Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE OSTEOPOROSE DE ADULTOS E IDOSOS
Kátia Gianlupi, Caroline Amaral, Márcia Regina Martins Alvarenga, Márcia Maria Medeiros, Odival Faccenda, Odival Faccenda, Odival Faccenda, Odival Faccenda, Odival Faccenda, Odival Faccenda, Odival Faccenda

Última alteração: 2016-02-19

Resumo


Introdução: O envelhecimento populacional é hoje uma das principais conquistas da humanidade, mas um grande desafio para os governos e para a sociedade (VIEGAS, 2009). Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015) estimam que a esperança de vida ao nascer da população da região centro-oeste em 2015 é de 75,7 anos e estima-se que em menos de quatro décadas, os idosos representarão 29,8% da população brasileira. Devido ao envelhecimento populacional, a osteoporose representa a “Epidemia Silenciosa do Século”, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo considerada como um problema de saúde pública que atinge pessoas no mundo inteiro. É uma doença de grande impacto tanto pela sua elevada prevalência, quanto pela morbimortalidade que ocasiona (BRASIL, 2006). A osteoporose é caracterizada pela diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, levando à fragilidade mecânica e, consequentemente, à predisposição às fraturas com trauma mínimo (KANIS et al., 1994; SHILLS, 2003). Constitui-se na doença osteometabólica mais frequente no idoso, atingindo ambos os sexos, porém manifesta-se mais comumente entre as mulheres, principalmente no climatério (KENNY; PRESTWOOD, 2000). Por ser uma doença silenciosa é preciso estar atento para identificar os fatores de risco para o desenvolvimento da osteoporose, tais como: história familiar de fratura por osteoporose, raça branca, baixa estatura e peso, sexo feminino, menarca tardia, menopausa precoce, nuliparidade, baixa ingestão de cálcio, alta ingestão de sódio, alta ingestão de proteína animal, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo crônico, uso de medicamentos (corticoides, heparina, methotrexate, fenobarbital, fenitoína, ciclosporina, agonistas de hormônio liberador de gonadotrofina). O pico de massa óssea depende predominantemente dos fatores genéticos; entretanto, 20% referem-se aos fatores ambientais, destacando-se a atividade física e a qualidade nutricional (SILVA; MURA, 2007), bem como os níveis séricos inadequados de vitamina D (<30ng/dl) e à exposição ao sol diminuída (YAZBEK; NETO, 2008). Assim, a história clínica e o exame físico são importantes na identificação de fatores de risco para essa patologia (PAULA, 2007). Deve-se considerar, entretanto, que as doenças crônicas, como a osteoporose, bem como suas incapacidades, são consequências evitáveis do envelhecimento e que, as ações de prevenção são efetivas, em qualquer nível, mesmo nas fases mais tardias da vida. Portanto, a ênfase na prevenção é a chave para mudar o quadro atual de epidemia da doença (VERAS, 2009). Mesmo que a compreensão sobre a doença possa não ser suficiente para promover mudanças nos hábitos relacionados à saúde, considera-se que o conhecimento seja um pré-requisito para a adesão e o sucesso das medidas preventivas. As práticas de educação em saúde devem considerar o nível de conhecimento do paciente e serem direcionadas às principais deficiências ou falhas no tratamento (GOMES, 2010). Objetivo: Avaliar o conhecimento de adultos e idosos não institucionalizados e cadastrados nas Estratégias Saúde da Família (ESF), pertencentes à região do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) Norte do município de Dourados/MS, quanto à osteoporose e seus fatores de risco. Metodologia: Estudo descritivo, de natureza quantitativa que retrata os resultados parciais da dissertação de Mestrado Profissional em Ensino em Saúde intitulada “Práticas educativas em saúde na prevenção da osteoporose”.  Os critérios de inclusão foram: indivíduos com idade superior a 50 anos, de ambos os sexos, residentes em Dourados, MS, cadastrados nas ESF, que pertencessem à área de abrangência do NASF da região Norte e que tivessem apresentado pelo menos um fator de risco para a osteoporose. Considerou-se como fatores de risco para a osteoporose: fratura em qualquer fase da vida, uso crônico de corticosteroides, tabagismo, alcoolismo, baixa exposição solar, histórico materno de osteoporose, menopausa precoce, risco de desnutrição ou desnutrição, osteopenia ou osteoporose, deficiência ou insuficiência de 25-hidroxivitamina D e inatividade física. Todos esses dados foram obtidos por meio do Questionário estruturado, a Mini Avaliação Nutricional (MAN) e os resultados dos exames de cálcio, 25-hidroxivitamina D e a Densitometria mineral óssea. O convite para a prática educativa foi realizado pessoalmente pela pesquisadora, cerca de cinco dias antecedentes ao evento, totalizando 22 pessoas convidadas. No entanto, compareceram apenas cinco pessoas na data agendada. A avaliação do conhecimento sobre osteoporose e seus fatores de risco foi feita por meio de um questionário, elaborado pela pesquisadora, contendo sete questões fechadas, sendo que cada pergunta possuía cinco alternativas, contendo respostas diferentes para cada questão. As questões estavam dispostas num painel e foram respondidas individualmente. Conforme sua resposta, cada indivíduo afixava uma etiqueta colorida referente à respectiva questão. Os materiais utilizados foram: papel manilha, canetões coloridos, recortes de revistas, lápis de cor, etiquetas coloridas, fita adesiva, tesoura e cola. Resultados e Discussão: Dos cinco entrevistados, 4 (80%) eram do sexo feminino e 1 (20%) do sexo masculino, com idade média de 67,6 anos, dos quais 2 (40%) analfabetos, 2 (40%) apresentavam nível fundamental incompleto e 1 (20%) tinha ensino médio incompleto. As perguntas realizadas foram: 1) Qual destes minerais é importante para prevenir a osteoporose? 2) Qual dos alimentos abaixo é uma excelente fonte de cálcio? 3) O sol é importante para sintetizar qual vitamina? 4) A osteoporose é mais comum entre quais pessoas? 5) Qual líquido, quando ingerido junto à alimentação diminui a absorção do cálcio? 6) Quantos minutos são necessários de exposição solar para a síntese de vitamina D? 7) Quais alimentos são fontes alimentares de outra vitamina importante para a síntese de colágeno (osso)? Obtiveram-se os seguintes resultados: na pergunta 1, 4 (80%) acertaram a resposta (alternativa C=cálcio) e apenas 1 (20%) errou (alternativa A=ferro); na pergunta 2, 4 (80%) acertaram a resposta (alternativa B=leite) e apenas 1 (20%) errou (alternativa E=cenoura); na pergunta 3, 3 (60%) erraram (alternativa B e C), 1 (20%) respondeu não sei e 1 (20%) acertou (alternativa A= vitamina D); na pergunta 4, 4 (80%) responderam não sei e apenas 1 (20%) acertou (alternativa C= nunca fazem exercícios); na pergunta 5, 4 (80%) acertaram (alternativa B = café) e 1 (20%) errou (alternativa C= vinho); na pergunta 6, 4 (80%) acertaram (alternativa A= 15 minutos) e apenas 1 (20%) respondeu não sei e  na pergunta 7, 5 (100%) acertaram (alternativa B = frutas cítricas). Infere-se que apenas a pergunta número 7, referente às fontes alimentares da vitamina C, importante para a síntese de colágeno, apresentou 100% de acertos. A questão que apresentou maior percentual de erros foi a número 3, relativa ao sol como fonte de vitamina D. E a questão em que houve maior dúvida entre os participantes, ou maior percentual de resposta não sei, foi a número 4, referente à inatividade física como fator de risco para a osteoporose. Considerações finais: Conclui-se que os indivíduos avaliados apresentam bom conhecimento sobre a osteoporose e seus fatores de risco, embora tenham manifestado menor conhecimento e dúvidas quanto ao sol como precursor da vitamina D e o risco de desenvolvimento da doença entre os indivíduos inativos fisicamente. Nota-se a necessidade de maior abordagem quanto aos fatores de risco para a doença, enfatizando os temas que mais apresentaram deficiências e que medidas simples são capazes de prevenir a doença e suas consequências, melhorando sua qualidade de vida.        

