Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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GRUPO DE MÃES DE BEBÊS HOSPITALIZADOS: DIFICULDADES, SUGESTÕES E SOLUÇÕES DE ENFRENTAMENTO NA PERSPECTIVA MATERNA
LEIDIMARA CRISTINA ZANFOLIM, Ednéia Albino Nunes Cerchiari, Fabiane Melo Heinen Ganassin

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Apresentação: O nascimento de um bebê inaugura uma série de transformações na vida familiar e é acompanhado de uma gama de emoções, principalmente por parte dos pais, imprimindo mudanças na personalidade dos mesmos. Quando ocorre do recém-nascido necessitar ser hospitalizado em Unidades Neonatais hospitalares, devido a alguma alteração em seu estado de saúde, exige-se dos pais um reposicionamento subjetivo para vivenciar esse momento, devido ao sentimento de perda do bebê saudável, idealizado e imaginado e a necessidade de estabelecer uma ligação afetiva com o bebê real, muitas vezes pequeno, inchado, doente. Nesse momento, os pais necessitam da ajuda da equipe, para compreender esse período e estabelecer uma ligação afetiva com o seu bebê. (DONELLI, 2011; DUART et al., 2013; LOPES et al., 2010). Juntamente com os bebês, há a permanência das mães, que vivenciam o ambiente hospitalar e os sentimentos ligados à internação de um filho em Unidades Intensivas. Essas mães permanecem alojadas no próprio hospital, estando distantes de casa, dos outros filhos, do marido e de sua rotina. Deste modo, partindo da atenção integral ao bebê, faz-se de suma importância acolher essas mães com ações de cuidado, tornando-as participativas no processo de hospitalização. Corroborando com esta ideia são desenvolvidos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) Neonatais do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU/UFGD), Dourados, Mato Grosso do Sul (MS), desde o ano de 2012, grupos de mães dos bebês internados nessas Unidades. Sabe-se, de acordo com levantamento de dados em prontuários a respeito da população do estudo, que de janeiro de 2013 a março de 2015 foram internados na UTI Neonatal do HU/UFGD um total de 883 bebês e na UCI neonatal 1448 bebês. Assim, pensando na qualidade e fortalecimento desse espaço grupal, propôs-se a execução do projeto de pesquisa-ação intitulado “Dificuldades vivenciadas pelas Mães na Hospitalização dos seus bebês: Sugestões e soluções de enfrentamento na perspectiva materna” tendo como suporte teórico os estudos de Paulo Freire sobre Educação Popular e de Pichon-Riviére sobre Grupo Operativo, o qual foi apresentado no Mestrado Profissional de Ensino em Saúde da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), objeto do presente estudo. Partindo desse pressuposto é fundamental a humanização desse espaço, portanto, esta proposta tem como objetivo descrever as dificuldades que as mães vivenciam durante a hospitalização do seu filho no Setor de Neonatologia do HU/UFGD, assim como levantar as possíveis sugestões e soluções das mesmas no enfrentamento dessas dificuldades. Esses dados subsidiarão a construção de um Guia de Acolhimento, destinado aos profissionais de saúde, o qual tem como intuito nortear o trabalho das equipes, visando à qualidade do atendimento integral aos recém-nascidos hospitalizados, prevenindo agravos à saúde de todos os envolvidos no processo, assim como o protagonismo dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com uma proposta de pesquisa-ação e será desenvolvida na UTI e UCI Neonatais do HU/UFGD. Os sujeitos consistem nas mães de recém-nascidos que estiverem com seus bebês internados nesses setores no período da coleta de dados e que atenderem ao critério de inclusão da amostra, que são: (a) ser mãe ou responsável legal pelo bebê que estiver internado na UTI ou UCI Neonatais no período da coleta de dados, (b) tenha compreensão e saiba falar a língua Portuguesa, (c) não ser indígena, (d) mediante convite, aceitarem participar do estudo. Será realizado por meio de grupo de mães, o qual se propõe a oportunizar um espaço de acolhimento e diálogo, tendo como suporte teórico os estudos de Paulo Freire