Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PET-SAÚDE/RAS: FAVORECENDO A PREVENÇÃO DO CÂNCER DE BOCA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
NEWILLAMES GONÇALVES NERY, Nádia do Lago Costa, Rejane Faria Ribeiro-Rotta, Guilherme Miranda Andrade, Kelly Cristina Miranda Estrela, Maíra Tolentino Silva, Amanda de Oliveira Ponce, Guilherme Tolentino Sousa

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


APRESENTAÇÃO: No intuito de contribuir para a construção de um modelo de atenção integral, humanizado, e voltado para a Promoção da Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS), foi criado o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), o qual envolve a formação de grupos de aprendizagem tutorial em áreas estratégicas do SUS1. No município de Goiânia, o PET-Saúde envolve os vários cursos de graduação da área da saúde da Universidade Federal de Goiás (UFG), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), tendo ocorrido, desde seu surgimento em 2008, várias atividades nas diversas instâncias do SUS2. Em 2013, dando continuidade a experiências exitosas de projetos passados e buscando ampliar o propósito das intervenções, elaborou-se o Projeto “PET-Saúde Redes de Atenção à Saúde (RAS) 2013/2015”, voltado para o fortalecimento da Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas e a Rede de Urgência e Emergência. Este projeto envolve alguns subprojetos, desenvolvidos por grupos tutoriais (GT’s), dentre os quais está o PET-Saúde/RAS - Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas com Ênfase no Câncer de Boca2, destacado neste trabalho. Este grupo, percebendo a necessidade do desenvolvimento de ações efetivas voltadas para a prevenção do câncer de boca em Goiânia, buscou contribuir para o Projeto “Rastreamento e Matriciamento do Câncer de Boca em Goiás”, planejado pela parceria que envolve a Faculdade de Odontologia / Centro Goiano de Doenças da Boca (UFG), a Gerência Estadual de Saúde Bucal de Goiás, a Coordenação de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e o Setor de Odontologia do Hospital Araújo Jorge2. O Câncer Bucal, assim como as outras neoplasias malignas, tem se constituído em um problema de saúde pública, devido ao grande risco de mortalidade e alto custo de tratamento.  Apresenta considerável prevalência no Brasil, especialmente entre pessoas do sexo masculino. Segundo dados do Instituto Nacional de Combate ao Câncer, a cidade de Goiânia ocupa a 2ª posição, entre as capitais brasileiras com maior incidência de câncer, estando o câncer bucal dentre os dez mais prevalentes3, 4, 5. São considerados fatores de vulnerabilidade para a doença a idade acima de 40 anos, o tabagismo, o etilismo, a exposição excessiva e frequente aos raios solares, assim como o histórico de infecções orais pelo vírus HPV. Destaca-se a importância do diagnóstico precoce com a terapêutica adequada, possibilitando um melhor prognóstico com maior possibilidade de cura3, 4, 6, 7, 8, 9. Apresentam-se, neste relato, as atividades realizadas em uma unidade de Saúde da Família de Goiânia pelo PET-Saúde / RAS - Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas com Ênfase no Câncer de Boca, no período de setembro de 2013 a agosto de 2015. Objetivou-se a realização de ações de promoção e prevenção em saúde voltadas para a população vulnerável para o câncer de boca, assistida pelo Centro de Saúde da Família Ville de France. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO:   No ambiente da unidade de saúde foram realizadas diversas ações de educação em saúde voltadas para a prevenção do Câncer de Boca envolvendo profissionais de saúde da SMS, estagiários da UFG, e a população assistida pelo centro de saúde, abordando o tema de forma individual ou coletiva, utilizando-se folders, cartazes ou banners. Os usuários da unidade eram envolvidos nas atividades educativas, em sala de espera, ou em atividades programadas no auditório da unidade de saúde, aproveitando os grupos já trabalhados pela equipe de saúde. Visitas domiciliares também foram estratégias utilizadas, além de ações coletivas na escola local. As pessoas eram informadas sobre a doença, seus sintomas e fatores de risco (tabagismo, etilismo, exposição frequente ao sol e histórico de infecção por HPV), assim como sobre as formas de prevenção e diagnóstico precoce, com destaque para o autoexame bucal. Tanto profissionais de saúde, como estagiários (dos cursos de Odontologia, Enfermagem e Medicina), estiveram envolvidos em atividades de educação permanente sobre o tema, em momentos presenciais na Faculdade de Odontologia, ou utilizando-se da plataforma Telessaúde, no formato virtual eletrônico, em momentos de educação à distância. Procurou-se abordar a questão de forma dialogada, procurando valorizar os conhecimentos das pessoas envolvidas, oportunizando-se o estabelecimento do diálogo e a troca de conhecimentos e experiências. RESULTADOS E/OU IMPACTOS:  Percebeu-se que a comunidade se beneficiou, ao longo de todo este processo, em vários aspectos com as atividades desenvolvidas. Além de adquirir conhecimentos, os usuários participantes também eram convidados a realizar o exame das mucosas orais em um consultório odontológico. Nos casos em que se identificavam lesões suspeitas (potencialmente malignas) ou não, o paciente era orientado e referenciado ao Centro de Especialidades Odontológicas para que se fossem realizados procedimentos específicos de diagnóstico, bem como para que recebessem a terapêutica adequada. Foram realizadas 71 atividades educativas coletivas e 39 abordagens individuais, envolvendo aproximadamente 909 pessoas. Destas, 210 pessoas permitiram ser examinadas, sendo 145 (69,05%) mulheres e 65 (30,95%) homens. Com relação aos fatores de vulnerabilidades identificados, 156 (74,28%) tinham idade acima de 40 anos, 57 (27,14%) relataram exposição frequente e excessiva ao sol, 53 (25,23%) declararam-se tabagistas, 58 (27,61%) etilistas e 19 (9,04%) com histórico de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Quanto às lesões encontradas, 06 pessoas (2,85%) apresentaram lesões potencialmente malignas e 43 (20,47%) com outros tipos de lesões. Não foram identificadas lesões malignas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados demonstraram que as atividades desenvolvidas produziram alguns benefícios importantes aos envolvidos. Ao realizar ações de Promoção da Saúde, contribuiu-se para a ampliação de conhecimentos – dos profissionais, dos acadêmicos, e da população - sobre o câncer bucal, seus sintomas e fatores de risco, assim como as formas de prevenção e diagnóstico precoce. A experiência também permitiu o desenvolvimento de um fluxo de atendimento que possibilita a otimização do acesso ao diagnóstico precoce e assim como ao tratamento com melhor prognóstico. Para a comunidade assistida, mesmo com a finalização do projeto, as atividades permanecem, uma vez que os profissionais de saúde envolvidos adquiriram conhecimentos e habilidades importantes, que os fizeram repensar suas práticas perante o problema “Câncer Bucal”, estando ainda mais atentos e vigilantes às alterações nas mucosas orais, bem como entendendo a importância da continuidade das atividades de educação permanente junto à população. 

