Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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ATENÇÃO PRIMÁRIA E DIABETES MELLITUS: QUALIDADE DO CUIDADO E A PERCEPÇÃO DA DOENÇA POR PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Carlos Alberto Pegolo da Gama, Denise Guimarães, Guilherme Rocha

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


INTRODUÇÃO: O diabetes é hoje uma das doenças mais prevalentes no mundo. Estima-se que em 2030 serão 366 milhões em todo o mundo. O Brasil ocupava a oitava posição em 2000, com 4,6 milhões de casos estimados. Doentes crônicos é um desafio para os profissionais de saúde, pois o tratamento prescrito e a obediência as condutas são de difícil aceitação principalmente porque exigem mudanças nos hábitos de vida. O diabetes produz mudanças significativas na relação que o paciente estabelece com seu próprio corpo e com o mundo que o cerca. OBJETIVO: O objetivo deste estudo qualitativo é identificar a percepção dos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) a respeito dos cuidados oferecidos aos portadores de Diabetes num município de porte médio de Minas Gerais. METODOLOGIA: Utilizou-se a técnica de Grupos focais para coleta de hermenêutica para análise das falas. Procura-se ampliar a compreensão acerca de um fenômeno novo, cujos estudos encontra-se em estágio embrionário ou ainda inexistentes, como é o caso de investigações deste tipo no município de Divinópolis. Foram realizados grupos focais com profissionais ligados diretamente à assistência na atenção primária à saúde num total de 2 grupos, assim distribuídos: (1) Profissionais com formação média e superior (médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, auxiliar de enfermagem, etc.) atuantes nos Programas de Saúde da Família e Unidades Básicas de Saúde que sejam referência para a população em estudo. (2) Grupo de Agentes de Saúde pertencentes às Equipes de Saúde da Família que sejam referência para a população em estudo. RESULTADOS: Constatou-se dificuldades na utilização da medicação, controle alimentar e seguimento clínico longitudinal, atribuídas à baixa cobertura da APS, equipes incompletas, ausência de integração na rede e capacitação profissional deficiente. Constatou-se predominância do modelo biomédico, dificuldades na relação com usuários e tendência a culpabilizá-los pela não adesão ao tratamento.   CONCLUSÕES: Podemos afirmar que a visão dos profissionais a respeito dos usuários portadores de diabetes está muito centrada numa concepção de saúde tradicional alicerçada no modelo biomédico. Nesse sentido, a maioria dos profissionais entende que seu papel está limitado a uma intervenção técnica, no qual o processo de educação em saúde é reduzido à transmissão de informações corretas que devem ser prontamente assimiladas e seguidas pelos usuários. A análise que fazem acerca das dificuldades de adesão ao tratamento são atribuídas a problemas e deficiências exclusivas do usuário, havendo um processo de culpabilização dos mesmos pelos insucessos no tratamento e agravos à condição de saúde. Percebe-se a necessidade de uma reestruturação da Rede de Atenção de modo a facilitar a comunicação entre os diferentes níveis do sistema. Ao mesmo tempo, há necessidade de investimentos na capacitação dos profissionais visando superar os diversos problemas apontados através da mudança de perfil dos profissionais, buscando uma postura mais ativa, aumentando a responsabilização/implicação com relação aos casos atendidos e desenvolvendo ações em consonância com os princípios do SUS para que aconteçam avanços.

Palavras-chave


Diabetes Mellitus, Atenção Primária a Saúde, Saúde Coletiva

Referências


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