Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE COM ERISIPELA
FABIO PEREIRA SOARES, JACIELY GARCIA CALDAS, FERNANDA DA SILVA LIMA, ELIÃ PINHEIRO BOTELHO, BEATRIZ COSTA DE FREITAS

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


Erisipela era uma doença comum e antes da descoberta das penicilinas ela tinha uma evolução espontânea para a cura em 1 a 3 semanas. Porém com o advento da antibióticoterapia, registrou-se quase o desaparecimento de casos fatais. É uma infecção aguda da derme e hipoderme causada por Streptococcus β-hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes), entretanto pode ser também causada pela Staphylococcus aureus (10-17%). Sendo que bacilos gram negativos, de forma isolada ou associada a outros agentes (cocos gram positivos) podem ser responsáveis pela infecção (CAETANO, AMORIN, 2004). A erisipela é uma celulite superficial com intenso comprometimento do plexo linfático subjacente e se caracteriza por placas eritematosas acompanhadas de dor e edema. Apresenta ainda, bordos elevados e enduração que confere à pele aspecto de casca de laranja. Essas lesões expandem-se perifericamente, tornam-se quentes e com limite demarcado. (BERNARDES et al., 2002).Os locais mais acometidos são os membros inferiores, seguidos da face e membros superiores; e geralmente há uma porta de entrada bem definida, como úlceras, traumas, micoses superficiais, picadas de inseto e feridas maltratadas (BERNARDES et al., 2002). O maior interesse pela estética e higiene facial adequada seria responsável pelo declínio da localização facial (RONNEN et al., DOMPMARTIN, 2012). Alguns pacientes desenvolvem complicações locais, como abscesso e gangrena além de bacteriemia/septicemia, toxidermia, descompensação de doença crônica e complicações tardias como reincidiva e linfedema crônico. Muitos fatores de risco já foram associados ao surgimento de erisipela, como obesidade, linfedema crônico e a existência de solução de continuidade na pele. Objetivo: Entender melhor os aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais dos pacientes que apresentam erisipela em nosso meio e demonstrar a eficácia da SAE e a relevância dos cuidados de enfermagem frente ao portador de erisipela, de acordo com a Taxonomia da NANDA. Descrição da Experiência: Trata-se de uma pesquisa de cunho descritivo-exploratório do tipo relato de caso que foi desenvolvida no Setor de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário João de Barros Barreto, realizado no período de 04 a 13 de Novembro de 2014, a um paciente com erisipela, infecção aguda da derme e hipoderme causada por Streptococcus β-hemolítico do grupo A (Streptococcus pyogenes). A coleta e análise de dados foram realizadas através do exame físico na paciente, além da busca ativa no prontuário, onde foram coletadas informações como exames laboratoriais, história clínica pregressa e atual, prescrições médicas, dentre outras, e das evoluções descrevendo o quadro clínico diário da paciente. Buscou-se maior familiaridade com o problema através de levantamento bibliográfico, os quais por meio de fatos que foram observados, analisados e interpretados a respeito da doença, objetivando traçar um plano de cuidado utilizando a Sistematização da Assistência de Enfermagem centralizando no diagnóstico, resultados esperados e intervenções de enfermagem. Foi orientado quanto à importância do estudo, realização e confidencialidade das informações, conforme o preconizado pela Resolução No. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que se refere aos aspectos éticos para pesquisas que envolvem seres humanos. Identificaram-se os seguintes problemas: dor à noite dificultando o sono, dor intensa, náuseas após o uso de medicação e lesões. Para os problemas encontramos os seguintes diagnósticos de enfermagem: Padrão de sono prejudicado, dor aguda, náusea e integridade.  Após, baseado nos diagnósticos identificados, traçamos o seguinte plano de cuidados ao paciente visando atingir os respectivos resultados: Avaliar os fatores contribuintes, avaliar o sono e o grau de disfunção, ajudar o paciente a estabelecer melhor padrão de sono avaliar a dor, a resposta do paciente em relação à dor e utilizar métodos que aliviam a dor. Investigar, diminuir causas e usar métodos que aliviem as náuseas. Avaliar a extensão da lesão, determinar o impacto da condição e ajudar a corrigir o dano. Verificar os sinais vitais, limpeza da lesão e orientação quanto a sua higiene. Resultados e/ou impactos: Os resultados das intervenções esperados do indivíduo acometido pela Erisipela foram: Aumento do sono e conforto, padrão de sono melhorado, promoção do bem-estar, aumento da ingesta de alimentos e aumento da autoestima. Com a implementação das intervenções realizadas, notou-se uma melhora no quadro geral do paciente, que mostrou receptivo aos cuidados da equipe e acreditando no tratamento, não somente ele com também a família. O sono e repouso toda noite são afetados devido à dor que sente no local da lesão, porém o paciente recebeu as medicações, aliviando a dor e o deixando dormir. Caso o paciente sentisse náusea era administrado um antiemético para a diminuição do sintoma. A lesão após os cuidados de enfermagem apresentou-se cicatrizante, com o aparecimento de novo tecido ao redor da mesma. Considerações Finais: A erisipela é uma infecção grave que requer cuidados essenciais da enfermagem, tornando assim, fundamental o papel do enfermeiro em seu tratamento e evolução desde o cuidado hospitalar até a educação em saúde para que o autocuidado do paciente também some com a intervenção do profissional para que haja uma melhora o mais rápido possível. Na assistência ao portador de feridas, o cuidado de enfermagem deve ser prestado de forma integral, visando às suas necessidades, oferecendo junto ao cliente meios para proporcionar melhor qualidade de vida, aprimorando a assistência a partir da educação continuada do paciente, família e cuidadores. A visão do enfermeiro deve ir além da lesão, devendo avaliar o paciente como um todo, de forma individualizada, lembrando que este não é apenas um portador de alguma enfermidade, mas como um indivíduo com sentimentos e que deve participar de sua assistência. A enfermagem deve exercitar a relação interpessoal, a relação do agir voltado para o outro, e o enfermeiro é o sujeito desta ação para o outro, ele planeja e realiza a assistência – o cuidar. Tanto a vivência junto ao paciente em questão quanto literaturas pesquisadas, demonstraram a importância da comunicação e do estabelecimento do relacionamento interpessoal enfermeiro – paciente para a recuperação dos portadores de lesão na pele. Além disso, durante este relacionamento junto ao cliente e familiares deve-se ter como objetivo central o cuidado, respeito, compreensão e aumento da autoconfiança e autoconhecimento.  A avaliação minuciosa, os diagnósticos médicos e de enfermagem preciso, somados à conduta adequada e a relação de confiança colaboram com a recuperação do paciente.

Palavras-chave


erisipela; assistência de enfermagem; cuidados

Referências


BERNARDES CHA; AUGUSTO JCA; LOPES LTC; CARDOSO KT; SANTOS JR; SANTOS LM. Experiência clínica na avaliação de 284 casos de erisipela. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abd/v77n5/v77n5a11.pdf

 

DOMPMARTIN, A. et al. Sweet syndrome associated with acute wyelogenus leukemia. Atypical from simulating facial erysipelas. Int. J. Dermatol., 1991; 30(9): 644-7

 

NANDA. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação (2007-2008). Porto Alegre: Artmed 2007.

 

RONNEN M, SUSTER S, SCHEWACH-MILLET M., et al. Erysipelas: Changing faces Int J. Dermatol, 1985; 24: 169-72