Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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TRAJETÓRIA DE UMA ENFERMEIRA ASSISTENCIAL E DOCENTE: AUTORRELATO REFLEXIVO
Idalina Cristina Ferrari Ferrari, Rogério Dias Renovato Renovato, Edneia Albino Nunes Cerchiari Cerchiari, Antonio Sales Sales

Última alteração: 2015-11-27

Resumo


RESUMO EXPANDIDO - APRESENTAÇÃO: Segundo Anastasiou (2001), ensinar é apresentar ou explicar o conteúdo numa exposição, o que a grande maioria dos docentes procura fazer com a máxima habilidade de que dispõem. Daí a busca por técnicas de exposição ou oratória, como sendo o elemento essencial para a competência docente. O dia a dia do professor em sala de aula demonstra que ele necessita ter domínio de conteúdo e da sala de aula, diversificar as práticas pedagógicas e promover espaços de intersubjetividade. No entanto, as práticas de ensino restritas á transmissão de informações/conhecimentos/saberes tem-se mostrado limitada e incapaz de contribuir na formação crítica e reflexiva do/a enfermeiro/a. Por outro lado, os enfermeiros que prestam assistência aos pacientes precisam continuamente aprender e compreender as necessidades de saúde dos seus pacientes, em uma perspectiva humanizadora do cuidado, sem desconsiderar as evidências científicas e os elementos da subjetividade dos seres humanos no plano dos cuidados (COSTA JUNIOR, 2012). Os processos educativos e cuidativos requerem posturas não mais autoritárias, mas espaços de encontros horizontais. Segundo Bagnato e Renovato (2006), nestas relações de encontro com o outro, podem ocorrem relações de reciprocidade, não apagando as dimensões históricas e culturais desses sujeitos, e suas diferentes maneiras de ser e estar no mundo. Nestes encontros entre sujeitos, podem ocorrer trocas de experiências, produção de sentidos e significados, deslocando ou reafirmando verdades (BAGNATO; RENOVATO, 2006). DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO: Este trabalho tem o objetivo relatar a experiência do enfermeiro assistencial e o enfermeiro docente, fazendo um paralelo para pensar e repensar a profissão, assim mostrar as facetas da enfermagem. Pretende-se descrever a trajetória de vida como um memorial de formação profissional. No ano de 1996, ingressei no curso de auxiliar de enfermagem pela escola Vital Brasil, anos mais tarde (2001) voltaria como professora.  Ao cursar o Técnico em enfermagem, pude conhecer o campo profissional, ter a noção de conteúdos da área, e também percorrer as aulas práticas em cenários de cuidado. Foi como um ensaio para a formação da graduação em enfermagem. O que antes visualizava como vocação, tornou-se cuidado pautado em balizas científicas, mas sem perder a noção da humanização no cuidado ao outro ser humano. No vestibular de 1997 iniciei a graduação de enfermagem, evidenciando melhor a decisão realizada. Não eram apenas os conteúdos que me interessavam, mas as possibilidades dialógicas com o paciente e o relacionamento com a família. Nesse percurso formativo na graduação, percorri cada série da estrutura curricular, passando por disciplinas teóricas, a expectativa do ensino clínico em unidades básicas de saúde e hospitais e a ruptura da dicotomia teoria-prática. A cada ano as disciplinas apreendidas, levaram à construção da matriz identitária da profissão, convergindo para o estágio curricular obrigatório e a sensação de ser enfermeira se apresentou com mais força e clareza. Em 2003, terminei o primeiro curso Lato Sensu, através do Projeto de profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (PROFAE), cujo objetivo foi qualificar os atendentes de enfermagem em técnicos, mas para isso era necessário formar professores qualificados. Então, realizei o Curso de Especialização em Formação Pedagógica em Educação Profissional na Área, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz. Esse curso contribuiu para a minha formação como docente-enfermeira, ampliando a compreensão sobre o processo educativo (ensinar-aprender-avaliar), bem como questões relacionadas ao currículo e didática. Ainda em 2003 ingressava na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) como docente do Curso de Enfermagem, modalidade bacharelado. Ao longo de doze anos, exerci a docência em diversas disciplinas, aulas práticas e estágio. A formação docente foi ocorrendo no cotidiano, como afirma Missio (2007) que em seu estudo, procurou o significado do ser docente no Curso de Enfermagem da UEMS, encontrando muitas respostas, ajudando no crescimento profissional e pessoal, a carreira caracteriza uma possibilidade de trabalhar no Ensino, na Pesquisa e na Extensão, sendo uma contribuição para a formação dos futuros profissionais. Este mesmo estudo reconhece que a área de ensino, a experiência profissional anterior, assumir no Curso disciplinas e ou conteúdos dentro da área de atuação, a possibilidade de ter outros colegas docentes como apoio é apontado como fatores facilitadores para o desempenho. Quando o professor tem o outro profissional para integrar sua prática facilita e motiva o trabalho do profissional, busca troca de saberes e tem uma devolutiva melhor para o acadêmico. No ano de 2007, terminei a segunda especialização em Assistência em Oncologia, que contribuiu fortemente para minha função como enfermeira assistencialista do Hospital do Câncer em Dourados/MS. E por fim, em 2015, iniciei o Mestrado de Ensino em Saúde, da UEMS. A minha trajetória no mestrado tem auxiliado não apenas na formação como pesquisadora, mas trouxe fundamentos teóricos sobre Educação em Saúde, Currículo em Saúde, Políticas Públicas sobre Formação em Saúde. IMPACTOS: O diálogo com muitos autores afloraram em reflexões sobre a minha trajetória como enfermeira, docente e agora pesquisadora. O ensino superior mostra fortes conexões com a política e técnica na área da saúde.  Com isso, pensando na formação acadêmica para enfermagem a exigência do ser profissional diferente, que modifica o meio, é necessário fazer a transcendência para a transformação econômica, política, social e cultural (RENOVATO, 2009). Nietsche (1998) deixou mais claro as tendências para o ensino, sem descaracterizar as características institucionais do ensino superior e suas heterogeneidades, classificou em três categorias: a pedagogia da escola tradicional, a tecnicista e a pedagogia da escola crítica. Muitas vezes nos vemos nas práticas educativas do ensino tradicional, com as diversas discussões no currículo e em reuniões pedagógicas, é possível verificar algumas mudanças singelas, porém positivas. Os profissionais com as qualificações realizadas e as discussões podem perceber uma mescla para a pedagogia crítica. O ser professor da Educação Superior, também reforça a autora citada acima, segundo MISSIO (2007), para a maioria dos docentes pesquisados, é participar na formação dos alunos tanto nos aspectos culturais, quanto nos emocionais e sociais; ser responsável pela formação do futuro profissional; orientar os alunos; atuar como agente de transformação; auxiliar na produção do conhecimento; deter o conhecimento e ter capacidade para transmiti-lo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O fato de exercer duas profissões, a docência e a assistência de enfermagem, proporcionou uma formação mais plena e sólida. À medida que fui avançando e o disparo de reflexões e inquietudes nessa trajetória formativa, provocou uma busca pelo conhecimento, não apenas científico, mas pela incompletude. A impaciência paciente nos espaços de trocas tem desvelado a sede pela formação cada vez mais próxima da integralidade.

