Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
A INTERFACE SOBRE A INTERSETORIALIDADE DE POLÍTICAS DE SEGURIDADE SOCIAL E AS ESTIMATIVAS DE CÂNCER NO BRASIL
Thaislayne Nunes de Oliveira
Última alteração: 2015-11-27
Resumo
INTRODUÇÃO: Este trabalho foi construído baseado em minha monografia de conclusão da Especialização em Saúde/Residência Multiprofissional realizada em 2013/2015 na oncologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) e em meu projeto de pesquisa do Mestrado em Política Social na Universidade Federal Fluminense. O interesse para a contribuição com este debate, refiro-me à intersetorialidade de políticas, foi fomentado inicialmente em minha graduação em Serviço Social na Universidade Federal Fluminense iniciada em 2009 e concluída em 2012. Em 2011 iniciei minha aproximação com a política de previdenciária por meio de estágio realizado no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e conclui o estágio em 2012, nesse mesmo ano e concomitante ao período de estágio realizei monitoria da disciplina Política de Assistência Social. E no ano de 2013, ingressei na área da Saúde por meio da Residência Multiprofissional. Nesse sentido, ter participado de processos distintos, mas que envolviam as políticas que compõem a Seguridade Social me impulsionou a unir tais aprendizados e ter a intersetorialidade das políticas de Seguridade Social como foco de pesquisa. II. DESENVOLVIMENTO: Câncer A Doença Do Século XXI Segundo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer é um conjunto de mais de cem doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos, dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis. Muitos estudiosos apontam o câncer como a doença do século, isso se deve as estatísticas apontadas pelo INCA sobre o crescimento da incidência de câncer no Brasil e no mundo, assim como o número de mortalidade que a doença vem alcançando. Na atualidade o câncer é considerado como a segunda maior causa de morte no Brasil (INCA, 2012). O câncer é uma doença crônica, na atualidade pelas elevadas estimativas apontadas pela Organização Mundial de Saúde é tido como a doença do século XXI. Em meio a seu acelerado desenvolvimento se coloca a necessidade de tratamento; e é nesse circuito que como assistente social residente pude ter acesso aos usuários, durante seu tratamento oncológico realizado no Hospital Universitário Antônio Pedro nos anos 2013/2015. Executei minhas atividades na Unidade de Alta Complexidade de Oncologia (UNACON) do HUAP, atendendo usuários com câncer e seus familiares. Desenvolvi diversas ações como a socialização de informações por meio de orientações e encaminhamentos que possibilitara acesso aos direitos sociais. Além disso, foi possível realização de entrevistas sociais, pareceres, laudos sociais e encaminhamentos para diversos usuários a fim de possibilitar o acesso a serviços e direitos sociais. Trabalhando, também, questões que envolvem o vinculo familiar e rede social. Por meio de abordagens individuais e grupais foi possível conhecer a realidade de diversos usuários, traçar seu perfil e direcionar suas demandas e/ou necessidades sociais com vistas ao acolhimento, a escuta qualificada, estabelecimento de vinculo entre profissional e o usuário. Como mencionado, a experiência enquanto assistente social residente permitiu constatar uma realidade observada dois anos antes, durante realização do estágio no INSS; e possibilitou a criação de estratégias e planejamento para alcançar as demandas apresentadas e (in)diretamente proporcionar a continuidade do tratamento, através de acesso a direitos sociais. Pois, uma das competências do assistente social: Estimular a intersetorialidade, tendo em vista realizar ações que fortaleçam a articulação entre as políticas de seguridade social, superando a fragmentação dos serviços e do atendimento às necessidades sociais. III. CONCLUSÃO: O desenvolvimento desta pesquisa permitiu pensar a realidade enfrentada pelos usuários em tratamento oncológico em um contexto mais amplo. Avaliar a conjuntura e a formação da proteção social brasileira foi fundamental para perceber os desdobramentos atuais das políticas sociais e reafirmar a necessária articulação entre as políticas de Seguridade Social. Analisar as referências sobre intersetorialidade de políticas foi essencial para perceber que seu desenvolvimento em uma sociedade capitalista/neoliberal é permeado de desafios para sua consolidação. A intersetorialidade é um termo dotado de vários significados e possibilidades de aplicação, pode ser definida como “articulação de saberes e experiências com vistas ao planejamento, para a realização e avaliação de políticas, programas e projetos, com o objetivo de alcançar resultados sinérgicos em situações complexas” (INOJOSA, 2011). Além disso, “Trata-se, enfim, a intersetorialidade, de um conceito polissêmico que tal como a própria política social, possui identidade complexa e, talvez por isso, as duas se afinem”; A imprecisão no conceito esbarra na expansão de sua utilização na atualidade (PEREIRA, 2014). A partir de então, uma das questões observadas durante a realização da residência aponta um elevado número de pacientes em tratamento com estadiamento da doença avançado devido à ineficiência dos serviços; durante realização de entrevista social as principais queixas dos usuários consistiram em não ter acesso às políticas previdenciárias e assistências, o funcionamento precário das unidades básicas de saúde (ausência de serviços de promoção e prevenção), e a demora na realização e no resultado da biopsia. [1] No mundo, o impacto do câncer mais que dobrou em trinta anos. As estimativas para o ano de 2008 foram de cerca de doze milhões de casos novos e de sete milhões de óbitos. O crescimento populacional contínuo e o envelhecimento da população mundial deverão potencializar ainda mais o impacto do câncer no mundo. Esse impacto deverá ser mais acentuado em países de médio e baixos recursos (INCA, 2012). [2] Para aprofundamento das demais competências do assistente social na saúde ver: Parâmetros para Atuação de Assistente Social na Política de Saúde, 2009.
Palavras-chave
INTERSETORIALIDADE; POLÍTICAS DE SEGURIDADE SOCIAL; CÂNCER;
Referências
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA:
BRASIL. Constituição Federal de 1998. Brasília: Congresso Nacional, 1988.
INOJOSA, R. M. Sinergia em políticas e serviços públicos: desenvolvimento social com intersetorialidade. Cadernos Fundap, São Paulo, n. 22, 2001, p. 102-110.
Parâmetros para Atuação de Assistente Social na Política de Saúde - Disponível em: <www.cfess.org.br/arquivos/Parametros_para_a_Atuacao_de_Assistentes_Sociais_na_Saude.pdf> Acesso em 10 de janeiro de 2015.
PEREIRA, P. A. P. Discussões conceituais sobre política social como política pública e direito de cidadania (p. 87-108). In: BOSCHETTI, I. e outros. (orgs.) Política Social no Capitalismo: tendências contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2008.
SANTOS, M. C. B.: SILVA, L.B.: ESTALINO, E.S: Processo de trabalho do serviço social no campo da oncologia: notas para reflexão IN: Serviço Social na saúde coletiva- reflexões e práticas. Ed: FAPERJ, Rio de Janeiro 2013.
Sites:
www.inca.gov.br Acesso em 20 de agosto de 2014.
www.contraprivatizacao.com.br/2012/03/manifesto-contra-ebserh-leia-informe-se.html Acesso em 28 de janeiro de 2015.