Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NA FORMAÇÃO EM ENSINO EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Camila Panzetti Alonso, Rogério Renovato

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


A disciplina Educação em Saúde é uma disciplina obrigatória do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Ensino em Saúde Mestrado Profissional da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, cuja ementa se propõe a discutir a historiografia da educação em saúde no Brasil, as teorias e perspectivas da educação em saúde, educação em saúde e o Sistema Único de Saúde e a promoção em saúde. Como trabalho final da disciplina foi proposta uma narrativa reflexiva abordando os artigos discutidos nas aulas, sendo que a narrativa permite, segundo Galvão (2005), a significação que é a interpretação que o ouvinte/leitor obtém a partir do inter-relacionamento da história (fatos e acontecimentos) com o discurso (forma como a história foi contada). O objetivo deste trabalho foi descrever a importância da disciplina na formação de uma aluna do Mestrado Ensino em Saúde. A contextualização histórica possibilitou a reflexão nos avanços (e retrocessos) de saúde e educação no Brasil, e também permitiu o entendimento da situação atual, influenciada diretamente por estas práticas históricas. Nas discussões realizadas em rodas de conversa nas aulas da disciplina, constatou-se a visão positivista da Educação em Saúde brasileira, reforçada não somente pelo Relatório Flexner, mas também pelo ideário da Escola Nova da década de 1920, que tinha como objetivo moldar as crianças, acreditando que seriam “realmente educáveis” (FERRIANI; GOMES, 1997). Outro elemento apontado foi a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública na década de 1930, que formalizou o vínculo entre educação e saúde (VENTURINI, 2013) e a Constituição de 1934 que estabeleceu um Plano Nacional de Educação, em um discurso que previa uma educação comum a todos os cidadãos. O percurso histórico desvelado na disciplina do mestrado trouxe à tona o investimento das práticas educativas em saúde sobre os sujeitos, preparando-os para a industrialização e a necessidade de corpos saudáveis (FERRIANI; GOMES, 1997). Nessa tessitura de leituras, diálogos e debates, adentramos na década de 1940, apontando para o modus operandi do Serviço Especial de Saúde Pública (SES). Sua proposta inicialmente voltada à educação das crianças, com o papel das educadoras sanitárias e dos Clubes de Saúde nas escolas primárias desloca-se para a educação de adultos envolvendo a comunidade e os interesses políticos locais (RENOVATO; BAGNATO, 2010). Já no período de ditadura até os dias atuais, verificou-se um sistema de atenção à saúde dual (público e privado), pautado em dicotomias, e cada vez mais refém da falta de financiamento. Além do perfil histórico, a disciplina proporcionou discussões envolvendo os aportes teóricos de Paulo Freire e Maria Helena Salgado Bagnato. A disciplina possibilitou o desenvolvimento de reflexão sobre os modelos de saúde atuais, fortemente influenciados pelo modelo biomédico e permitiram a apreensão de conceitos e discussões que não havia vivenciado, contribuindo para visão crítica, ainda pouco evidenciada antes da disciplina.

Palavras-chave


Ensino em Saúde; Educação em Saúde; Ensino-aprendizagem

Referências


FERRIANI, Maria das Graças Carvalho; GOMES, Romeu. Saúde escolar: contradições e desafios. Gioania: AB, 1997.

GALVÃO, C. Narrativas em Educação. Ciência e Educação. v. 11, n. 2, p. 327-345, 2005.

RENOVATO, Rogerio Dias; BAGNATO, Maria Helena Salgado. O serviço especial de saúde pública e suas ações de educação sanitária nas escolas primarias (1942-1960). Educar em revista. p. 277-290, 2010.

VENTURINI, Tiago. Educação em saúde na escola: investigando relações entre professores e profissionais de saúde. Dissertação de mestrado. Florianópolis, 2013.