Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Características comportamentais e sexuais de usuários da testagem rápida anti-HIV em Porto Alegre, RS
Évelin Maria Brand, Daila Alena Raenck da Silva, Luciana Barcellos Teixeira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Apresentação: A síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) passou por modificações no seu perfil epidemiológico ao longo das suas três décadas de existência, conferidas pelo caráter dinâmico e instável do HIV.  Apesar do advento da Terapia Antirretroviral Ativa (HAART), a epidemia cresce e novas estratégias de enfrentamento têm sido implantadas, visando à redução do número de casos de HIV. Uma dessas estratégias é o oferecimento de teste rápido anti-HIV para diagnóstico precoce, facilitadora dos processos de rastreamento da doença e com potencial disseminador de práticas de prevenção.  Assim, este estudo tem como objetivo identificar a prevalência de HIV e características comportamentais e sexuais de usuários que procuraram um serviço de referência em teste rápido, da rede pública de saúde, em Porto Alegre. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, transversal. A amostra foi constituída por usuários que realizaram o teste rápido anti-HIV no serviço de testagem rápida, localizado no Centro de Especialidades Santa Marta da Gerência Distrital Centro, em Porto Alegre, de janeiro de 2012 a janeiro de 2014. Os dados foram analisados no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®) versão 20. Comparações entre os grupos foram realizadas por meio do teste de homogeneidade de proporções, baseado na estatística de qui-quadrado de Pearson. Resultados: A amostra foi constituída por 3.183 indivíduos, a prevalência de resultados reagentes foi de 486 (15,3%). Em relação à orientação sexual, houve diferença nas proporções de homossexuais masculinos e bissexuais 28,5% e 20,3% em reagentes e 10,9% e 2,4% em não regentes, respectivamente (p<0,001). O uso de drogas ocorreu em 31,2% dos reagentes e 14,7% dos não reagentes (p<0,001). A ocorrência de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) foi de 36,4% entre reagentes e 13,4% entre os não reagentes (p<0,001). Quanto à prática de sexo anal, foi prevalente em 51,9% dos reagentes e em 30,4% dos não reagentes (p<0,001). O uso de preservativo com parceiro eventual foi relatado por 37,7% dos reagentes e 43,7% dos não reagentes (p=0,80). Considerações finais: Encontrou-se uma prevalência elevada de resultados reagentes para o HIV, o que era esperado, uma vez que o local da pesquisa é um serviço de referência para grupos específicos como população de rua e possibilita a vinculação ao tratamento imediatamente após o resultado. Os usuários de drogas são considerados integrantes da população-chave vista como mais vulnerável à infecção(5), e neste estudo o percentual de uso de drogas entre os indivíduos com resultado reagente foi o dobro do que entre os não reagentes. A prevalência de infecção pelo HIV foi maior em indivíduos com prática de sexo anal e naqueles que apresentaram a ocorrência de IST em algum momento da vida, o que sustenta a hipótese de que a prática de sexo não seguro é um comportamento que se mantém durante a vida, como também demonstra a necessidade da intensificação de ações de saúde sobre prática de sexo seguro independente da via.

Palavras-chave


(Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; Vírus da Imunodeficiência Humana; Teste Rápido anti-HIV)

Referências


1. Rodrigues, C. S.; Perreault, M. A. Feminização do HIV/Aids sob a perspectiva de mulheres infectadas: uma questão de gênero. Grupo Enlace. Universidades Estaduais da Bahia, 2013.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Teste Rápido, Por Que não? Brasília: 2007.

3. Silva, O.; Tavares, L. H. L.; Paz, L. C. As atuações do enfermeiro relacionadas ao teste rápido anti-HIV diagnóstico: uma reflexão de interesse da enfermagem e da saúde pública. Enfermagem em Foco, v.2, supl.,p.58-62, 2011.

4. Almeida Filho, N.; Barreto, M. L. Desenhos de pesquisa em epidemiologia. In: Almeida Filho, N.; Barreto, M. L. Epidemiologia e Saúde: fundamentos, métodos e aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. p. 165-74.

5. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico Aids – DST. Ano II, n.01 até semana epidemiológica 26ª, Brasília:  dezembro de 2013.