sobre Educação Popular e de Pichón Riviére sobre Grupo Operativo. Os encontros ocorrerão no hospital, com frequência semanal e duração de uma hora e trinta minutos. A participação das mães se dará mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no caso de menores de 18 anos, o termo deverá ser assinado também por seu responsável legal. O convite será feito semanalmente, no dia anterior a realização da atividade do grupo, no período da coleta de dados. Portanto, o grupo terá modalidade Operativa, tendo como tarefa explicita a busca de soluções saudáveis que auxiliem essas mães a vivenciarem a hospitalização do seu filho. Após coleta e análise dos dados, será construído um Guia de Acolhimento, destinado aos profissionais de saúde, contendo os sentimentos, dificuldades, soluções e sugestões dos sujeitos na vivencia desse processo.  A coleta dos dados se dará por meio de observações e registros em diário de campo da primeira autora, assim como transcrições das gravações de voz das atividades realizadas nos grupos de mães. O período da coleta terá início no mês de Janeiro de 2016, seu término será por saturação dos dados coletados. Para análise dos dados será utilizada a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (2011). O projeto foi encaminhado à Comissão de Ética em Pesquisa, Ensino e Extensão do HU/UFGD e após aprovação será submetido ao Comitê de Ética com Seres Humanos, via Plataforma Brasil, e somente será iniciado após emissão do Parecer Consubstanciado. Impactos: Pretende-se com esse estudo qualificar o trabalho em grupo, promover espaço de diálogo, de empoderamento, de ressignificação de sentimentos, favorecendo o vínculo entre mãe e bebê, atuando em prol da saúde mental de ambos. Com o Guia de Acolhimento, construído por meio das falas das mães, espera-se nortear o trabalho das equipes na construção de ações de melhorias e qualidade no atendimento integral aos bebês hospitalizados, adequando-as as necessidades e benefícios dos usuários, favorecendo o avanço dos serviços de Saúde do SUS. Considerações finais: O projeto de pesquisa proposto partiu da inquietude da primeira autora, na constatação em sua prática profissional, do sofrimento e dificuldades das mães dos bebês hospitalizados durante a vivência desse processo, a qual acredita que a autonomia e participação das mesmas são de fundamental importância na reflexão a respeito de ações de humanização que possam promover a diminuição desses sofrimentos e dificuldades e prevenir agravos. A construção do Guia de Acolhimento pretende também, aproximar equipe e mães, por meio da subjetividade das últimas, sensibilizando a equipe de saúde para uma maior disposição na vivência da humanização. Espera-se, deste modo, qualificar os cuidados com o bebê e sua família, dando visibilidade a esta população que vivencia tanto sofrimento, investindo no trabalho de grupo, construindo ações de melhorias da qualidade do trabalho, adequando-as as necessidades e benefícios dos usuários. Portanto, pretende-se o status de um projeto institucional, atraindo mais parcerias, mais apoio, incrementando investimento na atenção integral materno e infantil. Assim como, promover a instituição hospitalar e Unidades de Neonatologia.    

Palavras-chave


Humanização da Assistência; Cuidados; Neonatologia; Acolhimento

Referências


BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

DONELLI, T. M. S. Considerações sobre a clínica psicológica com bebês que experimentaram internação neonatal. Gerais: revista interinstitucional de psicologia, São Leopoldo, v.2, n.4, p. 228-241, jul./dez. 2011.

DUART, E. D. et al. Grupos de apoio ás mães de recém-nascidos internados em unidade neonatal. RevRene, v.14, n. 3, 2013. Disponível em: <http://www.revistarene.ufc.br/revista/index.php/revista/article/view/1397>.  Acesso em: set. 2014.

LOPES, A. F. et al. Humanization of childbirth care: the history of Hospital Sofia Feldmanl. Revista Tempus Actas de Saúde Coletiva, v. 4, n. 4, p 201 – 208, 2010. Disponível em: <http://www.tempus.unb.br/index.php/tempus/article/view/847>. Acesso em: maio 2015.