Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
Bate papo sobre sexo
Marilza Emilia da Conceição Rodrigues, Thais Dias dos Santos, Clarisse Mariana Guimarães

Última alteração: 2016-03-07

Resumo


Trata-se de um relato de experiência vivenciado por duas estagiárias de Serviço Social junto com sua supervisora no ambulatório de HIV/AIDS de um serviço de saúde da atenção secundária no Rio de Janeiro.   “Bate-papo sobre sexo” é uma intervenção em grupo que tem como objetivo central ampliar o debate sobre sexo e sexualidade entre os usuários, familiar e equipe profissional. E ainda, discutir crenças e tabus em relação à temática; conhecer aspectos das práticas sexuais dos usuários frente as suas escolhas; identificar dificuldades vivenciadas em relação à sexualidade buscando estratégias para superação e publicizar informações sobre a rede de serviços ofertados em relação aos direitos sexuais e reprodutivos.  O interesse em aprofundar esses temas foi suscitado por uma estagiária de Serviço Social ao observar nos atendimentos que realizava no campo de estágio os relatos dos usuários que traziam de modo recorrente dificuldades em relação à vivência da sexualidade diante do diagnóstico do HIV/AIDS. Na maioria das vezes o usuário não compartilha medos, dúvidas, desejos, com a equipe profissional  nem com  família e amigos.   Vários estudos científicos na área de saúde coletiva têm sinalizado que apesar da perspectiva de mudanças no modelo de assistência do Sistema Único de Saúde (SUS) e em suas práticas, tem sido recorrente nos serviços de saúde do SUS, usuários queixarem-se de terem pouca escuta para suas necessidades de saúde.   Desde 2014, do mês de Abril ao mês de Novembro, quinzenalmente, na sala de espera do ambulatório de HIV/AIDS ocorre reunião com duração de aproximadamente duas horas. Participam usuários, familiares e Assistentes Sociais e estagiários de Serviço Social. O encontro é coordenado pela estagiária de Serviço Social acompanhada da supervisora.  O grupo é aberto. As ações são planejadas levando em conta a rotatividade dos participantes. A divulgação da atividade é feita através de filipetas e cartazes expostos no mural do ambulatório. Antes do início da atividade são pactuados critérios e cuidados éticos quanto ao sigilo dos assuntos abordados no grupo. Os assuntos debatidos são propostos tanto pela coordenação quanto pelos participantes. A atividade abarca vários formatos: debate; vídeos, filmes, cartilhas e dinâmica de grupo. A avaliação do encontro é feita com os participantes oralmente e  confeccionada ata da reunião. Ao final do ano, no mês de Novembro é elaborado relatório final, sendo apresentado no mês de Dezembro à equipe de profissionais do ambulatório e usuários.     Esta estratégia de trabalho tem trazido mudanças significativas, a saber: melhoria do vínculo entre profissionais e usuários, demonstrado pelo retorno de usuários ao serviço solicitando atenção individual para assunto do seu interesse. Outra contribuição trata do  comentário da equipe médica que alguns usuários durante a consulta fazem menção das questões discutidas no “Bate-papo sobre sexo”. O diálogo com usuários nos aproximou de questionamentos e dúvidas que desvelaram um cenário de vulnerabilidades que tem afastado a sexualidade das vivências do cuidado.   A experiência de construir uma ação de saúde que inclui usuários, profissional e estagiário revela um legado que interfere positivamente na formação profissional destes estagiários. 

Palavras-chave


HIV/AIDS; sexualidade; sala de espera; sexo; relato de experiência