Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE E SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Natália Müller, Cássia Barbosa Reis

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


INTRODUÇÃO: O enfermeiro encontra na Lei do exercício profissional nº 7498/1986 a importância da realização de ações privativas, tais como  Consulta de Enfermagem e Prescrição  da Assistência de enfermagem e através da  resolução nº 358/2009, que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), respaldo teórico e prático para o desenvolvimento da consulta e do Processo de Enfermagem. É necessária a padronização da SAE nos serviços de Enfermagem, promovendo melhor qualidade da assistência, do registro, formalização e autonomia dos profissionais. Atualmente tem sido usada a Classificação internacional das Práticas de Enfermagem (CIPE) que segundo Coelho et al. (2014) apresenta de forma clara e simples as possibilidades de diagnósticos, pensar em resultados e propor intervenções de enfermagem, considerando variabilidade cultural e os diversos perfis de clientes. Para o desenvolver da SAE devemos optar por uma ou mais teorias de Enfermagem e segundo Queiróz, Vidinha e Filho (2014) o principal objetivo de uma teoria se dá na Compreensão da natureza dos seres humanos, a sua interação com o ambiente e o impacto que essa interação tem na saúde das pessoas, sendo que a melhoria do cuidado deve ser o principal objetivo de uma grande teoria de enfermagem. A utilização da SAE requer o estabelecimento de um vínculo entre enfermeiro, paciente e família, ao mesmo tempo em que contribui para que este elo aconteça (SANTOS, MURAI, 2010). Segundo Santana et al. (2013)  a SAE  é  uma  metodologia assistencial  que  vem  para  nortear  o processo  de  trabalho  da  enfermagem sistematizando  a  assistência  ao  indivíduo, tornando-a  mais  qualificada,  resolutiva  e humanizada.  Para sua implantação e utilização nos serviços de saúde é necessário conhecimento da metodologia, bem como da importância para o cuidado, pela equipe de saúde . OBJETIVO: Realizar uma atividade formativa com os profissionais das Equipes das Estratégias de Saúde da Família do município de Glória de Dourados, contando com a participação de municípios vizinhos, sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem. METODOLOGIA: Trata-se de um projeto de intervenção, focado na Teoria da Problematização passando pelas cinco etapas do Arco de Manguerez: Observação da realidade; Identificação dos problemas/pontos – chaves; Teorização; Hipótese de solução – planejamento; Aplicação – execução da ação (prática). No processo de execução foram realizadas oficinas de capacitação e de planejamento de planejamento da SAE e a montagem de um instrumento para a operacionalização do processo de enfermagem que atenda as necessidades do município. Parte-se do pressuposto que essas Oficinas são participativas, com uso de recursos audiovisuais e atividades de demonstração na pratica. As oficinas foram realizadas em uma Estratégia de Saúde da Família do Município, em períodos acessíveis para aos participantes. Ressalta-se que como público alvo foram os enfermeiros das ESF e Coordenadores da Atenção Básica do Município de Glória de Dourados, estendendo o convite para profissionais de municípios vizinhos.   RESULTADOS E DISCUSSÃO: Até o momento foram realizadas quatro oficinas com os seguintes temas: Oficina 1: Teorias de Enfermagem, onde foram abordadas mais de dez teorias de Enfermagem, ressaltando exemplos de sua aplicação e a necessidade dos profissionais optarem por uma ou mais teorias que estejam adequadas a realidade do município e que irão subsidiar a SAE; Oficina 2: Abordou a Primeira Etapa da SAE: Anamnese e Exame Físico como forma de atualização dessa prática de suma importância para a assistência de Enfermagem; Oficina 3: CIPE e sua utilização, com exemplos na rotina de enfermagem e Oficina 4: Montagem de um instrumento para a efetivação da SAE, podendo contar com as sugestões de todos o Enfermeiros do município de Glória de Dourados. Nessas quatro oficinas tivemos a participação de seis a nove enfermeiros, sendo que dentre esses três são docentes do curso de enfermagem de instituições públicas, duas coordenadoras da atenção básica e enfermeiras e cinco enfermeiros de ESF. Desse público uma coordenadora e uma enfermeira são do município de Vicentina, porém no último encontro foram apenas profissionais do município alvo. As oficinas tiveram duração aproximada de três horas, exceto a terceira que teve duração de oito horas. Como resultados podemos observar maior conhecimento dos profissionais, com ênfase para aplicação do instrumento, já elaborado pelos enfermeiros na consulta de enfermagem, ressalta-se ainda que como teoristas os profissionais do município de Glória de Dourados, optaram por três teorias: Teoria das Necessidades humanas Básicas de Wanda de Aguiar Horta, Teoria da Adaptação da Sister Calixta Roy e Teoria do Autocuidado de Dorothea E. Oren, dessa maneira a SAE tem oferecido maior autonomia para a classe de enfermagem no município escolhido. Na Educação Permanente em Saúde, as necessidades de conhecimento e a organização de demandas educativas são geradas no processo de trabalho apontando caminhos e fornecendo pistas ao processo de formação. Sob esse enfoque o trabalho não é uma aplicação de conhecimento, mas, entendido em seu contexto sócio-organizacional e resultante da própria cultura de trabalho. Ceccim (2004) destaca que a centralidade da Educação Permanente em Saúde é sua porosidade à realidade mutável e mutante das ações e dos serviços de saúde; é sua ligação política com a formação de perfis profissionais e de serviços, a introdução de mecanismos, espaços e temas que geram autoanálise, autogestão, implicação, mudança institucional, enfim, pensamento (disruptura com instituídos, fórmulas ou modelos) e experimentação (em contexto, em afetividade – sendo afetado pela realidade/afecção). O enfoque da Educação Permanente representa uma importante mudança na concepção e nas práticas da capacitação dos trabalhadores nos serviços, tendo como objetivos incorporar o ensino e o aprendizado à vida cotidiana das organizações e às práticas sociais e laborais, no contexto real em que ocorrem; modificar substancialmente as estratégias educativas, a partir da prática como fonte de conhecimento e de problemas, problematizando o próprio fazer; colocar as pessoas como atores reflexivos da prática e construtores do conhecimento e de alternativas de ação, ao invés de receptores; abordar a equipe e o grupo como estrutura de interação, evitando a fragmentação disciplinar; ampliar os espaços educativos fora da aula e dentro das organizações, na comunidade, em clubes e associações, em ações comunitárias. (BRASIL, 2009). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Esse processo de EPS para a utilização da SAE e CIPE, tem sido importante no sentido de realmente capacitar os profissionais para algo a ser utilizado na prática e que fortaleça a profissão de Enfermagem. E até o momento as oficinas realizadas foram participativas, contando com a colaboração ativa de todos profissionais, tanto nos estudos das teorias bem como do processo de Enfermagem e da CIPE, pois além das oficinas, o impresso da SAE foi confeccionado e junto com a consulta de enfermagem sistematizada está na rotina dos enfermeiros.

Palavras-chave


Sistematização da Assistência de Enfermagem; Enfermagem; Educação Continuada

Referências


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