Palavras-chave


PROMOÇÃO DA SAÚDE; CÂNCER BUCAL; SAÚDE DA FAMÍLIA

Referências


REFERÊNCIAS:

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Portaria Conjunta Nº 2, de 3 de Março De 2010. Brasília, 2010.

2. UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS/SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE. Projeto pet/saúde redes de atenção à saúde - 2013/2015. Goiânia, 2013.

3. Inca. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Inca, 2014. 124p.

4.  Inca. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Câncer: Tipos de Câncer - Boca - Prevenção. Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/boca/prevencao>. Acesso em: 10 mai 2015.

5. Inca. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. O câncer como problema de saúde pública. Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Inca, 2012. 144 p

6. Sanderson RJ, de Boer MF, Damhuis RA, Meeuwis CA, Knegt PP. The influence of alcohol and smoking on the incidence of oral and oropharyngeal cancer in women. Clinical Otolaryngol Allied Scienc 1997; 22:444-8.

7. Massano J, Regateiro FS, Januário G, Ferreira A. Oral squamous cell carcinoma: review of prognostic and predictive factors. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2006; 102:67-76.

8. Marur S, D´Souza G, Westra WH, Forastiere AA. HPV-associated head and neck cancer: a virus-related cancer epidemic. Lancet Oncol 2010; 11:781-9.

9. Luna-Ortiz K, Güemes-Meza A , Villavicencio-Valencia V,  Mosqueda-Taylor A. Lip cancer experience in Mexico. An 11-year retrospective study. Oral Oncol 2004; 40:992-9.