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Apresentação: O presente trabalho é relato de experiência que discute a formação na facilitação de metodologias ativas de ensino e aprendizagem na gestão da clinica no Sistema Único de Saúde - SUS. A formação dos profissionais de saúde tem sido pautada em metodologias conservadoras, sob forte influência do mecanicismo de inspiração cartesiana, newtoniana, fragmentado e reducionista; aguçando as subdivisões da universidade em centros e departamentos, e cursos em períodos ou séries e em disciplinas estanques. Surgem assim, questionamentos sobre o perfil do profissional formado com a preocupação relativa à especialização precoce e ao ensino marcado por parâmetros curriculares baseados no relatório de Flexner (MITRE, 2008). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional surge no cenário da educação superior definindo o estímulo ao conhecimento dos problemas do mundo atual e a prestação de serviço especializado à população, estabelecendo com ela uma relação de reciprocidade (BRASIL, 1996).Tais prerrogativas foram reafirmadas pelas Diretrizes Curriculares, para a maioria dos cursos da área de saúde, acolhendo a importância do atendimento às demandas sociais com destaque para o SUS. As instituições formadoras são convidadas a mudarem suas práticas pedagógicas, numa tentativa de se aproximarem da realidade social e de motivarem seus corpos docentes e discentes, a tecerem novas redes de conhecimentos. As metodologias ativas apresentam-se atualmente como uma necessidade para o desenvolvimento de soluções educacionais com abordagem construtivista. Estes métodos necessitam de avanços através da inserção de avaliação formativa e de educação a distância, gerando grandes estratégias como incorporação de recursos tecnológicos, superação das distâncias continentais e melhoria da eficiência na capacitação e educação permanente de profissionais. Segundo Cool (2000), existem duas condições para a construção da aprendizagem significativa: a existência de um conteúdo potencialmente significativo e a adoção de uma atitude favorável para aprendizagem, a postura própria do discente que permite estabelecer associações entre os elementos novos e aqueles presentes na sua estrutura cognitiva. Neste contexto, a prática docente transformadora exige responsabilidade ética do professor, por se tratar de um processo social, que acontece em um contexto histórico, político, cultural, ético e estético. Sendo a primeira exigência desta prática, entender o educando como um ser histórico que ao aprender também ensina. Assim neste espaço de respeito aos saberes, de busca do novo, de diálogo, ética, de esperança e de dedicação que o aluno e professor entram em contato com novos conhecimentos e constroem novos significados, aplicáveis a sua prática. Nisto se apresenta a docência: não há professor sem aluno e não há aluno sem professor, exige-se a presença e atuação de ambos para a prática da educação transformadora. O facilitador deve exercer todas essas ações e reflexões, incentivar a autonomia do aluno, perceber o seu ritmo de estudo e aprendizagem e negociar as relações dentro do grupo e do grupo com ele. Precisa articular e estimular a interdependência promovendo maior articulação e amadurecimento social entre pares e possibilitar a apreensão da relevância do assunto tratado, não como conjunto dos fatos conclusivos, mas de conhecimento construído pelo processo da conversação, perguntas e negociação. Objetivo: Discutir o processo de aprendizagem frente a facilitação de metodologias ativas de ensino. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência frente ao aprendizado construído através do curso de capacitação de Processos Educacionais em Saúde ofertado pelo Instituo Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa – IEP/HSL em parceria com o Ministério da Saúde. Realizado no município de Dourados-MS na UEMS, no qual formou seis facilitadores com duração de seis meses nos anos de 2013-2014. Realizado na modalidade semipresencial, com carga horária total de 188 horas; organizada em quatro encontros presenciais de três dias consecutivos e períodos de educação a distancia. Discussão e Resultados: O aprendizado de um novo método de ensino e a aquisição de habilidades e competências para facilitar grupos frente a metodologias ativas foi desafiador. A vivência anterior em docência influenciada pela metodologia tradicional começa a sofrer progressivamente transformações. O método oportunizou conhecimento de inúmeras estratégias educacionais, que solidificaram os processos de ensino e aprendizagem, sendo elas: situação-problema, narrativas, aprendizagem baseada em equipe- team based learning, apredizagem baseada em problemas – problem based learning, plenárias, oficinas, filmes, portfólio de realizações, educação a distância, aprendizagem autodirigida, como também contato direto com educação permanente, projeto aplicativo e trabalho de conclusão de curso. Segundo Freire (1996), os processos de ensino-aprendizagem com respeito ao discente e à sua autonomia só são possíveis se o docente tiver como característica a humildade para reconhecer a sua finitude, os limites do seu conhecimento e o ganho que terá ao interagir com o estudante. O educador ensina por meio da sua palavra e de seu exemplo, a educação transformadora exige do professor a corporificação das suas palavras para o ensino de conteúdos, habilidades e principalmente de atitudes. O Ato de educar exige comprometimento do professor com sua prática e com seu aprendiz. Não se pode educar sem dedicação ao aluno no seu espaço e tempo, sem relacionar-se com ele, sem conhecê-lo nas suas potencialidades e dificuldades. Assim neste espaço de respeito aos saberes, de busca do novo, de diálogo, ética, de esperança e de dedicação que o aluno e professor entram em contato com novos conhecimentos e constroem novos significados. Um bom facilitador domina ações chaves e desempenhos, deve apropriar-se de teorias interacionalistas, metodologia científica, aprendizagem significativa, reflexão a partir da prática, estratégias educacionais como processamento de situações problema e de narrativas, aprendizagem baseada em equipes, oficinas de trabalho, plenárias, portfólio reflexivo, viagens, entre outras. Além dessas estratégias educacionais, o espiral construtivista traduz a relevância das diferentes etapas educacionais desse processo como movimentos articulados e que se retroalimentam. Os movimentos são desencadeados conforme as necessidades de aprendizagem, frente a um disparador ou estímulo para o desenvolvimento de capacidades. A articulação entre a abordagem construtivista e a metodologia científica e a aprendizagem baseada em problemas são apresentadas de modo esquemático em forma de um espiral. O movimento traz como significado as etapas: Identificando o problema, formulando explicações, elaborando questões, buscando novas informações, construindo novos significados e avaliando o processo. A facilitação oportuniza o conhecimento de novas pessoas, formas de pensar, releituras, novos olhares e novos modos de interpretar e mudar a realidade. Considerações Finais: Vivenciar uma nova metodologia de ensino e aprendizagem mostrou a importância do ensino e currículo serem integrados, principalmente na teoria e a prática, entre o mundo do trabalho e o da aprendizagem, entre processos educativos, de gestão, e de assistência na área da saúde sendo um dos fundamentos deste aprendizado. As metodologias ativas provocaram e despertaram sentimentos de mudança; abriram-se várias reflexões sobre minhas ações e condutas como profissional da saúde e como educador. Os ensinamentos foram, criativos, provocativos, corajosos e esperançosos. O aprendizado frente ao norte teórico de Paulo Freire, métodos ativos e facilitação de ensino, transformaram minha realidade, despertando atitudes que estavam inibidas e proporcionando mudanças efetivas frente a uma prática pouco resolutiva.  As metodologias ativas reafirmaram uma pedagogia fundada na ética, no respeito á dignidade e à própria autonomia do educando; despertaram ações críticas, analíticas e reflexivas; desenvolveram a integração do aprendizado e não a sua fragmentação; a importância da combinação entre os elementos experiência, ambiência e capacidades individuais que permitem a constituição das diferentes maneiras de aprender; desenvolvendo a aprendizagem significativa.

Relato de Experiência, Metodologias Ativas,