Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Metodologias Ativas de Ensino-Aprendizagem no desenvolvimento de competências gerenciais em enfermagem, uma experiência no Curso de Enfermagem da UDESC
Denise Antunes de Azambuja Zocche, Edlamar Katia Adamy, Fernanda Metelski, Carine Vendruscolo

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


Introdução: a formação de recursos humanos na saúde, em especial na área da enfermagem, tem sido questionada em face das transformações da sociedade atual, onde a produção de conhecimento é rápida, e as demandas dos serviços de saúde são cada vez mais emergentes. Neste sentido, constitui-se um desafio a implementação de uma pedagogia implicada com as mudanças contemporâneas que não fragilize a capacidade reflexiva, de inovação e autonomia dos estudantes da área da saúde. Ainda aliada a esta realidade estão às demandas crescentes dos serviços de saúde e dos usuários. Neste cenário a enfermagem encontra-se inserida em um contexto permeado de mudanças cada vez mais constantes, pois são novas tecnologias, conhecimentos, leis, mudanças sociais, dentre outros, que surgem a cada dia (CEOLIN et al., 2012). Desta forma, a formação do enfermeiro visa desenvolver suas competências de maneira a atender as demandas emergentes, assim como, de promover ações educativas que visem à melhoria da qualidade da assistência a saúde prestada à população. Nesta perspectiva as Diretrizes Curriculares Nacionais que orientam o processo de formação, corroboram que o desenvolvimento de habilidades e competência para o gerenciamento dos serviços de saúde e enfermagem deve contribuir para no processo de descentralização do sistema único de saúde consolidando-o como um sistema equânime, participativo e resolutivo. A capacidade de gerenciar uma equipe de saúde e atender as expectativas, necessidades de saúde e demandas dos usuários requer um profissional que consiga superar os entraves e limitações que o serviço apresenta e que, além de prestar assistência baseada nos princípios do SUS, consiga lidar com o déficit de pessoal, de materiais, de recursos (FERNANDES et al., 2009). Os componentes necessários ao desenvolvimento destas competências envolvem: o conhecimento, o “saber” adquirido; as atitudes, que são ligadas à personalidade; e as habilidades, o “saber fazer”, isto é, o saber fazer colocado em prática, portanto a competência de mobilizar recursos (PERRENOUD, 1999).  Referenciais: Este relato trata da experiência de integração entre as ações extensionistas, e o ensino de competências gerenciais no curso de graduação em enfermagem da UDESC, tendo como mote o uso de metodologias ativas. Metodologia: Para oportunizar tais situações de aprendizagem, o grupo de docentes da disciplina Estágio Supervisionado II, buscou alternativas que atendessem as necessidades de preparação para exercer a gestão e os serviços de enfermagem. Uma das ações implementadas na disciplina, foi aproximar os acadêmico das ações extensionistas do Programa de Formação para Profissionais de Enfermagem em Atenção Hospitalar em Educação Permanente em Saúde, uma parceria entre UDESC e Hospital Regional do Oeste (HRO). Este programa prevê ações educativas, de assessoramento às lideranças em enfermagem, e de qualificação em serviço, entre outras. A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS) tem o objetivo de constituir uma rede de ensino-aprendizagem no exercício de trabalho no SUS para a formação e desenvolvimento dos trabalhadores, pautada nas necessidades de saúde dos usuários/população (BRASIL, 2007). Para tanto, sugere que as práticas dos profissionais estejam pautadas na reflexão crítica e nas práticas reais e em ação na rede de serviços. O uso de metodologias que coloquem o estudante como protagonista deste processo de ensino-aprendizagem, e que proporcionem espaços cada vez mais produtores de singularidade, autonomia e criatividade, requerem novos arranjos pedagógicos, que devem ir além dos modelos tradicionais do ensino por transmissão, que não valorizam os saberes e experiências dos sujeitos. Nesta perspectiva, metodologias ativas configuram-se como potencializadores das práticas extensionistas para o desenvolvimento de competências. Destacam-se neste processo o uso de rodas de conversa, a construção coletiva de protocolos e instrumentos de avaliação em saúde (indicadores) e planos de intervenção para as unidades de internação, unidades de Tratamento Intensivo, Centro de Materiais e Serviço de Controle de Infecção que primaram pela valorização dos saberes produzidos pelos