Palavras-chave


conhecimento; osteoporose; idosos; adultos.

Referências


Brasil. Ministério da Saúde. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Secretaria de Atenção Básica, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.

 

GOMES, D. A. de C. Conhecimento sobre osteoporose e habilidade de seguir o tratamento anti-reabsortivo em mulheres na pós-menopausa com osteopenia ou osteoporose. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências Médicas. Campinas, SP: 2010.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Acesso em: 13 de setembro de 2015. Disponível em: http://www.ibge.gov.br

 

KANIS, J. et al. The diagnosis of osteoporosis. J Bone Miner Res, v. 9, p.1137-41, 1994.

KENNY, A. M.; PRESTWOOD, K. M. Osteoporosis. Pathogenesis, diagnosis and treatment in older adults. Rheum. Dis. Clin. North. Am., v.26, n. 1, 2000.

 

PAULA, A. P. Saúde óssea e o Envelhecimento. In: SAFONS, M. P; PEREIRA, M. M. Educação Física para Idosos: por uma prática fundamentada, 2. ed. Brasília, 2007.

 

SHILLS, M. E. et al. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 9 ed.,  v.1, Barueri, SP: Manole, 2003.

 

SILVA, S. M. C. S. da; MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. – São Paulo: Roca, 2007.

 

VERAS, R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e inovações. Rev. Saúde Pública, v. 43, n. 3, p. 548-554, 2009.

 

VIEGAS, K. Prevalência de Diabetes Mellitus na população de idosos de Porto Alegre e suas características sociodemográficas e de saúde. Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Instituto de Geriatria e Gerontologia. Porto Alegre: PUCRS, 2009.

 

YAZBEK, M. A.; NETO, J. F. M. Osteoporose e outras doenças osteometabólicas no idoso. Einstein, v. 6, sup. 1, 2008.