Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Atenção à saúde de usuários com hipertensão na Atenção Básica: um comparativo entre o Rio Grande do Sul e o Brasil
Évelin Maria Brand, Graziela Barbosa Dias, Karen da Silva Calvo, Luciana Barcellos Teixeira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Apresentação: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é considerada uma doença crônica não transmissível (DCNT) e apresenta alta prevalência no Brasil, em média 32% para adultos. Situa-se na origem de muitas outras DCNT e, portanto, torna-se responsável pelas causas de maior redução da expectativa e da qualidade de vida dos indivíduos.  Pela gravidade que a HAS representa e visando à operacionalização da Atenção Básica (AB), a Portaria nº 648/GM, de 28 de março de 2006 define o controle da hipertensão arterial como área estratégica para atuação em todo o território nacional. Dessa forma, a equipe multiprofissional da AB tem importância primordial nas ações de promoção, diagnóstico e controle da doença. Objetivou-se comparar a atenção à saúde dos usuários com HAS na atenção básica, no Rio Grande do Sul com a atenção nas demais Unidades Federativas (UFs) do Brasil. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional e analítico, realizado através de dados secundários oriundos do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Os dados foram coletados no ano de 2012, em estabelecimentos de saúde de todo o Brasil que realizavam atenção primária em saúde. Foram entrevistados cinco usuários em cada estabelecimento. Incluíram-se os indivíduos que possuíam diagnóstico de hipertensão arterial e que responderam às questões sobre HAS. Foi utilizado o programa SPSS®, Statistical Package for the Social Science para o tratamento estatístico dos dados. Resultados: A amostra foi constituída por 23.797 usuários com diagnóstico de HAS, com uma prevalência de 36,5%.  Em relação às consultas, 77,6% dos usuários RS consultaram com médico nos últimos seis meses no RS e 86,3% nas demais UFs, (p<0,001). A verificação da pressão arterial pelo enfermeiro foi mais frequente no Rio Grande do Sul (82,7%), enquanto que nas demais UFs foi mais frequente por médico e técnico, 34,3% e 51,7% respectivamente, (p<0,001). A realização dos exames creatinina, perfil lipídico e eletrocardiograma, nos últimos seis meses, foi mais prevalente nas demais UFs (p<0,001). No RS somente 18,6% dos usuários saem da unidade com a próxima consulta marcada, já nas demais UFs isso acontece para 32,5% dos indivíduos (p<0,001). Em relação ao uso de medicamentos para hipertensão, 86,8% dos usuários utilizam algum medicamento no RS e 92% nas demais UFs. Considerações finais: Embora cerca de 90% dos hipertensos entrevistados no país fazerem uso de medicação contínua para a hipertensão, a maioria sai da unidade de saúde sem estar com a próxima consulta agendada tanto no RS quanto nas demais UFs, o que pode significar um prejuízo em termos de cuidado, adesão ao tratamento e atenção à saúde. Apesar da elevada prevalência de HAS no RS, a realização de exames complementares e o agendamento de consultas é mais frequente nas demais UFs. No RS, o percentual de hipertensos em uso de medicação é menor; esse achado necessita de investigações adicionais, uma vez que questões como atividade física e hábitos alimentares não foram questionadas.

Palavras-chave


(Hipertensão; Doença Crônica; Atenção Primária à Saúde)

Referências


1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Janeiro, Fevereiro e Março de 2010, Ano 13, vol. 13.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde.  Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.  148 p.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.  Política Nacional de Atenção Básica / Ministério da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.  110 p.

4. ALMEIDA FILHO, Naomar de; BARRETO, Maurício L. Epidemiologia & Saúde: fundamentos, métodos, aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Manual Instrutivo. Outubro 2011.