trabalhadores, com apoio de docentes e estudantes. as ações implementadas pelos estudantes surgiram das agendas identificadas pelo programa de extensão, elencadas a partir de rodas de conversa com gestores e trabalhadores da saúde. Resultados: as demanda levada aos estudantes em estagio supervisionado II, foram aquelas relacionadas à segurança do paciente, a produção de protocolos assistenciais e a implementação do processo de enfermagem. Implementar as metas relativas a segurança do paciente requeriu um profundo processo dialógico em que o saber e o “saber fazer” se entrelaçam e vão ocupando os espaços de produção de saúde no ambiente hospitalar. A primeira meta “identificar corretamente o paciente” demandou repensar os processos gerenciais de trabalho no que tange a informatização, aquisição de equipamentos e materiais de consumo, procedimentos de recepção de pacientes, familiares e visitantes, e capacitação com todos os profissionais do serviço, o que culminou com o desenvolvimento de um protocolo, adequado a realidade do serviço. A segunda meta “melhorar a comunicação entre profissionais de saúde”, possui entre suas ações, a estreita relação com a sistematização da assistência de enfermagem e o processo de enfermagem, e tem exigido do serviço repensar e qualificar os registros e anotações de enfermagem, implantar e implementar o processo de enfermagem no HRO, e nesse sentido, tem sido dedicada atenção especial, configurando esta, como a segunda linha de ação do programa de extensão. A terceira meta “melhorar a segurança na prescrição, no uso e na administração de medicamento desencadeou de imediato ações de educação permanente com rodas de conversa com trocas de experiência e discussão de situações entre os trabalhadores, e o desenvolvimento de um plano de capacitação colocado em prática, com a implantação dos 11 certos e outros dispositivos a fim de reduzir a possibilidade de eventos adversos. A quarta meta “assegurar cirurgia em local de intervenção, procedimento e paciente corretos” desencadeou a elaboração de um protocolo específico onde foi contemplado o check-list de cirurgia segura proposto pela ANVISA. A quinta meta “higienizar as mãos para evitar infecções” incentivou momentos de educação permanente em saúde em que metodologias ativas, a exemplo de uma caixa de presente com glitter que foi passada de mão em mão, e ao término da dinâmica simbolizou a disseminação de bactérias, ressignificaram o saber fazer dos profissionais de saúde e estudantes. A sexta meta “reduzir o risco de quedas e úlcera por pressão” desencadeou duas atividades. Muitas ações aconteceram a partir das rodas de conversas desencadeadas pelo programa de extensão, mas que tiveram “eco” nas ações de ensino no estágio supervisionado II. Cabe destacar ainda que os estudantes puderam experienciar nas rodas de conversa o debate acerca das necessidades, o desenvolvimento do planejamento, da priorização, e da implementação de ações de educação permanente e continuada (ação-reflexão-ação. Dessa forma a utilização de metodologias ativas contribuiu para o desenvolvimento de práticas de ensino das competências gerenciais pois resultaram em aprendizagem significativa no processo de formação de futuros profissionais de enfermagem. Conclusão: os resultados foram além do esperado, uma vez que mobilizaram estudantes, trabalhadores e gestores. Os problemas com maior relevância se relacionaram a urgência do serviço em ter suas demandas atendidas. Destaca-se a ampla participação dos trabalhadores da enfermagem e o apoio da gerencia de serviço e enfermagem na realização das rodas de conversa.

Palavras-chave


educação; metodologias ativas; enfermagem

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº. 1 996/GM/MS, de 20 de agosto de 2007. Dispõe sobre as diretrizes para a implementação da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde e dá outras providências. Brasília: MS; 2007.

FERNANDES.  Léia Cristiane Löeblein ; MACHADO Rebel Zambrano; ANSCHAU. Geovana Oliveira. Gerência de serviços de saúde: competências desenvolvidas e dificuldades encontradas na atenção básica. Ciência & Saúde Coletiva, 14 (Supl. 1):1541-1552, 2009.

CEOLIN S, et al. Demandas da prática da educação em saúde para o cotidiano do enfermeiro: Revisão Narrativa. Cuid Fundam Online [periódico na internet]. 2011 Out/Dez [acesso em 2012 May 5]; 3(4):2453-65. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofun damental/article/view/1348/pdf_452.

PERRENOUD, Philippe. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre :Artmed Editora (1999).