possíveis desigualdades sociais, foram escolhidos dois índices: o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS-5) (4) e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divididos em categorias. Para o cálculo dos indicadores, os dados foram extraídos dos seguintes Sistemas de Informação em Saúde (SIS) do DATASUS: Sala de Apoio à Gestão Estratégica Situacional (SAGE), Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC) e Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) (5). RESULTADOS: Houve aumento da cobertura de estratégia de saúde da família (ESF) e equipes de saúde bucal (ESB) no RS ao longo dos anos. A análise por macrorregiões e regiões de saúde mostrou elevadas coberturas da APN na maioria dos locais. Foram observadas desigualdades de cobertura, ocorrência dos desfechos negativos e mortalidade neonatal por macrorregiões e regiões de saúde. A análise por IVS-5 permitiu observar que nas categorias com municípios mais vulneráveis, há um expressivo incremento nas coberturas de ESF e ESB, que se traduzem em melhores indicadores da APN e menores taxas de desfechos adversos e mortalidade neonatal. O IDHM não se mostrou como um bom índice para este trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Há disparidades em termos de cobertura de ESF e ESB no RS quando observadas as macrorregiões, regiões e categorias de IVS-5. Desigualdades são observadas nas coberturas de APN, desfechos adversos e mortalidade neonatal entre macrorregiões e regiões de saúde. Os indicadores de cobertura de APN são melhores nas categorias de IVS-5-3 e IVS-5-4, categorias formadas pelos municípios mais vulneráveis. Nesse sentido, pode-se concluir que há uma preocupação do estado em investir em equipes em áreas mais vulneráveis, seguindo-se o princípio da equidade. Possivelmente, se não houvesse esse incremento em ESF e ESB, seriam observadas baixas coberturas de APN e elevados índices de desfechos adversos da gestação e mortalidade neonatal nas categorias de municípios mais vulneráveis.    

Palavras-chave


atenção pré-natal, desigualdade regional e desigualdade social.

Referências



BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2012.VIANA, Kelly de Jesus et al. Peso ao nascer de crianças brasileiras menores de dois anos. Cadernos de Saúde Pública,Rio de Janeiro, v. 29, n. 2, p.349-356, fev. 2013.ALMEIDA FILHO, Naomar de; BARRETO, Maurício L.Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.DRACHLER, Maria de Lourdes et al. Desenvolvimento e validação de um índice de vulnerabilidade social aplicado a políticas públicas do SUS. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 9, p.3849-3858, 2014.BRASIL. Ministério da Saúde. Base de dados do Sistema Único de Saúde (Datasus). Informações de Saúde. Ministério da Saúde. 2014.  Disponível em: <http://w3.datasus.gov.br/datasus/datasus.php>. Acesso em: 11 mar. 2015.