Palavras-chave


Docente, Enfermeiro, Relato de experiência

Referências


Referências Bibliográficas

ANASTASIOU, L. G. C. Metodologia de Ensino na Universidade Brasileira: elementos de uma trajetória. P.57-70. in: Temas e Textos em Metodologia do Ensino Superior. Castanho, M.E. e Castanho, S. Campinas: Papirus, 2001.

BAGNATO, M.H.S.; RENOVATO, R.D. Práticas Educativas em Saúde: um território de saber, poder e produção de identidades. In: DEITOS, R.A.; RODRIGUES, R.M. (Org). Estado, desenvolvimento, democracia & políticas sociais. Cascavel: EDUNIOESTE, 2006. p.87-104.

COSTA JUNIOR, H. Avaliação inicial do paciente – um novo contexto para estabelecer um plano de cuidados individualizado. [S.I.:, s.n.], 2012. Disponível em: HTTP://saudeweb.com.br. Acesso em 01 Jun 2015.

MISSIO, L. O entrelaçar dos fios na construção da identidade docente dos professores do Curso de Enfermagem da UEMS -- Campinas, SP: [s.n.], 2007.

NIETSCHE, E. A. As teorias da educação e o ensino da enfermagem no Brasil. In: SAUPE, Rosita (Org.). Educação em enfermagem. Florianópolis: UFSC, 1998.

RENOVATO, R. D.; BAGNATO, M. H. S.; MISSIO, L. and  BASSINELLO, G. A. H. As identidades dos enfermeiros em cenários de mudanças curriculares no ensino da enfermagem. Trab. educ. saúde [online]. 2009, vol.7, n.2, pp. 231-248. ISSN 1981-7746.  http://dx.doi.org/10.1590/S1981-77462009000200003. Acesso em 14 Set 2015.